Neymar e calopsita: pena de um, bico de outro |
Lembro que certa vez, quando criança, estava com um tio na
arquibancada de um jogo que considero homérico. Tratava-se do clássico “sei lá
quem” contra “não me pergunta que não sei”. A classificação de jogo memorável,
lógico, só se fazia na minha cabeça. Digo que foi um jogo especial, pois marcou
meu crescimento e o que pensava sobre o mundo da bola. Eu saía da infância
para a adolescência; o futebol, da brincadeira para o esporte.
Mas não só isso que me faz recordar dessa partida entre times
que desconheço. Foi aqui que me apresentaram Márcio Pintinho. O goleiro, até
então amador, que, disseram-me depois, jogou pela Caldense, time da minha
cidade – cujo CT se chama Ninho do Periquitos.
Em um primeiro momento, achei o nome gozado apenas. Um
moleque ainda no futebol chamado Pintinho, cuja evolução seria virar Frango. Como
já conhecia o jargão futebolístico do goleiro frangueiro, pensava quem foi o
maldoso que colocou um apelido no rapaz que representa a pior qualidade que
pode ter para sua profissão. Estava esse tal Márcio fadado a ser frangueiro e o futuro
não foi muito diferente. Uma pena.
A nomenclatura das aves é recorrente no futebol. Lembremos, por exemplo, uma ave clássica do
futebol brasileiro. Paulo Roberto Falcão. O amigo do Galvão Bueno nos
comentários da Globo tem seu ninho no Internacional de Porto Alegre, mas já
voou por outros continentes. Jogou na Itália pela Roma e viajou o mundo pela
Seleção Brasileira.
Seriedade é a marca dessas duas aves |
Outro que nasceu no ninho do Inter é Alexandre Rodrigues da Silva, chamado na intimidade apenas por Pato. Revelação do time sulino, o apelido
vem da cidade onde nasceu: Pato Branco. Ainda como seu amigo de rapina, o
inofensivo Pato desfila suas penas pelos gramados da Itália.
Mas pássaro que promete voar mais alto é Paulo Henrique, o
menino Ganso. Jogando ao lado do craque Neymar – e seu cabelo de calopsita -, é
uma das promessas a levar o Peixe (ops), o Santos ao título do Mundial.
Vale destacar que todos os citados são ou foram craques
pelos times por que passaram. Será uma sina das aves no futebol? Torçamos para
que voem alto pela Seleção Canarinho.
*Texto publicado no Jornal Mantiqueira do dia 20/11/2011
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