quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Franco atirador

(Foto: lancenet.com.br)
Feliz cada cruzmaltino que esteve em São Januário na noite de ontem. Feliz cada cruzmaltino que vê tão próximo o sonho de ser campeão brasileiro novamente, após mais de uma década. Feliz cada cruzmaltino, campeão da Copa do Brasil, que tem a certeza de que o Vasco disputará a Copa Libertadores do ano que vem. 

É feliz ser cruzmaltino e saber que o Gigante da Colina disputa tudo até o fim. 

Em uma temporada que parecia mais uma daquelas para ser esquecida, o Vasco, hoje, é o único brasileiro ainda vivo na Sulamericana e o líder do campeonato nacional. 

Sob a desconfiança da torcida, o time iniciou o ano com o pé esquerdo – e na lama. Perdeu, vergonhosamente, os três primeiros jogos da temporada, o que culminou na demissão do então técnico PC Gusmão. Para o seu lugar, foi contratado Ricardo Gomes, talvez o principal responsável pelo sucesso do clube neste ano. 

Acima de qualquer rabisco em prancheta, análise tática ou treino específico, Gomes trouxe ao Vasco paz e serenidade, essenciais para um grupo de bons jogadores ser campeão. 

Não deu outra. 

A equipe, que amadureceu durante o estadual, conquistou o título da Copa do Brasil e assegurou a vaga para a Libertadores de 2012. Cenário perfeito para “tirar férias” e esperar o ano acabar. 

Enganou-se quem pensou que o Vasco faria isso. O time seguiu firme no Brasileiro, mesmo correndo por fora na disputa pelo caneco. Os obstáculos do campeonato foram superados, muitas vezes, psicologicamente. A “zona de conforto” criada pela conquista da Copa do Brasil serviu de respaldo para Gomes aliviar a pressão sobre seus jogadores. 

O clima de tranquilidade, união e fraternidade no elenco vascaíno deve ser atribuído diretamente ao trabalho do treinador, que proporcionou aos jogadores o melhor ambiente possível. Com todo o carinho de seu grupo, Gomes, ao sofrer um acidente vascular encefálico (AVE), tornou-se um “mito” motivacional. O Vasco, hoje, “joga por ele”. 

A figura de Cristóvão Borges, assistente técnico que assumiu o papel de treinador na ausência de Ricardo Gomes, é também primordial. O interino, se não conta com o apreço de todos os jogadores, sabe ao menos controlar o ambiente de trabalho. Soube bem como se colocar "em seu devido lugar”, medindo seus discursos e controlando o elenco na maciota. 

É dessa forma que o Vasco se sustenta no topo da tabela do Brasileiro. Sem pressões, desavenças ou interferências. Simples. 

O fato de não ter que brigar por vaga na Libertadores faz com que o time almeje, unicamente, as conquistas do Brasileiro e da Sulamericana. Por outro lado, o fracasso nessas competições não implicaria em uma grande frustração. Além do título da Copa do Brasil confortar a torcida (que carecia de grandes triunfos desde 2003), a sensação de um próximo ano bem encaminhado afasta qualquer possibilidade de crise. 

Livre do peso de ter, obrigatoriamente, que vencer, o Vasco se comporta como um “franco atirador”. É assim que o time caminha para o fim da temporada: visando sempre à tríplice coroa, mas tranquilo em relação a possíveis insucessos. Felizes os torcedores cruzmaltinos.

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