quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Custa caro ou beneficia muito?


Dois Campeonatos Mineiros, um Carioca, oito Paulistas, dois Torneios Rio-São Paulo, um Campeonato Brasileiro da série B, uma Copa do Brasil, cinco Campeonatos Brasileiros da série A e ainda uma Copa América. É verdade que falta um continental, mas a lista de títulos é impressionante.

Bragantino, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Flamengo, Santos, Palmeiras, Corinthians, Real Madrid e a Seleção Brasileira. É claro que nem todos foram bons trabalhos, mas ter dirigido todos esses clubes já diz um pouco sobre o tamanho deste treinador. E vem mais um gigante para a lista: o Imortal!

Vanderlei Luxemburgo. Pode não ser o mais amistoso dos treinadores, nem o mais humilde, há quem duvide até mesmo de sua honestidade. Mas, se tem algo que sempre foi indiscutível, esse algo é sua competência. No entanto, seus mais recentes insucessos têm levantado questionamentos muito fortes quanto ao real custo-benefício de contar com Luxa no banco de reservas.

O salário do treinador é, já há algum tempo, um dos mais altos do país. Os problemas de convivência e, principalmente, de respeito à hierarquia também são constantes pontos negativos de seu trabalho. Além disso, é sabido que Luxemburgo faz questão de trabalhar não apenas dentro de campo, mas também nos bastidores, "se metendo" em questões estruturais, financeiras, e até políticas dos clubes por onde passou. Os títulos, no entanto, sempre fizeram com que tudo isso valesse a pena.

Há quem diga que desde que voltou de sua passagem negativa pelo Real Madrid, no final de 2005,  o Professor não é o mesmo. Mas a verdade é que o trabalho feito no Santos em 2006 e 2007 e do Palmeiras de 2008 até meados de 2009 não foram de todo ruim. Nessa época, sob o comando de Luxa, o time da Vila conquistou os dois campeonatos paulistas que disputou, e ainda chegou à semifinal da Copa Libertadores de 2007. O Palmeiras, por sua vez, venceu o Paulistão em seu primeiro ano de comando, e chegou às quartas de final da competição continental em 2009. Pode não parecer muito, mas o período foi um dos melhores vividos pelo alviverde desde 2000.

A partir daí é que podemos identificar um Vanderlei Luxemburgo de fato abaixo do esperado. Depois de ser demitido do Palmeiras por um problema hierárquico que teve com o presidente Luiz Gonzaga Belluzzo, ele voltou (mais uma vez) para o Santos. Dessa vez, no entanto, os resultados não foram bons: a equipe praiana terminou a competição nacional no meio da tabela. Isso fez com que Luxemburgo fosse em busca de novos ares. Um novo "projeto" em Minas, que buscava devolver ao Atlético Mineiro o status de grande time do país, colocando o Galo de volta na briga por grandes títulos.

No entanto, Vanderlei, que havia ganho em 2003 a tríplice coroa (Brasileiro, Copa do Brasil e Mineiro) pelo Cruzeiro, não conseguiu sucesso parecido no rival alvinegro. O título estadual veio, o que parecia ser um indício de um futuro promissor, no entanto, dali para frente, os resultados foram inexpressivos. O contrato do técnico, que era de dois anos, acabou sendo rescindido depois de aproximadamente nove meses, em setembro de 2010.

"O Grêmio vai estar na Libertadores 2013." -
Vanderlei Luxemburgo 
O clube seguinte foi o Flamengo e o trabalho, mais uma vez, não agradou à diretoria. O Fla venceu o campeonato carioca e conseguiu a vaga para a Libertadores de 2012. Se analisarmos o resultado em si, 2011 foi um bom ano para Luxa. A questão que pesa é o já citado custo-benefício. Recentemente, a passagem pela Gávea também chegou ao fim. Vanderlei foi demitido e já acertou com seu novo desafio: o Grêmio.

É difícil dizer se esse casamento dará certo. A diretoria do clube gaúcho não é das mais transparentes ou competentes e o novo treinador com certeza quererá ser, como de costume, um manager gremista. Inteligência para montar um time, capacidade para lidar com questões estruturais e peso para conseguir se relacionar com seus atletas Luxemburgo certamente ainda tem. O ponto chave ao qual o treinador precisa se atentar é sua balança de prós e contras. 

Na entrevista coletiva de sua apresentação, o próprio treinador disse: "Não estou preocupado porque não ganhei o Brasileiro. Vou ganhar mais uma vez. Para todo mundo presta ganhar um estadual, mas o Luxemburgo tem que ser campeão brasileiro.". Pois é, para qualquer outro treinador, 2011 teria sido um bom ano, devido ao título carioca e devido à conquista da vaga na Libertadores. Mas para Luxemburgo isso não basta. E não é por perseguição, ou por birra com a imprensa, ou mesmo por causa do estrelismo que ronda o treinador. Poderia ser por tudo isso! Seria quase justo se fosse por um desses motivos. Mas não é.

O elenco do Grêmio é bom, faltam uma ou duas peças de qualidade. Talvez um zagueiro e um meia, mas o fato é que uma equipe que conta com nomes como Victor, Mário Fernandes, Julio Cesar, Marquinhos, Gilberto Silva e principalmente a dupla ofensiva Kléber e Marcelo Moreno, pode disputar qualquer competição do país e do continente. A capacidade de Luxa será, novamente, posta à prova, e que ele tenha em mente o que disse nessa entrevista ao longo de toda a temporada.

Qualquer um pode ser considerado bom treinador por vencer um estadual ou conseguir uma classificação, mas alguém com o custo de Vanderlei Luxemburgo precisa trazer um benefício de nível Vanderlei Luxemburgo.

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