Tá de brincadeira!

por Léo Zacarin

O IFFHS (Federação Internacional de História e Estatística do Futebol) divulgou hoje a lista dos melhores campeonatos nacionais do mundo. O levantamento da entidade aponta a Premier League, da Inglaterra, como a melhor competição do planeta. A Liga BBVA espanhola ocupa a segunda posição, seguida pelas Serie A italiana e brasileira. Pois bem, é isso mesmo. O campeonato mais equilibrado do mundo é, para a IFFHS, apenas o quarto melhor. Mas será que é nisso que devemos acreditar? Na minha modesta opinião, não. E os argumentos que me fazem pensar dessa maneira não são poucos.

O primeiro e talvez mais convincente deles é o que diz respeito à própria IFFHS. A entidade, criada em 1984, vive divulgando listas no mínimo contestáveis. Como exemplo, posso citar o insano ranking mundial de clubes, que é publicado mensalmente pela federação. Na lista de janeiro, por exemplo, Barcelona e Real Madrid são os dois primeiros colocados. Até aí, nada de novo. Porém, as indecências começam já no terceiro posto, que é ocupado pelo Vélez Sarsfield, da Argentina. Fulham e Stoke City aparecem à frente do Chelsea. O Libertad, do Paraguai, está melhor colocado que Internazionale, Arsenal e Milan. Esse ranking meio maluco leva em conta o retrospecto das equipes nos últimos 365 dias, mas podemos notar que o resultado das pontuações não é muito convincente.

O Corinthians, atual campeão brasileiro, é apenas o 151º no ranking da IFFHS
(Foto: veja.abril.com.br)

Quanto ao ranking dos campeonatos mais "fortes", cabe um argumento que engloba todos os que estão melhor posicionados que o Brasileirão: não existe equilíbrio. Talvez emoção e nivelamento entre as equipes não sejam fatores importantes para a IFFHS. Talvez a entidade só leve em conta o dinheiro envolvido nos campeonatos e/ou a quantidade de equipes multimilionárias de cada país. Entretanto, acho que o que importa mesmo é a emoção e, principalmente, a imprevisibilidade. E nenhum campeonato bate o brasileiro nesses quesitos. 

Os campeonatos inglês, espanhol e italiano - assim como a grande maioria dos campeonatos europeus - raramente apresentam alguma surpresa. Antes mesmo dessas competições começarem, todo mundo já sabe que o título será disputado por três ou, no máximo, quatro equipes, e que os times grandes não correm risco algum de ficar de fora da primeira divisão. Na contramão disso tudo, o Brasileirão está sempre repleto de campanhas inesperadas, tanto na parte de cima quanto na de baixo da tabela.

A diferença do Real Madrid para o terceiro colocado no campeonato espanhol atualmente é de 21 pontos,
e ainda faltam 15 rodadas para o fim da competição. Ano passado, no Brasileirão, 21 pontos foi a diferença
entre Corinthians (campeão) e Palmeiras (11º) na classificação final.
(Foto: globoesporte.com)

Nunca veremos o Bolton sendo campeão inglês, mas o Atlético Paranaense foi campeão brasileiro. Nunca veremos o Milan nem o Real Madrid na segunda divisão de seus campeonatos nacionais, mas Corinthians e Palmeiras já amargaram a Série B do Brasileirão. Que me desculpe a IFFHS, mas, se para ela o ranking dos melhores campeonatos se baseia na monopolização, para os fãs do futebol - e do esporte em geral - se baseia na emoção. E é isso o que torna o quarto colocado na visão da federação o real detentor do posto de melhor campeonato do mundo.

@leo_zacarin