sábado, 19 de novembro de 2011

De novo o velho erro


Caio Júnior conseguiu 52,4% de aproveitamento, o melhor do Bota desde 1995.
O Botafogo de Futebol e Regatas deu, nessa quinta-feira, uma bela demonstração de como não gerir uma equipe de futebol. O clube que desde 1995, quando foi campeão, não fazia uma boa campanha no Brasileirão, terminou 2010 na sexta colocação. Neste ano, a Estrela Solitária vinha novamente fazendo uma boa campanha no nacional. Disputando o título até poucas rodadas atrás, desempenhando um futebol que foi muitas vezes considerado o mais bonito do Brasil e com alguns jogadores se destacando muito, o Fogão fazia um campeonato admirável, que orgulhava a torcida.

De alguns jogos para cá, no entanto, o fogo do Bota parou de queimar. Desde o dia 22 de outubro, quando perdeu de 3 a 2 para o Avaí em Florianópolis, o time de Caio Júnior não vem jogando bem. A rodada seguinte resultou em uma vitória por 1 a 0 contra o Cruzeiro, em um jogo apertadíssimo, e, dali pra frente, apenas derrotas. Em casa, perdeu de 1 a 0 para o Figueira; como visitante 2 a 0 para o Vasco e 2 a 1 para o América Mineiro.

É, de fato, ruim a fase que o Botafogo está enfrentando. As chances de título ficaram muito reduzidas e a vaga na Libertadores está ameaçadíssima, visto que hoje um ponto separa o time do “G-5”, que dará vaga na competição. A solução encontrada pelos dirigentes foi a mais previsível possível. Caio Júnior foi demitido.

É realmente difícil de explicar o que motiva o péssimo momento do Fogão. Nenhum jogador fundamental está desfalcando o time por longa lesão ou suspensão, não parece haver problemas políticos ou financeiros que afetem o grupo de atletas, e o treinador não parece ter feito nenhuma grande mudança no esquema de jogo que vinha funcionando. Os meias Elkeson e Maicosuel, dois principais nomes da equipe ao lado de Loco Abreu, tiveram uma brusca queda de rendimento e não existem explicações aparentes para isso. Mas isso não significa que o técnico tenha que ser mudado.

Qual a explicação que alguém pode dar para o técnico, que era até pouco tempo atrás visto como um dos melhores do ano, ter se tornado subitamente a causa dos problemas do time? Caio Júnior encontrou uma forma de fazer o Bota jogar, fez com que o time figurasse entre os primeiros, indo muito além do que todos esperavam no começo do ano, mas ainda assim, ao menor sinal de decaída, ele foi descartado.

Não sei o porquê, mas parece que os dirigentes de futebol não percebem aquilo que até o menos informado dos torcedores nota. Trocar o técnico não é a solução. Corinthians e Vasco, os dois que disputam o título, não mudaram de treinador, assim como a maior surpresa do campeonato, o Figueirense. Se a mudança fosse motivada por uma descrença no trabalho do treinador, ou até por uma ideologia que não batesse com a dele, a situação seria explicável. Mas como é possível que a ideologia e a competência de Caio tenham mudado de cinco jogos atrás para hoje?

A substituição do treinador mostra mais uma vez o quanto os dirigentes brasileiros são fracos no que diz respeito a aguentar a pressão da torcida. Mostra, também, a incrível falta de respaldo que é oferecida aos treinadores no país. Mas mais do que isso, mostra o quanto é difícil mudar uma mentalidade no Brasil, mesmo que esta seja comprovadamente prejudicial.

O que diriam treinadores como Alex Ferguson e Arsene Wenger  caso se vissem na situação de Caio? A troca de técnicos continua acontecendo a esmo em nosso campeonato. E provavelmente continuará acontecendo. Enquanto isso, nós assistimos, ano após ano, os clubes que não cedem a essa forma de pensar obterem melhores resultados. Será que só eu enxergo isso? Ou será que os administradores de clubes brasileiros é que estão mais preocupados em fazerem o que a torcida quer e  manter uma boa imagem pessoal com ela, do que com o que realmente importa: o clube?

Nenhum comentário:

Postar um comentário