quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Não, obrigado

Foto: tudodebomdp.com.br

Está na lei trabalhista que qualquer empregado pode ser demitido caso se recuse a executar seu serviço sem um motivo aparente (entenda por motivo aparente doença, crença religiosa, entre outros). No entanto, essa não parece a regra que rege o futebol. No último mês, tivemos demonstrações de que os jogadores se tornaram maiores que os times e se permitiram decretar folga à própria vontade. Reflexo de uma política mundial na qual jogadores são mercadorias disputadas aos berros tal qual um leilão. Esse somatório de valores eleva o preço dos jogadores de tal forma que o produto (jogador) se torna mais valioso que o comprador (clube). Só no futebol.

Ironia de Carlitos
Foto: http://3.bp.blogspot.com
Sempre trajando um paletó apertadíssimo, calças e camisas mais largas que seu corpo exige, com um educado chapéu coco, dignidade ímpar e maneiras refinadas para sua classe econômica, Carlitos de Chaplin tem muito a ver em personalidade com Carlitos Tévez. Ainda, o argentino somou outra semelhança com o vagabundo do cinema: a aversão ao trabalho.  Na última rodada da Liga dos Campeões, o Manchester City perdia para o Bayern de Munique de 2 a 0, quando o técnico do time inglês pediu que o Carlitos argentino entrasse em campo. Tal qual o Carlitos de Chaplin, cordialmente Tévez recusa o convite com um agradecimento; o sossego do banco na derrota parecia suficiente para o argentino. A comparação aqui é exagerada, claro. De vagabundo, Tévez tem pouco, ou quase nada, e já mostrou isso pelo Corinthians, pela Seleção Argentina e até pelo próprio City.  No entanto, a atitude da última quarta-feira mostra uma falta de profissionalismo enorme do jogador. Carlitos (o Tévez, dessa vez) diz ter recusado entrar por motivos pessoais. Mas que motivos são esses que surgem durante o jogo, já que, por motivos pessoais, o jogador poderia ter ficado de fora do banco? A verdade é que Tévez tem picuinhas com o técnico que lhe tiram a vontade de jogar. Maior que o respeito pela hierarquia futebolística, o orgulho argentino faz com que Tévez ache um desacato começar no banco.  Desafetos à parte, Carlitos Tévez ganha 100 mil libras (mais de 300 mil reais) por semana para se recusar a jogar, montante que Carlitos e o próprio Chaplin nunca pensaram em ganhar. Coisas do futebol.

“Esforço” de Chicão
Foto: joaocaruso.com
A versão brasileira de quem não quer trabalhar é o Chicão, do Corinthians. O jogador pediu para ficar de fora do banco do Timão contra o São Paulo, na 25ª rodada do Brasileirão. Chicão alegou que pretendia não ficar no banco para focar no jogo contra o Avaí, na outra rodada. 
Contudo, que diferença faz o jogador no banco sem fazer nada ou em casa? Chicão iria treinar durante o jogo contra o São Paulo? Fato é que Chicão ficou e ainda está de fora do banco. Se o jogador prefere ficar de fora de um clássico, que fique de fora também de outros jogos.


Que Mário?
Foto: Lancenet
Quando o técnico da Seleção, Mano Menezes, convocou o jogador Mário Fernandes, muita gente deve ter questionado: “que Mário?”. O menino é novo, tem apenas 21 anos, mas vem ganhando destaque no Brasileirão. Mesmo pela idade (olímpica), foi convocado na última segunda por Mano para a superdecisão do superclássico contra a super Argentina (perdão pela ironia). Contudo, como os outros dois últimos figurões citados acima, Mário agradeceu o convite e ficou na sua. Aqui temos duas análises, uma positiva e uma negativa. 
Pelo lado bom da força, poderia ter negado o jogo (que não valeu muita coisa) da Seleção para se concentrar nos jogos do Grêmio, time que, aliás, paga o salário do jogador. Atitude louvável e totalmente compreensível, apesar de o Grêmio não disputar o topo da tabela atualmente. 
Contudo, reza uma fonte de dentro do Grêmio que o jogador teria ido para a balada na véspera da viagem da seleção (26) para Belém e teria perdido a carona, pedido então para ser “desconvocado”. Nesse caso, seria uma infantilidade do garoto, muito diferente da qualidade do futebol de Mário. 



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