sábado, 25 de fevereiro de 2012

Azar memorável

Foto; Globoesporte.com

A cena pode até parecer de uma daquelas inacreditáveis histórias hollywoodianas em que o mocinho dá a volta por cima após um fato do passado que quase acaba com sua vida. Inacreditável realmente foi, mas sem o final feliz. O protagonista Deivid, atacante do Flamengo, gravou um blockbuster – no Brasil e no mundo – após perder um gol que muitos classificariam como “até minha avó de patinete faria”. Pior é que o não-gol aconteceu na última quarta (22) em jogo decisivo contra o Vasco, pela semi-final da Taça Guanabara. Pode perder gol assim, Arnaldo?


Pelo lance já dá pra ver a decepção do atacante. Ele recebe a bola, sem goleiro à sua frente, debaixo da travessão e a confiança é tanta que os companheiros no banco de reservas já comemoravam antes mesmo de Deivid chutar.

A imaginação é mesmo uma lépida inimiga das capacidades motoras. Entre o instante em que a bola passa por baixo do goleiro e chega aos pés de Deivid, a imaginação do atacante já está, quem sabe, séculos à frente. No mundo imaginário do jogador, ele teria feito o gol, comemorado como nunca, seria aclamado pela torcida e poderia ver o seu Mengão campeão por conta daquele lance. 

No momento em que a bola chegava em câmera lenta aos pés de Deivid, ele já pensara em pelo menos 20 formas de comemorar aquele gol.

De repente, em uma sinapse errada, a bola voltou a correr na velocidade normal, sem dar tempo de muito pensar, bateu no atacante e na trave. Desespero, decepção, confusão. Deivid se deixa jogar ao solo, desacreditando no que tinha acabado de acontecer.

Poderia nascer aqui uma daquelas histórias de superação, de volta por cima. Apesar da garra, o atacante foi substituído no segundo tempo e assistiu à eliminação do seu time do banco de reservas.

Seria apenas um fato isolado se Deivid não fosse um recorrente perdedor de gols feitos. O Globoesporte.com lista, pelo menos, cinco inacreditáveis gols perdidos na temporada passada. Contudo, isso não tira a credibilidade do atacante artilheiro do time em 2011.

Mas o futebol tem das suas. Taffarel, o memorável goleiro do tetra, já teve sua fama de frangueiro no início da carreira. Quem não se lembra de Martín Palermo, o errador oficial de pênaltis da Argentina. Chegou a fazer um hat trick de penalidades máximas – só que ao contrário – em 1999 pela Copa América contra a Colômbia. Palermo não deixou de ser um grande atacante, apesar de ter protagonizado a maior sequência de pênaltis perdidos da Argentina.



Não só a capacidade de acertar como a de errar – seja de um jogador, comentarista ou juiz -  que garantem a emoção do futebol, esse quase imprevisível esporte.

@wakkalves

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