por Felipe Altarugio
O filósofo alemão Friedrich
Nietzsche defendeu, entre outras ideias, que só poderemos enfrentar nossos
obstáculos se combatermos, de fato, o ‘inimigo certo’. É comum, muitas vezes,
atribuirmos nossos problemas ao inimigo errado. E é o que vem acontecendo em
relação ao atraso brasileiro na preparação para 2014.
Seriam as exigências impostas pela Fifa os vilões da história? Parece que não. |
Muito se tem falado a respeito
das exigências feitas pela Fifa para a realização da Copa do Mundo. Não
pretendo nem vou entrar no âmbito de que até qual ponto tais requisições são
válidas, porque não é esse o problema.
A Fifa não
convidou o Brasil a sediar a Copa. É uma candidatura. Planejada, pensada. Pelo
menos, deveria ser. Quando o país se ofereceu como sede do evento, sabia de
todas as condições e do tempo que disporia para cumpri-las.
Além de
tudo, desperdiçamos uma ótima chance de crescer estruturalmente. Uma eventual
melhoria do sistema de transportes, da distribuição do espaço urbano e da
qualidade de vida em geral é deixada de lado para a simples construção das
arenas.
Uma Copa do
Mundo que prometia, no princípio, ser financiada quase que totalmente pela
iniciativa privada, está consumindo cada vez mais dinheiro público. Dinheiro esse
que está sendo gasto em sua maioria na construção de praças
esportivas, com investimento quase nulo em obras de infraestrutura, o maior e
verdadeiro legado que deveria permanecer para a nação.
Na última
quinta-feira (20), foram definidos os locais das partidas que serão disputadas
na Copa do Mundo de 2014. Faltam menos de três anos para a competição, e temos
pouca coisa feita. Menos de dois anos, se considerarmos a Copa das
Confederações que será disputada em 2013.
Aceitamos o
desafio de sediar o maior evento esportivo do planeta, e temos que cumpri-lo.
Mas não é só isso. Temos que escolher se essa, que promete ser a maior Copa de
todos os tempos, acabará com a última partida, ou se continuará presente na
vida de cada brasileiro após o evento. Para isso, precisamos saber o que
estamos enfrentando.
Texto publicado em 23/10/2011 no Jornal Mantiqueira
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