quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

É assim que é, é assim que será


Oito horas de viagem, um ano de preparação, 100 anos de sonho, e a eternidade à espera. Jogar futebol, lutar, suar sangue não basta. Apenas a vitória será suficiente. São 30 milhões do lado de fora, mas eles nada podem fazer senão apoiar.

São dezenas de profissionais dando suporte: fisioterapeutas, médicos, psicólogos, nutricionistas, só faltou babá para um ou outro. Mas eles também nada podem fazer, pelo menos não quando a bola começa a rolar. Nem mesmo aquele em pé à beira do gramado, que também busca a eternidade, pode trazer a conquista. São 25 homens carregando mais de 30 milhões durante 100 anos. Ai de quem não mantiver a calma.

Não me importa se você defendeu cinquenta pênaltis, Júlio César. Uma falha no momento errado e você será o maior vilão da história. Mas não se contente em não ser vilão! Pegar esses cinquenta pênaltis é essencial. Danilo e Cássio, fiquem atentos. Talvez vocês nem entrem em campo, mas, se entrarem, mesmo que seja aos 30 minutos do segundo tempo em La Bombonera lotada, sejam perfeitos, e nada menos que isso.

Liédson, é bom que você faça gols. Em todos os jogos, se possível. Aliás, se demorar muito, sai do time e só volta se o Adriano e o Élton jogarem mal. Ah, só para deixar claro, por 'jogar mal' entenda não colocar a bola na rede nos 20 ou 30 minutos ao longo dos quais estiverem em campo. Todos os 25 tenham isso em mente: a perfeição é o mínimo que se espera. Ainda assim, se forem perfeitos e perderem, serão inúteis. Pensando bem, não sejam perfeitos, apenas vençam.

Estranho raciocínio, não? Exigir que alguém dê seu melhor é cabível, mas exigir que alguém vença uma disputa? Como? E os homens que estão do outro lado? E o acaso? E as surpresas ao longo do caminho, como lesões, chuva, erros de arbitragem? É algo estranho de se pedir, realmente.

Não importa. Quando os gritos ecoarem pelo estádio, quando o apito soar, quando a bola rolar, é isso que será exigido. Não é justo. Mas pouco importa. Os 30 milhões não aceitarão uma derrota, mesmo que seja roubada. O treinador ficará muito feliz com uma vitória, mesmo que seja com um gol de sorte. E esses 25 homens, no máximo 11 ao mesmo tempo, não lutarão apenas por seus nomes, não lutarão apenas por sua história, mas também por todos aqueles que depositam neles sua confiança. Confiança essa que nem eles sabem se merecem, mas que pediram, ou, no mínimo, aceitaram, no momento em que vestiram essa camisa.

Sim, isso é Corinthians. Não ter o título da Libertadores não significa nada para os verdadeiros corintianos. Nenhum deles terá menos orgulho de sua equipe se perder mais uma copa continental. Mas a partir do momento em que o jogo estiver rolando, vencer é questão de honra. Seja Libertadores ou não.

A pressão é imensa, a exigência é injusta, a lógica é irracional. Hoje à noite, cada jogador sentirá isso na pele. Da mesma forma que sentiram domingo passado. E da mesma forma que sentirão isso a cada vez que entrarem no gramado com esse emblema no peito. Corinthians é Corinthians seja quando for. E a pressão sempre esteve, está e sempre estará aí.

Mas já que o jogo de hoje é da Libertadores, que fique claro: ganhar a Libertadores é o mínimo que se espera. Isso não é justo e não faz sentido, mas é assim que é, e é assim que sempre será.

@Joao_Jacetti

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