por Felipe Altarugio
Julio Cesar é um dos destaques do Figueira (Foto: UOL Esporte) |
O Brasileirão vai chegando ao final e muita coisa
segue indefinida. No topo da tabela, o Figueirense, grande surpresa do
Brasileirão, figura com boas chances de, inclusive, ir à Libertadores do ano
que vem.
O time treinado por Jorginho faz uma boa campanha
desde o início do campeonato, manteve uma boa regularidade e, diferentemente do
que muitos consideravam a priori, o
Figueira não dá mostras de que vai “amarelar”.
Com uma consistência tática destacável, um elenco
bem montado e uma boa estrutura, o Alvinegro de Santa Catarina promete não
afrouxar e seguir forte na briga por uma das vagas para a mais importante
competição do continente.
Afinal, qual o segredo do Figueirense? Para o
sucesso, o clube aposta em seu elenco, treinador, padrão de jogo, estrutura e
planejamento, e serve como exemplo para muito time grande por aí.
Análise tática: como joga o Figueirense
O
bom time do Figueirense começa com uma sólida e consistente defesa. O bom
goleiro Wilson, no clube desde 2007, oferece a segurança necessária à equipe. A
dupla de zaga é composta pelo capitão João Paulo, marcador firme ao estilo
xerifão, e Edson Silva, com um ótimo aproveitamento nas jogadas aéreas, tanto na
defesa como no ataque, tendo marcado três gols de cabeça neste Brasileirão.
Nas
laterais, dois bons valores: Bruno, pela direita, e Juninho, pela esquerda.
Bruno faz bem o trabalho de marcação e avança com qualidade de passe e
cruzamento, enquanto Juninho é marcado pela ofensividade, sempre com
excelente poder de chegada ao ataque.
No
meio, Ygor é o primeiro volante, marcador, carrapato dos adversários. Há alguns
anos na equipe, conhece o clube e tem bom entrosamento com os companheiros. O
segundo volante é Maicon, que avança bem pela esquerda e tem a função tática,
entre outras, de cobrir as descidas de Juninho pelo lado esquerdo. Tulio,
ex-Corinthians, Grêmio e Botafogo, é também opção no setor, assim como
Coutinho, titular no início da campanha, e o experiente Jônatas.
No
meio-campo ofensivo, o experiente e ídolo da torcida alvinegra Fernandes atua
pela direita, armando e distribuindo as jogadas, e com bom poder de finalização de longa distância. Na ponta esquerda, Jorginho tem Elias, destaque do Atlético
Goianiense no ano passado. Com a ausência de uma das duas peças, uma das opções
é avançar Maicon e colocar Tulio na marcação. Pittoni também é opção no banco
de reservas.
Wellington
Nem funciona como um meia-atacante, pelas duas pontas, sempre entrando em
diagonal na área adversária. É um dos destaques da equipe com nove gols
marcados no campeonato. Eventualmente, pode ser recuado para a armação no meio
da equipe.
Dupla de atacantes do Figueirense faz sucesso no Campeonato Brasileiro (Foto: Ag. Estado) |
Júlio
Cesar é a referência dentro da grande área. Forte, trombador e preciso nos
arremates, completa o esquema do Figueirense. O técnico Jorginho ainda tem no
banco de reservas as opções de Somália e Aloísio.
O
esquema do Figueirense assemelha-se a um 4-2-3-1, com Wellington Nem jogando
bastante avançado. Outro ponto forte da equipe é o entrosamento: além de
Wilson, João Paulo, Juninho, Ygor, Tulio e Fernandes estão no time desde a
campanha na Série B do ano passado. O time que conseguiu o acesso jogava com um
4-4-2 em losango, com Ygor protegendo bem a defesa, Maicon e Tulio como
segundos volantes e Fernandes armando as jogadas para Reinaldo e Willian, hoje
no Corinthians.
Além
do entrosamento, o Figueira conta com o bom trabalho do treinador Jorginho, que
não teve boa passagem pelo Goiás, mas ajudou na montagem de uma grande equipe em
Florianóplis. Com um discurso humilde desde o princípio, com o primeiro
objetivo sendo o não rebaixamento, Jorginho armou o Figueirense, que é, sem
dúvida, a grande surpresa do Brasileirão. O treinador conta com um elenco que,
se não possui grandes destaques individuais, é versátil e entrosado, o que
permite algumas mudanças táticas, inclusive no decorrer das partidas.
O
elenco alvinegro, aliás, no quesito versatilidade e entrosamento, é de fazer
inveja à maioria dos grandes clubes brasileiros.
O versátil Wellington Nem é o artilheiro da equipe no Brasileiro (Foto: INFOesportes) |
Estrutura e planejamento
O
Figueirense tem uma estrutura muito boa, se comparada à grande maioria dos
clubes brasileiros. O CFT (Centro de Formação e Treinamento) de Cambirela é
considerado pelos especialistas um dos melhores do país. O estádio, Orlando
Scarpelli, também é bem cotado e figura entre os mais modernos e bem
estruturados do futebol brasileiro.
A
estrutura do Figueirense não se resume apenas ao patrimônio do clube. O
Alvinegro destaca-se, há algum tempo, pelo bom planejamento fora dos gramados.
Promovido à Série A em 2001, quando foi vice-campeão da Série B, o Figueira
passou por períodos conturbados para se firmar na elite.
CFT do Figueirense é referência (Foto: Site Oficial |
A primeira boa campanha veio em
2006, com um sétimo lugar, alcançado por um time que tinha Marquinhos Paraná,
Carlos Alberto, Fernandes Cícero, Soares e Schwenck como referências. Em 2007, o
time começou bem: foi vice-campeão da Copa do Brasil e teve um bom início de
Brasileirão, com uma equipe que contava com Chicão, Felipe Santana, André
Santos, Henrique (atualmente no Santos) e Cleiton Xavier. Contudo, trocas no
comando do time levaram o Figueira a uma posição intermediária na tabela.
Em 2008, aliado a complicações
financeiras, o problema persistiu e o time foi rebaixado. Em vez de
se desestruturar, o Figueirense reuniu forças e acabou a Série B de 2009 a
poucos pontos do acesso, sendo coroado no ano seguinte com a vaga na Série A.
Diretoria apostou e confiou no trabalho do treinador Jorginho, ex-Goiás. (Foto: Ag. Estado) |
Apesar de uma campanha que deixou
a desejar no Estadual, Jorginho foi mantido e um plano foi traçado, começando pela
montagem do elenco que disputaria o Brasileirão. O resultado dessa paciência:
uma campanha que tem tudo para ser a melhor da história do clube.
O Figueirense deste ano desponta como,
além de uma grande equipe, um exemplo para os gigantes do futebol
nacional. Apostou no trabalho de Jorginho desde o começo e entendeu que o jogo
não é ganho apenas dentro de campo, que há todo um preparo que parte da
estrutura do clube e do estádio até a confiança e a aposta na formação de um
grupo de jogadores unido e coeso. Um time com um discurso humilde, que dá
mostras de poder alçar vôos cada vez mais altos.
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