Lágrimas que chegaram longe (Foto: Andreas Gerbet/EFE) |
Parece estranho, certo? Afinal, que grande seleção teria orgulho em comemorar um vice-campeonato? Para a Itália, no entanto, não faltam motivos. Todos já sabem que problemas extracampo não são
verdadeiros obstáculos para a Itália. Parecem, inclusive, ser incentivos. Em
2006, ano em que os italianos viveram o Calciatore,
escândalo envolvendo times e casas de aposta, a seleção foi campeã mundial.
Mesmo sem apresentar um futebol
muito plástico como a Espanha apresenta hoje, a Azzura conseguiu vencer a
França na final. E a vitória foi ainda mais comemorada pois o rival contava com
Zinedine Zidane, craque que jogava a última competição antes da aposentadoria e
que fazia uma Copa impecável. Foi com um toque de malandragem
de Materazzi, uma defesa sólida e consistente liderada por Cannavaro e o
oportunismo de Luca Toni que os italianos conseguiram faturar pela quarta vez o
título mundial.
Em 2012, a história
parecia se repetir. Poucos dias antes do início da competição, a polícia
anunciou uma investigação, sendo que nomes de diversos jogadores estavam
envolvidos. O lateral-esquerdo Domenico Criscito, atualmente no Zenit, da
Rússia, foi cortado da lista de jogadores que disputariam a Euro. Para se ter
uma ideia da perda, o ex-jogador de Genoa e Juventus deveria ser titular na
equipe de Cesare Prandelli.
Entrando na competição em um
momento conturbado, ninguém sequer apontava a Itália como campeã. Não bastasse
o corte do lateral-esquerdo, o goleiro e capitão Gianluigi Buffon também era
investigado (mais uma vez).
Junto de Espanha, Croácia e
Irlanda, a Itália não tinha vida muito fácil. A Croácia ameaçava a Azzura, que
na última Copa do Mundo foi eliminada já na primeira fase. No entanto, depois
de um empate em um bom jogo contra a Espanha logo na primeira rodada, os
italianos ganharam força para seguir adiante na Euro. Sim, chegou a sofrer um
susto quando, na última rodada da fase de grupos, não dependia só de si mesma,
mas vale ressaltar que por pouco os italianos não ficaram em primeiro no grupo
(em caso de vitória da Itália e empate em 0 a 0 entre Espanha e Croácia, a
Azzura se classificaria na primeira posição).
Depois de eliminar a Inglaterra,
o auge da Itália se deu na semifinal, quando os tetracampeões mundiais
eliminaram a favorita Alemanha. Mais favorita até que a Espanha, que chegou a
ter seu estilo de jogo classificado como “chato” por alguns espectadores. Com
atuação de gala de Balotelli e Pirlo, os italianos conseguiram uma surpreendente
vitória por 2 a 1, e acenderam uma pequena chama de esperança, que foi logo em
seguida apagada na derrota por 4 a 0 para os espanhóis.
Depois da contusão de Thiago Motta, os torcedores perceberam como a missão ficava cada vez mais difícil (Foto: AFP) |
Mas a goleada sofrida não é
motivo de tristeza. Obviamente não é motivo de se orgulhar de uma derrota, mas a
chegada até a final é impressionante, já que esta é uma seleção reformulada por
Prandelli, mesclando jogadores novos como Balotelli com peças chaves como
Buffon e Pirlo, os mais velhos no elenco. As atuações dos dois últimos, aliás,
devem ser exaltadas. Buffon fechou o gol em diversas partidas, e Pirlo foi o
maestro que vimos na Juventus na última temporada e que dispensa comentários.
Em entrevista concedida à Casa
Azzurri, em Cracóvia, Prandelli afirmou: “O país deve estar orgulhoso de sua
seleção. E nós estamos satisfeitos porque fomos além da parte esportiva e propusemos
um futebol agradável. Presenteamos a Itália com um sonho depois de termos
entrado na Euro sem grandes expectativa”. E disse tudo que deveria ser dito. A
Itália realmente impressionou nessa Euro 2012, seja por ir além das
expectativas no torneio, seja por apresentar um futebol muito mais atrativo do que se vê em um seleção italiana.
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