Caio Júnior conseguiu 52,4% de aproveitamento, o melhor do Bota desde 1995. |
O Botafogo de Futebol e Regatas
deu, nessa quinta-feira, uma bela demonstração de como não gerir uma equipe de
futebol. O clube que desde 1995, quando foi campeão, não fazia uma boa campanha
no Brasileirão, terminou 2010 na sexta colocação. Neste ano, a Estrela Solitária
vinha novamente fazendo uma boa campanha no nacional. Disputando o título até
poucas rodadas atrás, desempenhando um futebol que foi muitas vezes considerado
o mais bonito do Brasil e com alguns jogadores se destacando muito, o Fogão
fazia um campeonato admirável, que orgulhava a torcida.
De alguns jogos para cá, no
entanto, o fogo do Bota parou de queimar. Desde o dia 22 de outubro, quando
perdeu de 3 a 2 para o Avaí em Florianópolis, o time de Caio Júnior não vem
jogando bem. A rodada seguinte resultou em uma vitória por 1 a 0 contra o
Cruzeiro, em um jogo apertadíssimo, e, dali pra frente, apenas derrotas. Em
casa, perdeu de 1 a 0 para o Figueira; como visitante 2 a 0 para o Vasco e 2 a
1 para o América Mineiro.
É, de fato, ruim a fase que o
Botafogo está enfrentando. As chances de título ficaram muito reduzidas e a
vaga na Libertadores está ameaçadíssima, visto que hoje um ponto separa o time
do “G-5”, que dará vaga na competição. A solução encontrada pelos dirigentes
foi a mais previsível possível. Caio Júnior foi demitido.
É realmente difícil de explicar o
que motiva o péssimo momento do Fogão. Nenhum jogador fundamental está
desfalcando o time por longa lesão ou suspensão, não parece haver problemas
políticos ou financeiros que afetem o grupo de atletas, e o treinador não
parece ter feito nenhuma grande mudança no esquema de jogo que vinha
funcionando. Os meias Elkeson e Maicosuel, dois principais nomes da equipe ao
lado de Loco Abreu, tiveram uma brusca queda de rendimento e não existem explicações aparentes para isso. Mas isso não significa que o técnico tenha que
ser mudado.
Qual a explicação que alguém pode
dar para o técnico, que era até pouco tempo atrás visto como um dos melhores do
ano, ter se tornado subitamente a causa dos problemas do time? Caio Júnior
encontrou uma forma de fazer o Bota jogar, fez com que o time figurasse entre
os primeiros, indo muito além do que todos esperavam no começo do ano, mas
ainda assim, ao menor sinal de decaída, ele foi descartado.
Não sei o porquê, mas parece que
os dirigentes de futebol não percebem aquilo que até o menos informado dos
torcedores nota. Trocar o técnico não é a solução. Corinthians e Vasco, os dois
que disputam o título, não mudaram de treinador, assim como a maior surpresa do
campeonato, o Figueirense. Se a mudança fosse motivada por uma descrença no
trabalho do treinador, ou até por uma ideologia que não batesse com a dele, a
situação seria explicável. Mas como é possível que a ideologia e a competência
de Caio tenham mudado de cinco jogos atrás para hoje?
A substituição do treinador
mostra mais uma vez o quanto os dirigentes brasileiros são fracos no que diz
respeito a aguentar a pressão da torcida. Mostra, também, a incrível falta de
respaldo que é oferecida aos treinadores no país. Mas mais do que isso, mostra
o quanto é difícil mudar uma mentalidade no Brasil, mesmo que esta seja
comprovadamente prejudicial.
O que diriam treinadores como
Alex Ferguson e Arsene Wenger caso se
vissem na situação de Caio? A troca de técnicos continua acontecendo a esmo em
nosso campeonato. E provavelmente continuará acontecendo. Enquanto isso, nós
assistimos, ano após ano, os clubes que não cedem a essa forma de pensar
obterem melhores resultados. Será que só eu enxergo isso? Ou será que os administradores
de clubes brasileiros é que estão mais preocupados em fazerem o que a torcida
quer e manter uma boa imagem pessoal com ela, do que com o que realmente
importa: o clube?
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