Uma premissa tão factual quanto àquela de o futebol ser uma caixinha de surpresa é a que diz ser o futebol constituído de fases. Não são estas etapas básicas e práticas do jogo, mas sim variações de desempenho que são inerentes ao jogador de futebol, como em qualquer outra profissão. De temporada para temporada, campeonato para campeonato ou de um jogo para o outro: pode ser - e acredito que seja - clichê, mas é também uma verdade.
Deve ser por isso que nos permitimos aguardar aquela vingança depois de uma goleada massacrante. Aguardamos uma temporada inteira se for preciso, mas o dia da revanche sempre vem.
É, a boa e a má fase não duram para sempre. Nem para jogador, nem para o time. Seja por fatores específicos ou gerais, é normal - e até bom - que isso aconteça. Veja os paulistas no Brasileiro: juntos, fazem sua pior média na história no formato de pontos corridos. Enquanto os 'mineiros atleticanos' têm sua maior campanha da história dos pontos corridos.
Entre exemplos recentes e um tanto aleatórios estão a crise do Corinthians de 2007 - depois da saída da MSI - que acabou no rebaixamento do time para a Série B, inesquecível não só para os que têm o escudo corintiano no peito. E o atual Santos, que ocupa a décima quarta colocação com 17 pontos não vê sombra do idolatrado Santos de 2010/11 que ressurgiu com o bom e velho 'jeito brasileiro de jogar' atuado pelos Meninos da Vila.
Três dos grandes paulistas - Corinthians, Palmeiras e Santos - iniciaram o ano bem e terminaram o primeiro semestre com títulos, o que pode justificar a dificuldade de deslanchar na competição. Outros agradecem: afinal, é de períodos infelizes e turbulentos alheios que se vangloriam e assim aproveitam os rivais. Ficha eternamente repetida no futebol. Assim como a inconstância de uns e a estabilidade de outros. E vice-versa. É tudo questão de fase.
Existe no mundo um país onde os touros reinam e os homens governam. Este país fica no continente europeu, entre Portugal e França. Este país é a Espanha, que e é banhada pelo Oceano Atlântico e pelo Mar Mediterrâneo. E, nessas águas, nadam os patos mais elegantes de todo o planeta.
Estas aves aquáticas vivem em grupos, e, às vezes, se misturam, se selecionam. Quando isso acontece, patos de todo o mundo se encontram na Espanha: o pato argentino de nariz grande e pernas curtas, o mais elegante do mundo, se junta aos patos autóctones mais qualificados. O pato português de penas cheias de gel encontra o pato brasileiro que tem penas black-power e chuta com a pata esquerda (pata, neste caso, não é a fêmea do pato. É a pata que a gente não tem porque tem pé).
Os dois melhores patos do mundo
(Foto: Divulgação)
Quando patos de várias partes do planeta se juntam, eles formam times. O pato Messi e os patos espanhóis Fàbregas, Xavi e Iniesta foram o time Barcelona, enquanto o pato Cristiano Ronaldo e o pato Marcelo são do time Real Madrid (curiosamente - e infelizmente -, não poderei incluir o Alexandre Pato na minha história, porque ele joga na Itália e isso estragaria todo o post). Porém, quando os patos da mesma família se juntam para defender seu país de origem, eles formam seleções. E a seleção dos patos espanhóis é a melhor do mundo.
Em 2008, os melhores patos da Espanha foram nadar em águas austríacas e suíças. Foi nestes países, aliás, que começou a surgir o consenso de que eles eram também o melhor esquadrão de patos do mundo. Lá, foram campeões do Torneio Europeu de Patos, ou simplesmente Euro.
Dois anos depois, a seleção dos patos espanhóis alçou um voo ainda mais alto: conquistou a taça da Copa do Mundo de Patos, conseguindo, assim, se tornar a melhor equipe nacional de patos de todo o planeta.
Os patos principais da Espanha fizeram bonito em 2010
(Foto: Divulgação)
Neste ano, os patos espanhóis voltaram a conquistar a Euro. Mas 2012 guardou uma surpresa nada agradável para os patos rojos.
Existem patos de todos os tamanhos, de todas as idades. Assim, existem várias seleções formadas por patletas que têm até x anos, sendo x o número natural que aparece depois da palavra 'sub' na descrição do torneio. Por exemplo: na Euro sub-21, só podem atuar patletas com 21 anos ou menos. E eu não dei este exemplo à toa. Os patos sub-21 da Espanha também foram campeões da Euro. A conquista foi ano passado, nas geladas águas dinamarquesas. E foram justamente os campeões de 2011 que se surpreenderam na tarde de hoje.
Não se iluda. Eles têm braços, mas são patos
(Foto: Divulgação)
Os "patitos" espanhóis, hoje mais velhos, entraram na água precisando vencer os também "patitos" hondurenhos para não serem eliminados dos jogos patolímpicos, maior festa do esporte mundial. A vitória era necessária porque a seleção espanhola já havia sido feita de pato pelos "アヒルの子" japoneses (é assim mesmo que escreve. Pode jogar no Google Tradutor. Eu já fiz isso), quando foi derrotada por 1x0. Já a seleção de Honduras foi pra água mais tranquila por causa do empate conquistado contra os "فراخ البط" marroquinos. E a tranquilidade fez os "patitos" de patos mais uma vez.
O resultado foi o mesmo da partida contra os "アヒルの子". Derrota por 1x0, e a água bateu na bunda dos patos espanhóis. Literalmente. Bunda na água; é hora de voltar pra casa. Hora de enfrentar uma multidão de patos acostumados a vencer. Hora de enfrentar o rótulo de "pato", de "marreco".
Essa história não tem um final feliz. Quer conto de fadas? Clique aqui. Os patinhos feios da Espanha não são cisnes, e nem têm outro lugar pra ficar. No momento, serão julgados, criticados e humilhados. O que lhes resta, agora, é tentar recuperar o moral que tinham antes de subir no salto da Cinderela e cair um tombo enorme como o de Golias.
Ouve-se ecoando nos corações
alheios a voz solidária, de consistência terna, da comemoração dos jogos
olímpicos. Sinto o festejo alegre daqueles que acompanham, sem regras, etiqueta
ou decoro esportes desconhecidos, apenas para torcer pela imponência de seu
país. Queremos ouvir o nosso hino, a cada conquista, desejamos que nossos
atletas chorem, enrolados à bandeira do país, misturando orgulho da vitória com
um patriotismo desmedido. Enquanto isso,
no Olimpo, pode-se ouvir risadas sarcásticas, divertidas, de quem, bebendo um
vinho, ou brincando de xadrez humano, comemora a ópio sazonal coletivo.
Com as pompas e circunstâncias habituais
somos recebidos pela nação inglesa e suas filiais imediações,
componentes do Reino Unido, para o maior espetáculo esportivo. As mais de 200 nações participantes desfilaram
alegres, pelo Estádio Olímpico de Londres, sob o olhar de bilhões de pessoas. Pedi
permissão aos “chegados” da Rainha para tecer breves considerações sobre o carnaval evento olímpico. Mas antes, por protocolo, devemos cantar God save the Queen
Após saldar a nobre rainha (reverências),
compartilho com vocês o fato que constatei: a Olimpíada é Pop! Está aí para
demonstrar que faz parte da cultura popular ao tornar conhecido e parte integrante
dessa cultura Reis, Príncipes, Plebeus.
Quem não acompanhou o soberbo
Carlos (Nuzman) I e suas inve$tida$ sempre visando ao melhor do seu
reino, não é mesmo? Agora, tem dado as caras na grande mídia “caminhando e
cantando e seguindo a canção” com os brasileiros que, com suor, talvez, garantem-no
mais uns anos no poder, até finalmente ser considerado rei posto rei morto.
Mas também não podemos esquecer-nos
de nossos principezinhos supremos no futebol. Neymar, “o quase-Messi" , Oscar, “o
quase prêmio”, Hulk, “o quase verde” e Cia têm que continuar a longa
Cruzada, em nome de sua nação e da fé, com um plebeu, fétido na liderança:
Mano, um quase irmão. Agora, basta uma vitória olímpica para que os
principezinhos tornem-se reis e o plebeu transforme-se em fidalgo.
A Olimpíada é Pop! Chegou para
popularizar reis e príncipes. God save me!
Enquanto isso, na esfera
feminina, Rainhas dividem-se para manter a coroa, sóbrias, passando despercebidas.
Não se $ustentam com tanto reconhecimento. Apenas com os estímulos de governar
porque realmente gostam. Podem não fazer grandes espetáculos, mas sustentam o
trono. Isso basta!
Rainha, poderia eu, com sua
permissão, continuar com o meu relato?
Foto: Captura da transmissão da BBC
Sabendo que “Beth” The
Queen não está lá muito atenta, devo ser oportunista. Enquanto todos voltam
suas atenções a Rainhas, Duques, Condes e príncipes adepto de adultério, de
casamento milionário e/ou de peso nulo, poucos consideram a real beleza do
popular: “O Pop não poupa ninguém”.
Beckham esperava ser convocado e
acabou se tornando mestre de cerimônia ou, quem sabe, um agregador de valore$
do evento. Messi sequer pode pôr os pés na Inglaterra com camisa argentina,
afinal a atual campeã não se qualificou para os jogos olímpicos. A seleção de
futebol da Coreia do Norte foi, bisonhamente, apresentada como Coreia do Sul e,
por isso, recusou-se a pelejar (Imagine, leitor, se o Brasil entrasse em campo,
para bilhões de pessoas, levando a
bandeira da Argentina!). A seleção de futebol feminino brasileira é melhor
do que a masculina (pode até ser que a história nessas olimpíadas seja outra.
Mas por enquanto, é inegável). Não ache que a Olimpíada é Pan-Americano: O
Brasil não é potência. Disputamos com China, EUA (com força total) e Alemanha,
e não com Guatemana, Venezuela e Bolívia, apenas.
Poderia ficar mais alguns
parágrafos aqui. Mas esse texto está deveras entediante
Foto: Desconhecido/ Fonte: Redes sociais
É... “O Pop não poupa ninguém”. Nem
mesmo a rainha. Que dirá esse pseudo-escritor. God save us!
Não, não é o São Paulo, que, nesse momento, vai tomando um
chocolate do Atlético Goianiense. O pior time do mundo a que se refere o título
é o folclórico Íbis Sport Club, da cidade de Paulista, no Pernambuco.
O time, conhecido como Pássaro Negro, foi fundado em 1938,
mas só ganhou fama na década de 1980, quando ficou inacreditáveis três anos e
onze meses (1980 a 1984) sem vencer, entrando para o Guinness, o livro dos
recordes mundiais. No período, chegou a sofrer uma goleada de 13 a 0 para o
Santa Cruz. Até hoje, o uniforme rubro-negro traz os dizeres “Pior time do
Mundo” sob o escudo da equipe.
Mas uma das histórias mais curiosas a respeito do Íbis é a
do maior ídolo da história do clube -e ele desbancou até jogadores de seleção
brasileira, como Bodinho, Rildo e Vavá. O nome da fera é Mauro Shampoo, o
artilheiro com um gol marcado na carreira.
Shampoo vestiu a camisa 10 do Íbis durante dez anos, entre as
décadas de 80 e 90. Nesse período, marcou apenas um gol, o gol de honra do
Pássaro Negro na goleada sofrida contra o Ferroviário, do Ceará, pelo placar de
8 a 1.
Figuraça, Mauro Shampoo tem origem humilde: trabalhou como
engraxate antes de vestir a camisa rubro-negra. Quando se aposentou, abriu um
salão de cabeleireiro, seu ganha-pão até os dias de hoje. Temático, o
estabelecimento de Mauro Shampoo é tomado por recortes de jornais, camisas,
bandeiras e adereços que fazem menção ao Íbis - e é famoso na capital
pernambucana.
O atacante foi, ainda, tema de um curta-metragem de Paulo
Henrique Fontenelle e Leonardo Lima Cunha. O título do documentário, “Mauro
Shampoo, jogador, cabeleireiro e homem”, é, aliás, a maneira com que o ex-“craque”
atende ao telefone em seu salão. Abaixo, é possível assistir ao impagável
trailer:
Shampoo ainda virou música de Osvaldo Montenegro. A letra
faz alusão ao artilheiro que faz “cabelo e bigode”.
Atualmente, o Íbis ocupa a lanterna da segunda divisão do
Campeonato Pernambucano, com apenas três pontos ganhos. O último jogo da equipe
foi a derrota por 3 a 0 diante do Centro Limoeirense.
A fome pela degola prevaleceu sobre a tolerância brasileira: é uma
constante do futebol nacional que a cada ano vem mais sólida e arraigada em nossos
hábitos futebolísticos. Bem como o senhor deve saber, já foram sete treinadores
só neste Brasileiro de meio de ano. Acredito que ontem o dia foi bem animado,
mesmo. Você demitido, sendo substituído por Dorival, que acabou de deixar o
Internacional, que nesta quarta viaja para Santa Catarina para enfrentar o
Figueira, time desde ontem com um novo treinador, Hélio do Anjos, ex do
Atlético-GO. O Figueirense deu adeus a Argel, assim como o São Paulo dispôs a
Leão, e o Bahia a Falcão suas devidas despedidas.
É, o senhor já estava queimado mesmo. Há muitos que não o levam a
sério, até quando suas entrevistas não estão em língua estrangeira. Sei que
considerou parar de vez. Nestas horas em que tudo está 'assando', coisas do
tipo começam facilmente a passar pela cabeça. Mas tenho certa convicção que
deixar o seu clube por espontânea vontade não era uma opção sua. Para remontar
e por ordem em uma equipe é preciso tempo, concordo. Parece porém que o peso da
camisa e da pressão dos torcedores mais diretoria não estavam dispostos a
esperá-lo.
Os estrangeiros podem até ter motivos para não considerar
plenamente seu trabalho. Pode até ser pelo sotaque ou piadas a respeito de seu
inglês, mas o fato é que sua breve saída do futebol nacional para assumir a
Seleção da África do Sul não foi lá memorável. Levar a seleção às semifinais da
Copa das Confederações foi sim um feito e tanto. Mas o fim da viagem overseas
- pronúncia livre - já se mostrava próximo após o decorrer da pré-competição,
quando sofreu uma série de derrotas. A volta para o Brasil a menos de um
ano da Copa do Mundo foi, nestas condições, aceitável.
Entendo que sua prévia experiência tenha deixado marcas. Depois da
conquista do carioca pelo Flamengo, perder para o América do México nas oitavas
e ser eliminado da Libertadores não foi coisa fácil. Nunca é. E antes então,
sua curta passagem de dois meses no Fluminense em 2007, Brasiliense em 2005,
Guarani e Inter no ano anterior, 2001 com Coritiba, e Corinthians em 97. Pois
é, assim como em qualquer carreira de treinador, há passagens breves, apagadas
ou infelizes.
Mas nem tudo é trivial ou motivo de chacota em sua carreira.
Subestimar com fervor seu método e sua personalidade é quase como acreditar em
Papai Noel. É como acreditar que o senhor, por pura sorte, passou invicto pelos
nove jogos necessários para a permanência do Flamengo na primeira divisão do
Brasileiro. Ou pensar que foi Noel quem tirou o mesmo time carioca da degola e
o mandou para a Libertadores. Mesmo com outros fatores na conta, sua parcela
deve ser - por que não? - guardada embaixo da árvore. Assim como seu trabalho
de recuperação e conciliação, que já é, talvez, uma de suas 'marcas
registradas'.
Acontece que sendo ruim ou bom treinador, adorado, odiado ou
irrelevante, sua vez sempre e a qualquer momento pode 'rodar'. O baile dos
técnicos não ésópara os times vips em má situação no
campeonato, como no Inter de Dorival, que caiu em sua segunda derrota e sobre o
líder, ou o Atlético-GO de Adílson, que estava invicto até então. Mas, aceite,
o Flamengo já não vinha bem na temporada - não passou na fase de grupos da
Libertadores e não conseguiu uma final de turno no Carioca. E só um verdadeiro
Noel para dizer se é realmente tempo que o Flamengo precisa. Uma possível
verdade, chego quase à conclusão, é que a diretoria rubro-negra cansou de
segurá-lo, e era previsível que quisessem o quanto antes trocar - sem
mal-entendidos - sua 'braçadeira' de treinador.
Tudo bem que a cadeira lá na Gávea não para 'quieta', com todo
respeito à expressão. Ouvi uma vez alguém dizendo: desde 2003, 22
treinadores já passaram pelo clube. Informação esta digna de prancheta. Só o
senhor, soma cinco vezes: vai ser mesmo difícil eles esquecerem seu nome.
Já no encerramento de meu - um tanto cansativo - discurso, faço
uma consideração. Foi uma pena Riquelme não aceitar ser o seu mais 'novo' 'filho
adotivo', após ver a derrota para o Corinthians por 3 a 0. Se
tivesse fechado o negócio, talvez o senhor poderia permanecer no cargo - se é
que a essa altura isso adiantaria alguma coisa.
Dono de um bom astral e fornecedor de muitas risadas, sei que o
senhor procura sempre transparência em tudo que faz e recebe. Portanto, estou,
desde o princípio, sendo sincero. Ressalto que está certo quando diz que é mais
fácil procurar os culpados quando a situação foge do controle. Hoje, não sei
quem é mais culpado e do que o é. Como tentei me colocar acima, talvez o
Flamengo estava disposto a pagar para dançar no baile mais uma vez. Ou talvez,
o senhor não alcançou a credibilidade e confiança que gostaria, com os
torcedores ou/e diretoria.
E agora, um futuro incerto para mais um treinador brasileiro, um
'Papai' com a possibilidade de passar o Dia dos Pais desempregado. Se sua
inatividade não se estender até o dia de seu aniversário, será um lucro e
também um presente. O jeito, então, é esperar... Pode ser, senhor Papai
Joel?