por Amanda Melo
Mario Jorge Lobo Zagallo é o único tetracampeão do mundo e o primeiro a vencer Copas do Mundo como jogador e também como técnico. Foi campeão como jogador nos anos de 1958 e 1962. Em 1970, comandou a Seleção tricampeã do mundo e, em 1994, foi auxiliar-técnico ao lado do treinador Carlos Alberto Parreira do time que conquistou o tetracampeonato.
Não faltam homenagens ao grande ícone da Seleção Brasileira. Uma estátua será construída no Estádio Olímpico João Havelange (Engenhão) em homenagem à carreira do ex-jogador botafoguense.
Surge a estrela de Zagallo
Zagallo iniciou a carreira de jogador profissional em 1948 no América do Rio de Janeiro e, desde aquele tempo, já ambicionava vestir a “amarelinha”, como costuma se referir à camisa da Seleção Brasileira. Em 1949, passou a jogar no Flamengo, clube pelo qual conquistou o tricampeonato carioca, seu primeiro título como profissional.
Em pouco tempo, o objetivo do “Formiguinha”, como era chamado, foi atingido. Estreou na Seleção Brasileira em 1958, 35 dias antes da abertura do Mundial na Suécia. O camisa 11 marcou um dos 5 gols brasileiros no jogo contra o Paraguai, o que facilitou sua convocação para a sua primeira Copa do Mundo.
Talvez tenha sido nessa ocasião que Zagallo começou a mostrar ao mundo o motivo de tantas conquistas que viriam: sua estrela estava predestinada a brilhar. Sorte, destino, acaso. Qualquer uma dessas palavras podem definir o que aconteceu para que o supersticioso Zagallo pudesse brilhar em 58. Convocado para ser reserva de Pepe, do Santos, não participou dos amistosos contra Fiorentina e Internazionale. Porém, dores musculares durante jogo contra Milão tiraram Pepe da partida. Zagallo entrou em campo e marcou um gol. Na decisão contra a anfitriã Suécia, o ponta-esquerda foi o autor de um dos 4 gols brasileiros e ainda deu bela assistência a Pelé. Era a primeira conquista brasileira em Copas do Mundo.
Na Copa seguinte, em 1962, veio o bicampeonato. As três partidas das quais Pepe seria titular tiveram a atuação de outro jogador: sim, Zagallo. Outra contusão tirou o camisa 11 santista dos gramados, e o Velho Lobo participou dos 6 jogos que levaram o Brasil à vitória sobre a Tchecoslováquia na decisão do Mundial.
A história de Zagallo na Seleção ainda não estava nem na metade. Aposentado em 1965, o ex-jogador foi, entre os anos de 1966 e 1968, campeão e bicampeão carioca como treinador do Botafogo e ainda conquistou a Taça Brasil pelo mesmo clube.
Técnico Zagallo - “Vocês vão ter que me engolir”
Foi em 1970 que Zagallo recebeu o convite para comandar a Seleção pela primeira vez. O tricampeonato mundial conquistado naquele ano foi marcante para o novo treinador, para todos os brasileiros e até mesmo para pessoas como eu, que, apesar de não estar nem perto de nascer em 1970, fecho os olhos e tento imaginar como teria sido ver Rivellino, Tostão, Gérson, Pelé e Jairzinho em campo.
Seleção de 1970 |
O ano de 1974 marcou a despedida de Zagallo como técnico da Seleção Brasileira e foi o ano em que o Brasil ficou apenas em quarto lugar no Mundial. Nos anos seguintes, Zagallo comandou Flamengo, Botafogo, a Seleção do Kuwait e o Al Hilal (clube da Arábia Saudita). De volta ao Brasil, foi técnico do Vasco. Esteve também à frente da Seleção da Arábia Saudita, do Flamengo e, por fim, foi mais uma vez para o Botafogo.
Em 1994, deu seus pitacos como escudeiro de Parreira. A final contra a Itália foi decidida nos pênaltis: 3 a 2 para o Brasil. “É tetra! É tetra!”
Depois do tetra, aconteceu a grande decepção de Zagallo: em 1996, no comando brasileiro, não conseguiu conquistar o ouro olímpico nas Olimpíadas de Atlanta-96. Apesar da tristeza do treinador, o Brasil chegou à semifinal.
Há TREZE anos (o número “zagallês”), o Brasil foi derrotado pela França na final da Copa de 1998. Fui com meus pais a um churrasco, vesti chapéu verde e amarelo, pintei o rosto, segurei o apito na boca durante quase toda a partida e esperei por um gol da Seleção. E vocês já sabem qual foi o fim da história. Minha primeira decepção memorável como torcedora, aos 6 anos.
Fora da Seleção, Zagallo ainda foi técnico da Portuguesa e do Flamengo, de onde saiu em 2001. Comandou um amistoso do Brasil contra a Coreia do Sul em 2002 e venceu com o placar de 3 a 2. No Mundial de 2006, deu pitacos menos fervorosos ao técnico Parreira, como em 94. “Menos fervorosos” devido à saúde debilitada, aos 75 anos.
De avôs, pais, jornalistas, amigos viciados em Copas do Mundo, já ouvi muitas críticas a Zagallo. De fato, a carreira do ex-jogador é marcada por polêmicas além dos títulos. Porém, sua representatividade é indiscutível e, críticos ou fãs, não se pode esquecer de um senhor agora octagenário que foi, esquisitices à parte, um grande jogador e que esteve à frente de nossa Seleção durante muito tempo.
Parabéns, Zagallo. E não é que tivemos que te engolir?
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