sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Do céu ao inferno





Com Libertadores na bagagem, Antônio Lopes dirigiu, nos últimos anos,
candidatos ao rebaixamento (Foto: Agência Estado)
Dezoito jogos na Série A do Campeonato Brasileiro. Esse foi o tempo que durou o casamento entre Antônio Lopes e Atlético-PR. Com o fim de seu contrato, Lopes não permanecerá no Furacão, que disputará a Série B de 2012.

Dizem que, em time que é rebaixado, todos têm sua parcela de culpa. O próprio (e eterno) Paulo Baier afirmou em entrevista que todos, sejam jogadores ou dirigentes, são responsáveis pela queda. No entanto, Lopes insistiu em afirmar, em entrevista coletiva após a vitória sobre o Coritiba, que ele não tem culpa pela queda. “Não vou colocar no meu currículo” foi o que o técnico carioca disse.

No entanto, o que há de mais em mais um rebaixamento? Neste mesmo ano de 2011, Antônio Lopes dirigiu o América-MG por quatro rodadas. Quando assumiu o time, o Coelho se encontrava em 19º, e quando deixou o time, a equipe mineira já havia assumido a lanterna. Em 2008, quatro dos times que comandou foram rebaixados, incluindo o Vasco da Gama, atual vice-campeão. Em 2010, tentou livrar o Vitória da zona de degola, mas também foi rebaixado, tendo acumulado duas vitórias, cinco empates e duas derrotas.

Lopes afirmou em sua entrevista que assumiu o time no segundo turno, e o Atlético, na segunda etapa da competição, ficou no 15º lugar. Esse é o argumento utilizado para fugir da responsabilidade.

Será que a culpa é totalmente dos jogadores? Será que eles não deram o máximo de si em campo? Será que são tão inferiores tecnicamente? A não ser que se trate de uma exceção raríssima, o Atlético-PR caiu para a Série B por conta do mau trabalho dos jogadores e de toda a comissão técnica. Basta lembrar que, se tivesse ganhado o jogo contra o mesmo América-MG, que já havia sido rebaixado, na penúltima rodada do Brasileirão, a equipe dirigida por Antônio Lopes não amarguraria a disputa da Série B em 2012.

A campanha de Lopes no Furacão foi fraca: foram seis vitórias, cinco empates e sete derrotas, com aproveitamento de apenas 42%. Contando o campeonato inteiro, o aproveitamento cai um pouco e chega aos 36%. O capitão e principal jogador do Atlético, Paulo Baier, criticou a irresponsabilidade de alguns jogadores e a falta de planejamento do clube, que não disputava a segunda divisão desde 1995, quando foi campeão da competição.

Ainda que com o aproveitamento durante sua passagem o Atlético pudesse não ser rebaixado, isso não justifica o ato de tirar o peso de suas costas. A atitude de Lopes pode ser considerada covarde. Se seu aproveitamento fosse muito superior, similar ao de Cuca em 2009 pelo Fluminense, e mesmo assim o time fosse rebaixado, até seria mais compreensível. Mas não: o aproveitamento continuou pífio para um clube como o Atlético-PR, que já chegou a ser campeão nacional em 2001.

O ato de Lopes em afirmar que não porá em seu currículo a queda é vergonhoso. O comandante carioca tem história invejável: já foi campeão brasileiro, da Copa do Brasil, de estaduais por diversas regiões e até da Taça da Libertadores. 

Porém, nos últimos anos, o treinador sofre uma decadência: em 2005, quando se deu seu último título (Campeonato Brasileiro no comando do Corinthians de Tevez), já não teve participação decisiva na campanha. O antigo treinador, Márcio Bittencourt, fazia um campeonato muito bom e era líder com vários pontos de vantagem. Por querer um treinador com mais bagagem, a diretoria demitiu Márcio e contratou Lopes. Com isso, bastou apenas administrar aquela vantagem que já possuía (vale lembrar que o Corinthians quase perdeu o título para o Internacional nas últimas rodadas). A partir daí, vem mostrando trabalhos dignos de equipes fracas e que lutaram contra o rebaixamento.

Veremos ano que vem se Lopes queimará minha língua ou se dará continuidade à sua trajetória que não condiz com sua história.


@Gabriel_gch

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