por Renan Fantinato
Fa.bu.lo.so: adj. 1- que concerne ao
legendário, às narrativas criadas pela imaginação; 2- que tem caraterísticas
de fábula; s.m. 1- que concerne a Luis Fabiano, às suas jogadas que terminam em
gol. 2- tem características de matador.
Im.pe.ra.dor: s.m. 1- soberano de um
império, de uma nação; 2- aquele que rege com autoridade suprema; 3- Adriano,
representante de uma nação, aquele que joga com habilidade suprema.
Dois jogadores, dois craques,
dois vocábulos com uma história em comum. Ambos eram motivos de desconfiança e
estavam apagados, mas ressurgiram e mostraram os seus poderes na reta final do
Campeonato Brasileiro.
O primeiro é Luis Fabiano. Sua
fábula era a bola e com ela fazia magias. Encantava, brincava e chamava as redes
para dançar. Foi mostrar sua fábula para o mundo e as redes espanholas foram
chamadas para o baile 107 vezes. Mas o Fabuloso queria voltar a fabular em sua
terra amada.
Voltou então para o clube que o
ensinou a contar histórias, onde havia iniciado de verdade sua saga.
Quarenta e cinco mil são-paulinos foram receber Luis Fabiano no Morumbi. Era mais
que qualquer outro personagem; era o Fabuloso.
São-paulinos lotam estádio na volta de Fabuloso (Créditos: ig.com.br) |
Mas então, como acontece em toda
fábula, chega o momento em que surge um problema, um imprevisto. O empecilho
estava no joelho: lesões que deixaram Luis Fabiano fora dos gramados por quase
seis meses. Isso fez com que sua fábula
perdesse o brilho. Suas histórias já não encantavam mais. A narrativa chegou ao
clímax quando o atacante voltou aos gramados, mas teve atuações discretas e até
perdeu um pênalti. Algumas pessoas passaram a acreditar que a fábula não se tornaria
realidade. Outras defendiam que esse era um gênero do passado e que nunca mais
seria o mesmo.
Mas não estamos falando de
formigas, cigarras, raposas, leões e outros personagens de fábulas. Estamos
falando do Fabuloso. Em poucos parágrafos, Luis Fabiano se reergueu. Mostrou
que é matador, e que um matador nunca morre: marcou dois gols na última rodada.
Como toda fábula, a dele também tem uma moral: não duvide de quem já mostrou
que sabe.
Quem tem uma história parecida a
essa é Adriano. Como já foi explicado outrora, o Imperador reinava na Itália.
Mas, depois de algumas turbulências, resolveu abdicar de seu poder para entrar
na arriscada missão de ser imperador em uma república: a República Popular do
Corinthians.
Adriano veio para o Timão em março deste ano (Divulgação) |
Mas o Imperador também foi ferido:
uma lesão no tendão de Aquiles que acarretou longos meses fora dos campos de
batalha. Foi aí que surgiram as tentações do Império da cidade de São Paulo. Boates,
mulheres, bebidas. Some tudo isso à dificuldade que Adriano teve em recuperar a
sua forma ideal.
E, como aconteceu com o Fabuloso, o Imperador
também foi alvo de críticas. Também falaram que Adriano nunca mais voltaria a imperar.
Mas o verdadeiro torcedor corintiano sabia que ele iria ressurgir. Sabia que
poderia demorar, mas que o Imperador mostraria sua força. E ele mostrou no
momento ideal.
Antes disso, mostrou que se
adaptou muito bem à república. Começou no banco de reservas. É claro que
iniciou a partida entre os suplentes por causa de sua forma física. Porém, em nenhum
momento sentiu-se maior. Sabia que fazia parte de um grupo. Sabia que esse
grupo sentia a falta do matador. Sabia que sua hora estava chegando. E chegou
aos 43 do segundo tempo.
A arena era o Pacaembu. O
espetáculo era Corinthians X Atlético-MG. Os visitantes estragavam a festa dos
donos da casa. Eis que surge um contra-ataque. E Adriano contra-atacou suas
críticas. Manifestou sua habilidade. Provou que ainda é Imperador. Estufou as
redes com a classe de quem impera. Um gol de uma importância enorme que já
entrou na história do clube. Um gol que relembrou outro craque que há pouco
tempo encantava com a camisa alvinegra. Quem aí lembra de um certo Fenômeno e
de seus gols decisivos?
Fabuloso e Imperador. São seres
humanos, têm seus erros e suas limitações. Mas são diferenciados, são craques e
voltaram a jogar bola. Faltando duas rodadas, duas missões são propostas: a
vaga na Libertadores para um; o título para outro. Alguém ainda duvida que Luís
Fabiano e Adriano possam levar seus times a cumprir essas missões?
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