segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Pan et circenses



(Foto: Lancenet)

Os meninos da Vila, os jogadores de base, os tantos moleques que enrolam uns bons pares de meia e imaginam a bola, o gol e um futuro melhor. Quaisquer personagens, que não os que protagonizaram o vexame contra a Costa Rica no Pan-2011, representariam nosso país como ele realmente merece.

Brasil, terra de um povo guerreiro. Garra mesmo, pouco mostraram os meninos uniformizados com as cores da nação que representam.

Terra de um povo amigável. A calma, o jeito manso de jogar, o samba de pernas tortas de Garrincha deram espaço a um nervosismo amador de quem deveria jogar profissionalmente. Embora meninos, inexperientes, desacostumados com decisões, percalços e dificuldades; jogaram contra uma seleção também de meninos e também pouco experientes. 

Pior, jogaram contra meninos da Costa Rica. Jogadores, aliás, que fizeram jus ao nome de seu país, mostrando um futebol muito mais rico que o brasileiro.
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Ouvi alguém dizer que foi sorte do adversário. Mas não foi a sorte que perdeu a bola na lateral direita brasileira, permitiu o cruzamento na área para o gol de Vega aos trinta segundos de jogo. Nem mesmo essa vil fortuna foi a culpada pelo belíssimo chute de McDonald - depois de enorme falha da defesa brasileira - para marcar o segundo. Quem sabe o que faz não padece da sorte. 

Sorte mesmo foi a cobrança de pênalti na trave de McDonald, impedindo que o Brasil voltasse para casa de quatro, tal qual um cachorro, ressaltando o complexo de vira-lata tupiniquim.

Há quem culpe também a arbitragem mexicana. Supostamente o juiz preferiria pegar a fraca Costa Rica à potência Brasileira na próxima fase, privilegiando, assim, nossos adversários.  Diante da impotente seleção de ontem – nem mesmo cem cartelas de Viagra trariam de volta a virilidade do futebol brasileiro –, creio que o árbitro deva ter mudado de opinião: melhor seria pegar o Brasil na próxima fase.

Não foi também o juiz amante de guacamole quem, infantil e desavergonhadamente, meteu a mão na bola, como se Maradona fosse, a fim de tirar o perigo da própria zaga. Não foi o árbitro, mas o menino Frauches, do Brasil. À arbitragem, só coube marcar o pênalti já citado acima.

Com mais um gol bobo de cada lado, o jogo terminou em 3 x 1 para a Costa Rica. Os centro-americanos não somente levaram o time para a próxima fase, como levam, na bagagem, a visão de um Brasil que ajoelhou diante de seus pés. Ainda com direito a “olé”. É o circo do horrores.

Com 26 medalhas de ouro entre vela, vôlei, natação e, pasmem, handebol; o país do futebol volta para casa sem uma mísera medalha do time masculino no esporte jogado com os pés.

@wakkalves

PS: Enquanto isso, as meninas dão show no futebol feminino e conquistaram vaga para segunda fase dos jogos.  
   

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