terça-feira, 6 de setembro de 2011

Quando os ídolos se mostram humanos

Fonte: Extra/ Globo

Os deuses do futebol devem estar revoltados nos últimos tempos. Há duas semanas, os amantes do esporte, independente do clube, sentiram pesar os ares dos gramados nacionais. O motivo: dois ídolos do futebol se mostraram humanos e, tais quais simples mortais, estão internados.

Nem bem o sol nascia na segunda da semana passada e os médicos, familiares e repórteres já se mostravam atentos na pequena saleta montada no Hospital Pasteur para uma coletiva de imprensa. O assunto: a recuperação do técnico do Vasco, Ricardo Gomes.

Na véspera, em pleno dia de clássico, o treinador passara mal e tivera um acidente vascular encefálico (AVE). Nem conseguira esperar o apito final do jogo entre Flamengo e Vasco. Fora levado de ambulância.
Embora a cena de Ricardo Gomes com dificuldades de se levantar seja forte, sua recuperação parece promissora e o risco de morte já é afastado. Contudo, levanta uma dúvida: será esse o fim de uma carreira?

A esperança e vontade como torcedor leva a crer que não. Entretanto, a razão diz o contrário. Esse já é o segundo AVE de Ricardo Gomes, uma doença que costuma deixar sequelas. Mesmo que o técnico sobreviva, como esperado pelos médicos, provavelmente não volte aos campos, até para seu próprio bem. A nós, torcedores, resta confiar que a capacidade de defesa do ex-jogador possa ajudá-lo a voltar para o futebol.

E agora, doutor?

O outro ídolo, criticado e aclamado por muitos, é considerado um filósofo – da bola - e pai da democracia – corintiana. Trata-se de Sócrates, ex-meio-campista do Corinthians e da Seleção, internado novamente ontem (05) devido a uma hemorragia interna, a segunda em duas semanas.

Embora a hemorragia já esteja estancada, o estado de saúde do Doutor Sócrates é grave e a qualidade do futebol nacional corre risco de morte. O filósofo da bola é um dos principais militantes do movimento Fora Ricardo Texeira, que pede o fim de uma ditadura da CBF de mais de 20 anos. Militância que, aliás, é uma marca do ex-jogador.

Em 1983, jogando pelo Corinthians, foi responsável por uma discussão que garantiu liberdade aos jogadores em troca de bons resultados em campo, a chamada democracia Corinthiana.

A única crítica que se pode fazer a Sócrates é em relação a seu gosto pela bebida, hábito cujas consequências o levaram ao quarto de hospital em que está hoje.

Com esses dois quadros clínicos citados acima, o futebol passa por momentos difíceis. De um lado, corre o risco de perder um dos melhores técnicos brasileiros, conhecido como gentleman por sua paciência e calma em campo. Por outro, vê doente a esperança que leva os torcedores a acreditarem que a democracia pode vencer a ditadura no futebol.

Que os deuses do futebol tenham piedade de nós para que soframos apenas dentro de campo.   


PS: Os colunistas desse blog participam da corrente pela recuperação de ambos os ex-jogadores. Força Ricardo Gomes e Sócrates.

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