sábado, 23 de julho de 2011

"¡ He vuelto!" - A volta do futebol peruano

Guerrero liderou a seleção peruana na campanha do terceiro lugar (Foto: EFE)
A Copa América de 2011, apesar de seus jogos em sua maioria “feios” e com poucos gols, serviu para apresentar o que deve ser um panorama do futebol sul americano nos próximos anos.

As seleções brasileira e argentina, sofrendo processo de renovação, ainda lutam para fazer jus às tão tradicionais camisas. O Uruguai, por sua vez, tem a oportunidade de, neste domingo, consolidar o renascimento do futebol no país. O Paraguai, o outro finalista, apresenta a força tática defensiva de sua equipe, confirma a boa participação na Copa de 2010 e surge como um adversário duro de ser batido. Já o Chile apresenta um futebol de toques rápidos e envolventes, mas que tem falhado em momentos decisivos.

Contudo, fora dos holofotes, despontaram duas seleções que, até então, desenvolviam papel de meros figurantes no continente. Enquanto Paraguai e Uruguai farão a decisão do torneio amanhã, duas seleções desbancaram os concorrentes mais tradicionais e decidiram o terceiro lugar desta Copa América: Peru e Venezuela.

Teófilo Cubillas está na lista
dos melhores jogadores do
século XX publicada pela
FIFA, em 2004
Fala-se muito da recuperação do futebol uruguaio, mas o Peru voltou a fazer uma boa campanha, relembrando os melhores times que já vestiram a camisa 'blanquirroja'.

O Peru parece ter encontrado na atual a melhor geração desde o time da década de 1970, que além do craque Cubilla, tinha em sua equipe Oblitas, Rojas e Sotil, entre outros bons jogadores, e que alcançou grandes resultados: 7º e 8º lugar nas Copas do Mundo de 1970 e 1978, respectivamente; e o título da Copa América de 1975.

O time chegou às semifinais após enfrentar um grupo difícil, que tinha também México, Uruguai e Chile. Jogando em um esquema muito bem montado pelo experiente treinador uruguaio Sergio Markarián, a seleção peruana não parecia, a princípio, ter vida longa na competição.

Além de cair em um grupo com equipes fortes, o Peru teve os desfalques de dois dos seus principais jogadores: os atacantes Pizarro e Farfán. Além desses, Zambrano e Ramírez também não puderam disputar a Copa América.

Contrariando as expectativas, o Peru arrancou um empate contra o Uruguai na estréia, e foi derrotado pelo Chile apenas nos minutos finais de sua segunda partida. Contra o México, vitória por 1 a 0, e classificação para as quartas-de-final. Contra a Colômbia, vitória por 2 a 0 na prorrogação e, nas semifinais, a desclassificação ante ao Uruguai, em um jogo parelho e bem jogado pelas duas equipes. Zebra? Talvez não.

O Peru mostrou um futebol de qualidade e, principalmente, de eficiência. Liderados pelo atacante Paolo Guerrero, do Hamburgo, e pelo experiente Vargas, da Fiorentina.

Guerrero, artilheiro da competição até aqui, chamou para si a responsabilidade ante as sentidas ausências da seleção peruana. Com cinco gols marcados, o camisa 9 peruano foi decisivo nas partidas disputadas pela equipe.

Markarián: mais um bom trabalho,
à frente da Seleção Peruana.
(Foto: EFE)
Méritos também para mais um bom trabalho do treinador uruguaio Sergio Markarián. O técnico, que já dirigiu a Seleção Paraguaia, tinha no seu histórico recente boas participações na Copa Libertadores, com o Libertad, em 2006, e com o Universidad de Chile, em 2009. Armou um time forte taticamente, com contra-ataques rápidos e, muitas vezes, certeiros.

Markarían corrigiu o problema crônico peruano: a defesa. Tradicionalmente ofensivo, o Peru aprendeu a se defender e a contra-atacar.  A disposição tática instituída pelo treinador privilegia os toques de bola no ataque e, ao mesmo tempo, atribui uma virtude defensiva à equipe peruana.

A goleada por 4 a 1 sobre a Venezuela, na decisão do terceiro lugar, coroa a bela campanha peruana, e lhe dá credencial para as Eliminatórias.

Destaque também para a Venezuela

Lateral-esquerdo, Gabriel Cichero é
uma das boas revelações venezuelanas.
(Foto: AFP)
Se o Peru parece ter encontrado uma nova boa geração, a Venezuela passa a figurar pela primeira vez como uma boa equipe do futebol sul americano. Única do continente a nunca disputar uma Copa do Mundo, a seleção venezuelana vem em uma indiscutível ascensão, desde as últimas Eliminatórias.

O crescimento do futebol venezuelano teve também boa base estrutural, mantida após a Copa América de 2007, sediada no país. Com base no toque de bola, a seleção ‘Vinho Tinto’, como é apelidada, segurou um empate contra Brasil e Paraguai, na primeira fase, além de bater o Equador. Na fase decisiva, desbancou o Chile e foi eliminada, nos pênaltis, pelo Paraguai, sofrendo sua primeira derrota na decisão do terceiro lugar contra o Peru.

Com boas revelações como Rondón e Cichero, e liderada pelo veterano Arango, a Venezuela aposta suas fichas nas Eliminatórias. Sem a presença do Brasil, país sede da Copa de 2014, uma vaga se abre ao continente, considerando que a Seleção Brasileira fatalmente abraçaria uma das vagas.

Se Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai parecem ter participação certa no Mundial de 2014, Peru e Venezuela aparecem pela primeira vez como candidatos fortes a uma das vagas. E podem desbancar, no mínimo, Colômbia e Equador na disputa pela quinta vaga do continente.
                                                                                   

Um comentário:

  1. fataço!
    o peru esta renascendo e a venezuela começando a aparecer...
    quem fica bem pra tras é a bolívia e o equador, que nao conseguiu manter a boa base que tinha nos ultimos anos!

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