domingo, 11 de março de 2012

Na linha do gol


CTRUS: "Fair play is all about transparency"
Chuteiras inteligentes que analisam o gramado e ajustam a altura das travas. Camisas da Seleção ecológicas, 100% feitas de material reciclável e de costura sem fio, leves e que se ajustam dinamicamente ao corpo. Bolas de futebol CTRUS, transparentes que mudam de cor ao passar da linha do gol, lateral e linha de fundo ou quando o jogador a recebe em posição de impedimento. Ao que parece, estamos caminhando para uma nova era no futebol mundial: o esporte mais popular do mundo também rendeu-se à tecnologia. As inovações tecnológicas, já enraizadas no cotidiano da maioria, começam a trazer uma nova realidade e certo aprimoramento, agora, dentro dos gramados.  

Com bola rolando, lance a lance, a tecnologia pode igualmente desempenhar um papel na garantia de um jogo justo e de um resultado merecido. A implantação de certas tecnologias, em um jogo sempre sujeito à erros de arbitragem, pode assegurar um número menor de erros e de 'dúvidas' constantes.

Uma CTRUS, por exemplo, com seu GPS, sensores e sistemas de conexão sem fio pode fazer uma enorme diferença em campo. Mas nem é preciso tanto luxo. Uma câmera como as utilizadas em jogos de tênis, e futebol americano, por exemplo, que certifica as repetições de vídeo como ferramenta à arbitragem, poderia muito bem evitar gols mal anulados como o de Muntari, no jogo entre Milan e Juventus pelo Italiano no final do mês passado, quando Buffon tirou a bola de dentro do gol e o juiz invalidou o lance.

Ou como no lance de Clint Hill, pelo campeonato inglês na manhã de hoje (10). Nem o árbitro Martin Atkison nem os bandeiras validaram a cabeçada de Clint, do Queens Park Rangers. A bola passou a linha da meta do gol, e foi rebatida pelo goleiro Adam Bogdan. A breve 'cegueira' do árbitro garantiu a vitória do Bolton, por 2 a 1, e a justa revolta dos jogadores do QPR.


A polêmica em Bolton dirige as atenções novamente à FIFA. Intransigente na adoção de mecanismos eletrônicos no auxílio da arbitragem, há tempos a entidade contornou os críticos favoráveis à tecnologia, e só ficou na promessa. As falhas dos árbitros na Copa do Mundo da África do Sul, como a do juiz uruguaio que não deu o gol de Lampard, no jogo entre Alemanha e Inglaterra, pouco a fizeram ceder. E reticente, ela manteve o silêncio quando questionada sobre os erros que comprometeram as oitavas de final do mundial. 

Depois do jogo QPR x Bolton, a Federação Inglesa de Futebol (FA), em comunicado divulgado, disse esperar a liberação da FIFA para o uso de tecnologia nos gramados. A urgência no pedido da FA para a utilização de tecnologia na linha do gol pareceu tirar o órgão máximo do futebol mundial da posição inercial. 

(Foto: Reprodução / FIFA.com)
Neste sábado, reuniram-se na Inglaterra membros da entidade e do órgão responsável pelas regras do futebol, International Football Association Board (IFAB). A reunião teve como foco a discussão de possíveis mudanças de regras e resultou na aprovação inicial do uso da tal tecnologia. Decidiu-se também a continuidade nos testes desses novos aparatos, promovida por duas empresas, a britânica Hawk-Eye e a alemã GoalRef. Os sistemas tecnológicos aprovados consistem em um conjunto de câmeras posicionadas estrategicamente e em uma espécie de campo magnético, mais uma bola especial, que determinariam a validade do gol.    

(Foto: Reprodução / FIFA.com)
A decisão final será tomada em julho, em uma nova reunião em Kiev, na Ucrânia. Se aprovada, essa tecnologia poderá ser usada pela primeira vez, como teste, no Mundial de Clubes no Japão no final do ano. A FA já estuda também a possibilidade de utilizá-la a partir da próxima temporada do Premier League. 

Hoje, a intenção do presidente da FIFA, Joseph Blatter, é que a tecnologia seja utilizada na Copa de 2014. Quanto menos polêmica, melhor. As implicações para o atraso da entidade em assumir o auxílio tecnológico e colocar as inovações em prática pouco importam aqui. Independente da causa de tanto receio por parte da FIFA, seja pelo medo dos telões nos estádios e seus replays comprometedores, ou pelo emaranhado econômico e político que a implantação de tecnologia no mundo do futebol envolve, o uso desse tipo de mecanismo pode vir a compensar muitos erros grotescos de arbitragem. Afinal, o futebol é, por legitimidade, uma paixão mundial. E como todo esporte, tem também o direito de ser justo. 

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