sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Carta a um velho amigo



Palmeiras, meu velho Palmeiras.
Venho te parabenizar pelos noventa e sete anos de vida.
E como estava bonito, o senhor, na noite de ontem. Que linda é a nova roupa que seus meninos usam. Me lembra aqueles jovens de algum tempo atrás... Qual era o nome daquele rapaz? Evair. Acho que era isso.

Como faz falta um desses hoje em dia, hein? Ontem mesmo, se tivéssemos um matador...
Melhor nem falar disso. Melhor esquecer a eliminação e pensar só na nossa honra. Saímos de cabeça erguida, não foi? E é assim que tem que ser. Rindo ou chorando, alegres ou raivosos, sairemos de peito estufado, batendo a mão com força e gritando: "Aqui é Palmeiras, porra!"

Hoje visto seu manto alviverde com orgulho. E não é pelo aniversário, Palmeiras. Nem por ter vencido ontem. Tampouco pelo Derby de domingo. Visto pois sou palmeirense e o faria em qualquer dia, em quaisquer circunstâncias.

Você nos ensinou a ser assim e assim seremos por você. Não importa se em campo tenhamos Jumares, Warleys e Gladstones ou Djaminhas, Zinhos e Alexes. Se o escudo no peito for o seu, cantaremos do fundo dos nossos corações e vibraremos com toda a nossa energia.



É, meu velho Palmeiras. São mais de quinze milhões de apaixonados. Desde aqueles que viram os gols de Heitor, o primeiro grande avante, até outros, tão novos, que sequer gritaram para o "animal" Edmundo.

Sei que esse amor te alimenta, te mantém vivo. Mesmo nas maiores secas, nos tempos de dor e sofrimento, o sentimento não para.

Imagino que, hoje, do alto de seus noventa e sete anos - um pouco doente, é verdade - pensa nos grandes tempos de glórias, das Academias de Futebol, quando jogou um tal de Ademir, "guia da bola, alegria de Domingos, alegria dos domingos". Como era bom, imagino, ter César, maluco por balançar as redes. A raça de Dudu, a classe de Leivinha, o caráter de Djalma Santos, a tranquilidade de Luiz Pereira... Ah, são tantos nomes...

Nomes, inclusive, de quem fez história sem marcar gols. Nomes de homens que, com suas próprias mãos, arrancavam suspiros tão deliciosos quanto um grito de gol. Como eram brilhantes Valdir, Oberdan e Leão... isso para não falar de Marcos. Santo goleiro. Goleiro de todas as torcidas. Conseguiu transcender as paixões clubísticas. Marcos não é filho seu, é filho do Brasil. Mas inevitavelmente - e com toda a justiça do mundo - carrega nosso símbolo no peito.

Que gloriosa é a sua história, meu velho Palmeiras. Mesmo sabendo que os tempos não são tão bons quanto em outrora, ainda sabe levar de vencida. Ainda sabe mostrar que, de fato, é campeão.

Parabéns! Noventa e sete anos são muito pouco para quem é eterno.

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