sábado, 30 de julho de 2011

A Copa de Pelé



No dia 29 de junho de 1958, por volta das três da tarde em Estocolmo, o mundo presenciava um lindo gol de um menino novinho, de 17 anos, que jogava no Santos: um tal de Pelé. Aquele seria o terceiro de uma goleada de 5 a 2, onde o Brasil se tornaria campeão de uma Copa do Mundo pela primeira vez.

O Sorteio dos Grupos das Eliminatórias da Copa de 2014 foi encerrado com um belo vídeo de um garoto reproduzindo o gol antológico de Pelé, emblemático para o futebol brasileiro, um feito extraordinário do maior jogador que mundo já viu.

Do lado de cá da platéia, Edson Arantes do Nascimento acompanhava o desfecho da cerimônia. À sua direita, Dilma Rousseff, presidente da república, à sua esquerda, Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local (COL) do Mundial no Brasil.
Edson estava estrategicamente posicionado entre quem sequer o havia convidado para o evento da FIFA (talvez estivesse mais preocupado em organizar um espetáculo impecável com os 30 milhões dos cofres públicos) e aquela que o fez roubar a cena numa tarde onde - pelo menos se dependesse de Teixeira - talvez ele nem aparecesse.

Em resposta clara à CBF, a "excelentíssima" não só convidou Pelé para o evento, como o nomeou embaixador da Copa do Mundo de 2014 e fez questão de rasgar elogios ao "Rei" em seu pronunciamento, ofuscando a presença de Ricardo Teixeira no sorteio.

O que Dilma quer é desvincular a imagem da Copa do Mundo do presidente da CBF e a nomeação de Pelé como embaixador é uma estratégia para isso. Teixeira não tem sido visto com bons olhos por ninguém. Dessa forma, a presidente afasta o Mundial do pior cenário de corrupção, o que é também uma forma de mostrar lisura administrativa após o escândalo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

Para Ricardo Teixeira, é péssimo ver sua imagem perdendo destaque. Ele quer ser o "dono" da Copa (e tem sido!) para usá-la como lobby na sua campanha eleitoral para a presidência da FIFA em 2015.

Já Pelé recebe um cargo meramente decorativo, pois quem continua decidindo os rumos que a Copa do Mundo vai tomar é o COL. Mas a autopromoção é certa. Edson não é nenhum santo, mas Pelé, para o futebol, é mais que isso.

A Copa do Mundo de 2014 não é de Ricardo Teixeira. É de Pelé.

@felipevaitsman

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