sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Figueirense: o novo exemplo para os grandes



Julio Cesar é um dos destaques do Figueira (Foto: UOL Esporte)
O Brasileirão vai chegando ao final e muita coisa segue indefinida. No topo da tabela, o Figueirense, grande surpresa do Brasileirão, figura com boas chances de, inclusive, ir à Libertadores do ano que vem.


O time treinado por Jorginho faz uma boa campanha desde o início do campeonato, manteve uma boa regularidade e, diferentemente do que muitos consideravam a priori, o Figueira não dá mostras de que vai “amarelar”.

Com uma consistência tática destacável, um elenco bem montado e uma boa estrutura, o Alvinegro de Santa Catarina promete não afrouxar e seguir forte na briga por uma das vagas para a mais importante competição do continente.
           

Afinal, qual o segredo do Figueirense? Para o sucesso, o clube aposta em seu elenco, treinador, padrão de jogo, estrutura e planejamento, e serve como exemplo para muito time grande por aí.


Análise tática: como joga o Figueirense

O bom time do Figueirense começa com uma sólida e consistente defesa. O bom goleiro Wilson, no clube desde 2007, oferece a segurança necessária à equipe. A dupla de zaga é composta pelo capitão João Paulo, marcador firme ao estilo xerifão, e Edson Silva, com um ótimo aproveitamento nas jogadas aéreas, tanto na defesa como no ataque, tendo marcado três gols de cabeça neste Brasileirão.
       
Nas laterais, dois bons valores: Bruno, pela direita, e Juninho, pela esquerda. Bruno faz bem o trabalho de marcação e avança com qualidade de passe e cruzamento, enquanto Juninho é marcado pela ofensividade, sempre com excelente poder de chegada ao ataque.
         
No meio, Ygor é o primeiro volante, marcador, carrapato dos adversários. Há alguns anos na equipe, conhece o clube e tem bom entrosamento com os companheiros. O segundo volante é Maicon, que avança bem pela esquerda e tem a função tática, entre outras, de cobrir as descidas de Juninho pelo lado esquerdo. Tulio, ex-Corinthians, Grêmio e Botafogo, é também opção no setor, assim como Coutinho, titular no início da campanha, e o experiente Jônatas.
          
No meio-campo ofensivo, o experiente e ídolo da torcida alvinegra Fernandes atua pela direita, armando e distribuindo as jogadas, e com bom poder de finalização de longa distância. Na ponta esquerda, Jorginho tem Elias, destaque do Atlético Goianiense no ano passado. Com a ausência de uma das duas peças, uma das opções é avançar Maicon e colocar Tulio na marcação. Pittoni também é opção no banco de reservas.
             
Wellington Nem funciona como um meia-atacante, pelas duas pontas, sempre entrando em diagonal na área adversária. É um dos destaques da equipe com nove gols marcados no campeonato. Eventualmente, pode ser recuado para a armação no meio da equipe.
              
Dupla de atacantes do
Figueirense faz sucesso no
Campeonato Brasileiro
(Foto: Ag. Estado)


Júlio Cesar é a referência dentro da grande área. Forte, trombador e preciso nos arremates, completa o esquema do Figueirense. O técnico Jorginho ainda tem no banco de reservas as opções de Somália e Aloísio.
            
O esquema do Figueirense assemelha-se a um 4-2-3-1, com Wellington Nem jogando bastante avançado. Outro ponto forte da equipe é o entrosamento: além de Wilson, João Paulo, Juninho, Ygor, Tulio e Fernandes estão no time desde a campanha na Série B do ano passado. O time que conseguiu o acesso jogava com um 4-4-2 em losango, com Ygor protegendo bem a defesa, Maicon e Tulio como segundos volantes e Fernandes armando as jogadas para Reinaldo e Willian, hoje no Corinthians.
              
Além do entrosamento, o Figueira conta com o bom trabalho do treinador Jorginho, que não teve boa passagem pelo Goiás, mas ajudou na montagem de uma grande equipe em Florianóplis. Com um discurso humilde desde o princípio, com o primeiro objetivo sendo o não rebaixamento, Jorginho armou o Figueirense, que é, sem dúvida, a grande surpresa do Brasileirão. O treinador conta com um elenco que, se não possui grandes destaques individuais, é versátil e entrosado, o que permite algumas mudanças táticas, inclusive no decorrer das partidas.

O elenco alvinegro, aliás, no quesito versatilidade e entrosamento, é de fazer inveja à maioria dos grandes clubes brasileiros.

O versátil Wellington Nem é o artilheiro da equipe no Brasileiro (Foto: INFOesportes)

Estrutura e planejamento
               
O Figueirense tem uma estrutura muito boa, se comparada à grande maioria dos clubes brasileiros. O CFT (Centro de Formação e Treinamento) de Cambirela é considerado pelos especialistas um dos melhores do país. O estádio, Orlando Scarpelli, também é bem cotado e figura entre os mais modernos e bem estruturados do futebol brasileiro.
                 
A estrutura do Figueirense não se resume apenas ao patrimônio do clube. O Alvinegro destaca-se, há algum tempo, pelo bom planejamento fora dos gramados. Promovido à Série A em 2001, quando foi vice-campeão da Série B, o Figueira passou por períodos conturbados para se firmar na elite.

CFT do Figueirense é referência (Foto: Site Oficial
                
A primeira boa campanha veio em 2006, com um sétimo lugar, alcançado por um time que tinha Marquinhos Paraná, Carlos Alberto, Fernandes Cícero, Soares e Schwenck como referências. Em 2007, o time começou bem: foi vice-campeão da Copa do Brasil e teve um bom início de Brasileirão, com uma equipe que contava com Chicão, Felipe Santana, André Santos, Henrique (atualmente no Santos) e Cleiton Xavier. Contudo, trocas no comando do time levaram o Figueira a uma posição intermediária na tabela. 

Em 2008, aliado a complicações financeiras, o problema persistiu e o time foi rebaixado. Em vez de se desestruturar, o Figueirense reuniu forças e acabou a Série B de 2009 a poucos pontos do acesso, sendo coroado no ano seguinte com a vaga na Série A. 

Diretoria apostou e confiou
no trabalho do treinador
Jorginho, ex-Goiás.
(Foto: Ag. Estado)


Apesar de uma campanha que deixou a desejar no Estadual, Jorginho foi mantido e um plano foi traçado, começando pela montagem do elenco que disputaria o Brasileirão. O resultado dessa paciência: uma campanha que tem tudo para ser a melhor da história do clube.

O Figueirense deste ano desponta como, além de uma grande equipe, um exemplo para os gigantes do futebol nacional. Apostou no trabalho de Jorginho desde o começo e entendeu que o jogo não é ganho apenas dentro de campo, que há todo um preparo que parte da estrutura do clube e do estádio até a confiança e a aposta na formação de um grupo de jogadores unido e coeso. Um time com um discurso humilde, que dá mostras de poder alçar vôos cada vez mais altos.

               

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