por Gabriel Oliveira
O último ato da peça será encenado logo mais. Milhões de espectadores
aguardam, ansiosamente, a resolução do triângulo amoroso, com a magnífica
interpretação de Dona Taça e seus dois maridos, Corinthians e Vasco.
O paulista tem a vantagem; parece impressionar mais a Dona Taça. Mas
ela, assim como Dona Flor, criação de Jorge Amado, não se esquece do outro
pretendente e trata de se engraçar com a ginga e malandragem carioca. Dona Taça
paquera o Vasco com tanta sedução que o encanta e faz acender a chama da esperança.
Mas Dona Taça parece um tanto quanto sádica. Diverte-se com o
sofrimento alheio. Logo mais, Vasco e Corinthians terão oponentes de peso.
Flamengo e Palmeiras, meros figurantes, têm a honra de poder decidir o destino
amoroso da peça e elevar como
quase-protagonistas, já que não lutam mais pela Dona Taça. E a nobre senhora
aguardará, tranquila, o vencedor.
O Cruzeiro apresenta, assim como Madeleine
(personagem de “Um corpo que cai”), tendências suicidas. Depende somente dele para a
permanência nos palcos iluminados. Se, contra o Atlético-MG, empatar ou perder, pode cometer suicídio, o que talvez seja bem provável diante do futebol apresentado
pela equipe. Mas a Raposa é esperta, não é? Ésopo, na fábula “A Raposa e as
uvas”, já profetizou que ao não reconhecer e aceitar as próprias
limitações, o vaidoso abre assim o caminho para sua infelicidade. Portanto, cuidado, Cruzeiro. Pode até se salvar em 2012,
mas o descaso administrativo pode destiná-lo a mundos piores do que a Série B.
Ceará e Atlético-PR, abraçados, naufragados no mar de suas
decepções, além de vencerem seus jogos, dependem da derrota da Raposa para permanecer
na elite.
Romance e tragédia. Ingredientes essenciais para o final
perfeito de uma peça magnífica. Bravo!
*Texto publicado no dia 04/12/2011 no Jornal Mantiqueira
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