sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Argélia 4 x 1 Argélia




(Foto: Reprodução / Federação Argelina de Futebol)

Na terça-feira os argelinos entraram em campo para enfrentar sua própria seleção. Estava mais para um "treino amistoso" do que para um amistoso de fato. A Argélia bateu a própria Argélia em sua última data FIFA de 2011. 

O feito só foi possível devido à ausência dos camaroneses, reais adversários no amistoso programado para acontecer nesta última terça. Isso porque os jogadores recusaram-se a viajar até Argel para o jogo. Além de desistirem de "última hora" da partida, anunciaram estar em greve pelo não pagamento de uma quantia prometida pela Federação Camaronesa de Futebol (FECA) aos que participassem do jogo. Segundo o grupo, a decisão foi tomada após uma semana de cobrança à Federação. 

Samuel Eto'o é o líder grevista (Foto: uol.com.br)
 No final de semana passado, os Leões Indomáveis conquistaram um torneio amistoso nos pênaltis, a  LG Cup, após o resultado de 1 a 1, contra o Marrocos. O porta-voz da seleção do Camarões diz que os atletas receberam o pagamento pela participação no tal torneio, mas reconhece que o valor pelo jogo contra a Argélia não havia sido acertado. 

Fato é que essa greve dos Indomáveis teve repercussão no país e divide opiniões. Há quem questione a falta de compromisso dos jogadores com a seleção de Camarões e com os torcedores. Alguns afirmam que o problema não é o dinheiro, já que a conta bancária desses jogadores permanecem infladas; para outros, a decisão de não jogar tem como objetivo real mostrar o poder dos jogadores diante da FECA.   
   
A situação, mesmo bastante curiosa, não deixa de ser polêmica. Além da divergência de opiniões quanto à greve, uma atitude como essa pode muito bem ser considerada antidesportiva e passível de punição. A Federação Argelina de Futebol (FAF) considerou deplorável e inaceitável o episódio, e promete fazer uma reclamação formal junto à Fifa, já que a Confederação Africana não tem poder sobre os amistosos. 

Ao invés de cancelá-lo, o técnico Vahid Halilhodzic dividiu sua seleção em um time branco e outro verde, e foi a campo. A torcida local ficou então para assistir a um jogo um tanto inusitado de 70 minutos, que ainda contou com cinco gols. As devidas cerimônias não deixaram de ser feitas. Usando o uniforme oficial, os jogadores perfilaram-se para o hino nacional e apertaram-se as mãos antes do apito inicial. 

Você consegue imaginar uma situação como essa acontecendo pelos gramados brasileiros? Ou na Europa? Não é tão difícil para mim, por outro lado, ver esse episódio ganhando cena no continente africano. O futebol na África, que já tem um histórico de integração, principalmente na África do Sul com os Bafana Bafana e seu poder de coesão nacional, inseriu-se na cultura do continente e vem se modificando ao longo dos anos. 

O atraso, porém, é evidente. A seleção da Argélia, por exemplo, jogou apenas três Copas do Mundo e tem como maior título de sua história o da Copa das Nações Africanas de 1990. Mas mesmo muito atrás no Ranking Mundial da Fifa, como também técnica e financeiramente se comparado com outros clubes e ligas ao redor do mundo, o futebol africano, de uma forma geral, mostra alegria e uma paixão contagiante pelo esporte. E mesmo que para alguns a Copa do ano passado na África do Sul - primeira em solo africano - tenha se resumido a vuvuzelas e ao polvo Paul, o evento causou grande impacto sócio-econômico no continente, e não deixou de contribuir para o desenvolvimento do futebol nos países africanos. 

O amistoso de terça-feira, então, não contou com o futebol rápido e físico da seleção camaronesa, muito menos com a referência de Eto'o no ataque. Mesmo assim, não deixou de oferecer futebol para aqueles que pagaram o ingresso e foram ao estádio. Ao final, "Argélia branca" 4, "Argélia verde" 1.    





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