por Felipe Vaitsman
Foto: globoesporte.com |
Uma história sem bandido e sem mocinho. Dois cowboys lutando por uma donzela
indecisa. Aliás, Penny Lane já esteve nas mãos de ambos os cavalheiros, mas não
sabe ainda o que quer. Hoje, diverte-se com as juras de amor de Vasco da Gama,
mas, há pouco tempo, se engraçou com Corinthians, por quem ainda tem uma “quedinha”.
“São Januário é pequeno demais para nós dois”.
De costas um para o outro, deram três passos em sentidos contrários,
viraram e atiraram. Quatro tiros certeiros.
O xerife cruzmaltino Dedé deu o primeiro disparo. Júlio
César apenas viu a luz irradiando da pistola e, em seguida, sua nação ferida no
peito. Do alto da colina, os vascaínos comemoravam fervorosamente. Não durou
muito.
Mesmo caído no chão, o Corinthians teve destreza para acertar
o rival. Foi um movimento rápido: girou o revólver e bang! Alex, uma bala dourada que cortou o vento. Vasco estava
também ferido. O fervor da torcida transformou-se em silêncio.
Naquele momento, Penny Lane não sabia com quem ficar. Pelo
andamento do duelo, entendia-se que ainda preferia Vasco da Gama, mas não é
prudente confiar em uma donzela tão confusa. Vale lembrar que a cada ano a moça
põe-se à disposição de 20 cowboys e beija
aquele que se mostrar mais valente.
Como nos maiores clichês de filmes de faroeste, o vento
soprava uma bola de feno enquanto os duelistas se encaravam friamente. O cheiro
de pólvora e as manchas vermelhas pelo chão completavam o cenário.
Pensando nos lábios de Penny Lane, Vasco reuniu forças para
um segundo disparo. O cano da pistola ainda estava quente. Foi numa desatenção
corintiana, num piscar de olhos. O estouro provocado por Fágner veio seguido de
gritos e aplausos. É humilhante para um cowboy
perder um duelo em seu próprio vilarejo. São Januário inteiro estava ao seu
lado. E ele estava à frente do rival mais uma vez.
O roteiro estaria completo se Corinthians agonizasse e murmurasse uma frase de impacto, como últimas palavras antes da morte. Mas não se trata de
um filme. O apertar do gatilho, de forma lenta, porém perfeita, só mostrou a
habilidade do pistoleiro Danilo. Bang!
Estavam os dois em pé de igualdade.
Penny Lane interrompeu o duelo. Não havia tempo para mais
sangue. A donzela carregou o ferido Vasco para o Saloon. Sentiu pena de seu affair.
Mas enquanto puxava o “amado” para um lugar mais seguro, flertou com Corinthians.
Uma piscada, coisa singela. Apenas para manter a esperança de um cowboy tão bravo. Por enquanto, o ósculo
não tem dono. Mas ainda há tempo para conquistar a moça.
Nada disso importa. No fim das contas, vence sempre quem tem a pistola maior.
ResponderExcluirGostei muito do texto. Parabéns mlk!
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