segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A fantástica fábrica de goleiros


Não sou o primeiro a usar este título, e nem serei o último. Essa história é antiga e promete durar muitos anos. Se você é palmeirense, sabe muito bem do que estou falando. Se não é, aconselho a deixar o clubismo de lado e conhecer um pouco mais essa verdadeira academia de goleiros.

Foto: Acervo Gazeta Press

A história dos guarda-redes do Palmeiras começou a ser escrita com Oberdan Cattani, nas décadas de 40 e 50. Ele disputou 351 jogos pelo time, foi campeão 19 vezes em 14 anos - incluindo a Copa Rio de 1951 - e só não disputou uma Copa do Mundo porque as edições de 1942 e 1946 foram canceladas.

Quando Oberdan deixou o clube, não demorou muito para ser substituido à altura. Valdir Joaquim de Morais na verdade nem era tão alto, mas compensava com impulsão, reflexo e um bom posicionamento. Defendeu o Palmeiras 482 vezes entre 1958 e 1968. Em 1965 o time foi convidado - pela primeira vez no futebol brasileiro - a representar a seleção, num amistoso contra o Uruguai. A partida marcava a inauguração do Mineirão e Valdir garantiu a festa: fechou o gol e selou o 3 a 0 para o Brasil. 

Logo em seguida veio Emerson Leão. Até 1978, foram 617 partidas pelo alviverde, um bi-campeonato brasileiro em 1972 e 1973 e muitas polêmicas, que inclusive tiraram-no  do clube. Pela seleção, disputou 105 partidas, duas Copas do Mundo e conquistou a marca de 457 minutos sem tomar gol.

Recorde? Pergunte a Zetti, goleiro entre 1986 e 1988. Ele chegou a ficar 1.238 minutos sem ser vazado, permanecendo invicto por 13 jogos. Quebrou a perna numa disputa de bola com Bebeto e foi obrigado a parar por oito meses. Quando retornou, o titular já era outro.

Não era um outro qualquer. Era mais um grande nome no gol: Velloso. Disputou 355 jogos pelo Palmeiras, foi titular entre 1994 e 1998 e campeão sete vezes, incluindo a Libertadores de 1999, quando só foi para o banco para dar lugar a Ele: um camisa 12 chamado Marcos.

Foto: Almeida Rocha / Folha Press

Nenhum outro goleiro se identificou com o clube como São Marcos. Dentro do campo, defesas geniais e um enorme espírito de equipe. Fora dele, muita humildade e carisma. Tudo isso somado à conquista do penta em 2002 fizeram do santo um ídolo de todas as torcidas.

Até agora são 532 jogos com a mesma camisa. Vitórias em que ele comemorou com a torcida, derrotas em que assumiu a culpa, grandes defesas e também alguns frangos. Muitas lesões, é verdade, mas que deram chance a novos nomes como Diego Cavalieri, Bruno e Deola.

Depois deles ainda temos Raphael Alemão e Fábio, que prometem garantir a tradição por muitos anos. Por melhores que sejam, porém, devem ficar longe da camisa de número 12. Esta deve ser devidamente aposentada e eternizada, para que daqui a décadas eu possa responder, com um sorriso no rosto, à seguinte pergunta: "Vô, por que ninguém usa o número 12?".

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