sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A sombra está de volta...

Por João Victor Jacetti de Oliveira
Ronaldinho foi sucesso em 2002, decepção em 2006 e esteve de fora em 2010.
(Fonte: vitrineesportiva.com.br)
  Mano Menezes divulgou nesta quinta-feira a convocação da seleção brasileira para o amistoso contra Gana, no dia 6 de setembro, em Londres. Como sempre, a convocação gerou uma ou outra controvérsia, mas o principal destaque desta lista foi a volta do meia Ronaldinho Gaúcho, ou melhor, da sombra Ronaldinho Gaúcho.

O desempenho do camisa 10 do flamengo nos últimos tempos tem sido de fato muito bom, e a convocação do meia é justa, no entanto, a necessidade de termos este jogador vestindo a amarelinha em seu momento atual não tem o teor positivo que a convocação de um jogador que se destaca costuma ter.

Ronaldinho é um jogador muito talentoso, mas a dúvida que me aflige é: será que nós, brasileiros, deveríamos nos contentar com uma sombra? Sim, uma sombra, porque é isso que o recém convocado é, e é também para isso que ele foi convocado. Mano precisa de jogadores experientes e nomes impactantes, que possam restaurar o respeito de nossa seleção perante os adversários e, mais do que isso, que possam servir como referência para nossos jovens talentos. Ronaldinho vai para a seleção com o objetivo de ser este ponto de referência, mas também para ser a sombra de Ganso, de Robinho, de Neymar, enfim, alguém que ameace o posto de titular de nossos jogadores ofensivos, alguém que force estas joias a crescerem e se afirmarem na equipe.

Podemos entender também que o craque terá esta função em uma fase na qual, apesar de estar jogando bem, ele é apenas uma sombra daquele jogador que já foi. O fato é este, a sombra do melhor do mundo de 2004 e 2005 (que é o Ronaldinho de hoje em dia), será a sombra de nossos melhores jogadores na seleção, isto se ele não acabar por se tornar o titular, e é aí que mora o problema.

O destaque de nosso time não é Robinho, que deveria estar em seu auge, nem mesmo Neymar, Ganso, Lucas ou Pato, que devem ser os responsáveis pelo bom desempenho do time no mundial de 2014, mas sim um jogador que é hoje nada mais nada menos do que uma sombra, tanto de si mesmo quanto dos outros, e que dificilmente estará no mundial com um papel importante, logo, aceitar que o Gaúcho é hoje o nome mais importante do elenco é algo perigoso.

Não vi pessoas vibrarem com a convocação de Hulk ou de Marcelo, não vi pessoas dizendo que Ganso e Neymar resolverão, obviamente vários gostaram destes nomes, mas o rebuliço da vez foi o R10. Como é possível que queiramos apoiar nosso futebol em jogadores que não são mais nossa realidade? Por que não insistirmos em jogadores que possam estar à disposição no futuro? Jadson foi esquecido, Hernanes parece ter cometido algum crime, enfim, são inúmeros os nomes que não recebem valor.


Ronaldo jogou 2006 apenas com seu nome e estava muito acima do peso.
(Foto: fri.fr)
 Nossa estrela não pode ser alguém com quem não podermos contar, é ótimo que nomes como ele, ou até mesmo Kaká, Adriano ou Luís Fabiano estejam presentes no grupo caso se recuperem, talvez alguns deles até consigam ser úteis em 2014, e eles seriam fundamentais neste momento de transição. Não critico a volta de Ronaldinho, nem criticaria a de nenhuma outra referência, mas espero que os torcedores, e principalmente o técnico de nosso país não e esqueça qual a função deles, e qual a função das joias, não gostaria nada de viver um outro 2006, com medalhões intocáveis jogando nosso futebol por água abaixo. Não podemos deixar que personagens que duram um ou dois anos sejam protagonistas de um filme cujo clímax será apenas daqui a três.