domingo, 23 de outubro de 2011

Inimigo Errado


O filósofo alemão Friedrich Nietzsche defendeu, entre outras ideias, que só poderemos enfrentar nossos obstáculos se combatermos, de fato, o ‘inimigo certo’. É comum, muitas vezes, atribuirmos nossos problemas ao inimigo errado. E é o que vem acontecendo em relação ao atraso brasileiro na preparação para 2014.
Seriam as exigências impostas pela Fifa os vilões da história? Parece que não.
Muito se tem falado a respeito das exigências feitas pela Fifa para a realização da Copa do Mundo. Não pretendo nem vou entrar no âmbito de que até qual ponto tais requisições são válidas, porque não é esse o problema.

A Fifa não convidou o Brasil a sediar a Copa. É uma candidatura. Planejada, pensada. Pelo menos, deveria ser. Quando o país se ofereceu como sede do evento, sabia de todas as condições e do tempo que disporia para cumpri-las.

Além de tudo, desperdiçamos uma ótima chance de crescer estruturalmente. Uma eventual melhoria do sistema de transportes, da distribuição do espaço urbano e da qualidade de vida em geral é deixada de lado para a simples construção das arenas.

Uma Copa do Mundo que prometia, no princípio, ser financiada quase que totalmente pela iniciativa privada, está consumindo cada vez mais dinheiro público. Dinheiro esse que está sendo gasto em sua maioria na construção de praças esportivas, com investimento quase nulo em obras de infraestrutura, o maior e verdadeiro legado que deveria permanecer para a nação.

Na última quinta-feira (20), foram definidos os locais das partidas que serão disputadas na Copa do Mundo de 2014. Faltam menos de três anos para a competição, e temos pouca coisa feita. Menos de dois anos, se considerarmos a Copa das Confederações que será disputada em 2013.

Aceitamos o desafio de sediar o maior evento esportivo do planeta, e temos que cumpri-lo. Mas não é só isso. Temos que escolher se essa, que promete ser a maior Copa de todos os tempos, acabará com a última partida, ou se continuará presente na vida de cada brasileiro após o evento. Para isso, precisamos saber o que estamos enfrentando.


Texto publicado em 23/10/2011 no Jornal Mantiqueira

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