sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Seleção feminina de futebol brasileiro

Tânia Maranhão, Thaisinha e Maurine comemoram gol
marcado contra a Argentina. (Foto: Divulgação)
Ao futebol masculino, estão garantidos certos direitos invioláveis, como a longa atenção em programas esportivos, mesas de bar, estádios e corações de torcedores fervorosos. Esqueceram-se de mencionar que a paixão pelo futebol é um tanto arbitrária em relação às mulheres que praticam, com a seriedade que lhes compete, esse esporte tão tradicional. 

À margem de todo o investimento e incentivo dados aos homens no futebol brasileiro – embora muito problemático –, está a Seleção Brasileira de Futebol Feminino, formada por mulheres que, na maioria das vezes, são exportadas para Estados Unidos, Canadá e países europeus, expoentes no fomento à evolução do futebol feminino. 

Para contrapor e negar qualquer machismo que ainda persista incutido na sociedade, em relação à mulher no esporte, a seleção feminina vem desempenhando um grande papel nos jogos Pan-Americanos deste ano, em Guadalajara. A primeira partida do Brasil na competição foi na última terça-feira, contra a Argentina, com vitória por 2 a 0 das brasileiras. O segundo confronto, diante da Costa Rica, terminou em 2 a 1 para o Brasil.


Com o desfalque de oito jogadoras das onze que chegaram à semifinal da Copa do Mundo de Futebol Feminino este ano, o técnico Kleiton Lima conseguiu fazer com que o Brasil não sentisse a ausência de Marta, eleita melhor do mundo por cinco anos consecutivos. 

O triunfo sobre a Costa Rica garantiu a classificação do Brasil para a fase seguinte do Pan. O próximo embate acontece amanhã, contra a seleção do Canadá, e define a liderança da chave, já que as seleções estão empatadas em pontos, saldo de gols e gols marcados. Em caso de empate, a decisão será feita por sorteio. 

Apesar da boa atuação nas Olimpíadas de 2008, no Sul-Americano de 2010, no Mundial e nos jogos Pan-Americanos deste ano, a seleção feminina ainda enfrenta problemas exorbitantes quando relacionados às condições do futebol masculino. Entre os inúmeros exemplos a serem citados, estão os salários pífios quando comparados aos montantes milionários pagos aos homens, além de uma enorme falta de incentivo. 

Mesmo com sérios problemas de estrutura, pouca valorização e falta de patrocínio, a raça, a ginga e o samba com a bola nos pés são tão parte das representantes femininas do nosso futebol quanto dos masculinos, senão maior. Acima de qualquer discussão de gêneros, o que entra em campo é o futebol brasileiro, responsável pela imagem tão representativa do país no mundo todo. 

O paradigma cultural de que o futebol é um esporte masculino por definição está sendo cada vez mais desintegrado. Porém, há ainda muito a ser alterado na própria mentalidade tanto de homens como de mulheres. As consequências serão extremamente satisfatórias à evolução de um futebol que, por si só, é de qualidade, mas que precisa ser lapidado. 

@mandiml

4 comentários:

  1. A questão é um pouco mais profunda.

    Futebol feminino não tem incentivo porque não tem público. A Globo, a Record e a Band, cada um em seu tempo, tentou incentivar. Patrocinadores também. E a média de público foi baixíssima.

    Os fatores disso são vários. Primeiro, o masculino tem mais prestígio. Segundo, o nível do feminino ainda é muito baixo. Diferente do vôlei, tênis e até mesmo do basquete, os jogos de futebol feminino são deprimentes. Vide Copa do Mundo, com jogadoras pegando a bola com a mão, não tendo noção de regra como um jogador da quarta divisão paulista.

    Portanto, o futebol feminino tem que ir se estruturando na mentalidade, seja na sociedade (machista ou não) seja dentro de campo. Não basta aumentar os gastos nele se o retorno ainda não é como o esperado.

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  2. Concordo que o nível do futebol brasileiro ainda é baixíssimo no futebol e que é pouco visto.

    Contudo, discordo do argumento de que o problema é o público. As meninas estão engatinhando no esporte e isso deve ser reconhecido. Toda profissão que está no começo tem porca visibilidade e esse é o caso do futebol. Acho que é uma vertente do esporte em que vale investir, incentivar, apostar e insistir; pois o começo é difícil para qualquer esporte. É necessário a criação de hábitos e a quebra de preconceitos. Passou-se o momento em que bola é para menino e boneca é menino.

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  3. O futebol feminino, taticamente, ainda é precário, mas não acredito que a causa disso seja a falta de público.

    É claro que o futebol masculino tem muito mais prestígio, mas o feminino já provou ter muito potencial e, mesmo que ainda possa evoluir, detém as características do futebol brasileiro. Não é à toa que as meninas têm bons desempenhos nos campeonatos, mesmo sem grandes aprimoramentos físicos ou conhecimento tático. A boa atuação se vale exclusivamente à qualidade do futebol.

    A crença nesse potencial é que deve servir de base para que maiores investimentos e incentivos sejam feitos, para que, não de forma imediata, o público se interesse também pelo futebol feminino.

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  4. Não concordo com esse Anônimo. O futebol feminino não está em um nível tão fraco desse jeito. Aos poucos aparecerem jogadoras com grande potencial. Vale lembrar que os gramados em que elas jogam são horríveis, a estrutura dos times em que jogam são fracas, etc. etc. etc.
    O público de alguns jogos do Santos com a Marta foram muito bons. Falta mais apoio sim da CBF à modalidade, que, aliás, vem trazendo mais alegrias do que o próprio futebol masculino brasileiro.

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