terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Desejos de Natal


Fonte: http://1.bp.blogspot.com
Era pouco menos de meia-noite. A família, já reunida para o Natal, esperava a virada do dia para começar as comemorações. Um rapaz, no auge de seus 18 anos, sentava próximo a uma janela e, com um olhar preocupado, assistia ao movimento da cidade que se estendia abaixo.

A apreensão não era para menos. Pela tradição da família, esse jovem, como um ritual de passagem para a fase adulta, seria responsável por guiar toda a cerimônia religiosa pré-banquete e apresentar seus desejos para o próximo ano. Contudo, não sabia o que desejar. Afinal, era apaixonado por futebol e não sabia falar de outra coisa. “Siga seu coração, meu filho”, orientou o pai. 

O sino no final do corredor bateu doze horas, indicando o início da cerimônia. Todos tomaram seus lugares em redor da grande mesa, ornamentada com um belo banquete. O rapaz, em pé na ponta, puxou duas pequenas orações e começou sua lista de desejos. 

“Todos sabemos que sou apaixonado por futebol e não sei pedir por algo diferente. Assim desejo que, ano que vem, tenhamos um Campeonato tão disputado quanto o que pudemos presenciar em 2011. Que tenhamos jogos de tirar o fôlego, como a ‘semifinal’ do Brasileiro.

Que os investimentos para a Copa não fiquem apenas nos estádios, camisetas e logotipos, mas sejam usados em infraestrutura para a população, em educação, em hospedagem. Até eu que não sei olhar para fora do mundo da bola sei que isso é necessário.

Que outros gênios do futebol não se vão ou padeçam pelas emoções do esporte. Emoções essas que nos fazem rir, chorar, pular, gritar. Que as pessoas aprendam que um gol não vale uma vida, que uma rivalidade não é sinônimo de guerra.

Que muitos outros craques voltem do exterior para embelezar o futebol nacional e que outros ainda não se rendam ao capitalismo europeu.

Que nossos ídolos não sejam exemplo de violência, tráfico de drogas, deslealdade, desonestidade, como muitos foram esse ano. 

Que a humanidade reconheça que o futebol transforma a vida das pessoas e deve ser levado a sério, sem ser comandado por palhaços. Amém”.

Assim, o banquete começou e a alegria tomou conta do recinto. O rapaz, mesmo sabendo que a probabilidade de seus desejos se realizarem seja pequena, mantém a esperança. Aliás, esperança, sonhos, desejos, fé são necessários para sobreviver a um mundo de maldades, intrigas e desonestidade. Mesmo no futebol.

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