domingo, 18 de dezembro de 2011

Mal Amados?


(Fonte: globoesporte.globo.com)
Folhear o jornal da minha cidade é quase sempre nada empolgante. Tento fazer disso um hábito, mas o meu interesse em abri-lo diminui frequentemente, ainda mais quando dicas de beleza ou questões de comportamento ocupam a primeira página. Já nessa semana, na capa do Jornal Segunda-Feira, que vem somente às segundas-feiras, a propósito, o destaque ia para algo um tanto diferente. A decisão da Primeira Divisão do Campeonato Amador bauruense, promovido pela Liga Bauruense de Futebol Amador (LBFA). O campeão foi o Industrial Futebol Clube, de somente três anos de idade. Primeiro título da LBFA.  

Na quinta, saiu a notícia que o Ipiranga, tradicional clube de futebol amador da cidade, bicampeão da Liga em 2005 e 2006, ameaça fechar as portas. O motivo: a falta de apoio para conseguir montar um time competitivo. Segundo o presidente - que trabalha há 40 anos no Ipiranga - nem sempre a “vaquinha” é suficiente, e nem todos contribuem. “Está ficando muito caro para fazer futebol amador na cidade”.  

Essas notícias chamaram minha atenção em alguns sentidos. Nunca tinha parado para pensar, mas não é comum um jornal regional estampar na capa o campeonato amador da cidade. Além disso, a importância do dinheiro é sempre notória na escolha do que é abordado no jornal e, por isso, dá-se pouca cobertura e visibilidade ao assunto. O futebol varzeano, que, na teoria, não envolve contratos nem pagamentos de jogadores, depende do dinheiro não só para ganhar notoriedade como também para se manter. Sem patrocínio, não se tem time.   
  
Um tanto esquecido, o futebol amador como atividade esportiva tem um papel na formação e desenvolvimento social, uma vez que os jovens podem utilizá-lo como meios de ocupação e recuperação - uma saída para tirá-los das drogas, por exemplo -, além de movimentar o campo esportivo de muitas cidades do país. Imagino que o envolvimento e incentivo do governo, e uma maior abordagem sobre o assunto pelas mídias, portanto, seriam de grande ajuda para que de fato esse papel torne-se efetivo. 

Aqui no Estado de São Paulo, uma importante competição de futebol amador é a Copa Kaiser. Antes dela, desde 1995 havia a Copa das Cidades, que, com o apoio da Kaiser (em 1999, a Antártica patrocinou) e parceria da Secretaria Municipal de Esportes, reiniciou o ciclo do Campeonato Amador - ou Varzeano -  disputado sob o patrocínio da Federação Paulista de Futebol entre os anos de 1985 e 1992. 

Se formos a fundo, encontraremos muitos times e campeonatos amadores espalhados pelos cantos do Brasil. Muitos mesmo. São cerca de mil e duzentas ligas e setenta mil times. É um fenômeno em um país que ‘respira’ futebol, apegado à tradição e força de vontade. Uma atividade tão praticada e amada por quem a participa não deveria ser tão pouco conhecida. 

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