quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Entraves do Itaquerão às claras


Estima-se que o Itaquerão esteja pronto em dezembro de 2013
(Foto: Divulgação)
Tema de grande discussão nas mais diferentes esferas públicas do país, a construção do futuro estádio do Corinthians gera polêmicas desde que foi firmado o acordo entre o clube e a construtora Odebrecht, em julho deste ano. O acerto fez com que o prefeito Gilberto Kassab sancionasse a lei que previa incentivos fiscais para a realização da obra.

Com o benefício, cerca de R$ 400 milhões deixam de ser arrecadados pelo governo do Estado de São Paulo. O Corinthians fica isento de pagar até 60% do IPTU e de Impostos Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Além disso, nesse valor está inclusa a concessão de Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CIDs), que facilitam a instalação de empresas em áreas próximas ao Itaquerão.

Entretanto, as críticas em torno das isenções fiscais são, na maioria das vezes, descabidas. Antes que clubistas mais ferrenhos mordam os cotovelos, indignados, vale conhecer o verdadeiro problema do envolvimento do Estado na construção da arena. Os incentivos não representam montantes de dinheiro retirados dos cofres públicos e depositados diretamente nos bolsos de Andrés Sanchez. A participação pública em uma construção privada não é algo inédito. Trata-se de um meio muito utilizado pelos governos para trazer desenvolvimento a uma determinada região e, consequentemente, aumentar a receita através de geração de recursos.

O problema em relação ao Fielzão diz respeito a dois aspectos peculiares, sendo um consequência do outro: inexiste um projeto que realmente destine-se ao desenvolvimento de Itaquera. Isso porque – e daí depreende-se o segundo ponto – o verdadeiro objetivo do Estado é viabilizar a construção de uma arena que atenda às exigências da Fifa, para garantir a presença de São Paulo no Mundial de 2014.

Novo modelo de gestão das arenas brasileiras 

Paralela à discussão em torno dos incentivos fiscais, está uma nova tendência para gerir estádios no Brasil. Além da venda dos naming rights a grandes empresas, extremamente vantajosa para os clubes, está a presença de instituições privadas para gerenciar os estádios – a BRL Trust administrará o Itaquerão.

O sonho corintiano custará
R$ 1 bilhão, segundo Andrés Sanchez
(Foto: Divulgação/Odebrecht)
No caso do Corinthians, o valor trazido pela venda dos naming rights é o argumento utilizado para garantir que a dívida de R$400 milhões será paga ao Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). Contudo, antes que se possa especular se o pagamento do empréstimo acontecerá sem imprevistos, é preciso que o contrato seja definido o quanto antes, para que o que houve com o Atlético-PR não aconteça também com o clube paulista – o time paranaense teve o contrato com a Kyocera rompido porque o estádio se popularizara sob o nome de Arena da Baixada.

E, antes que se caia na discussão vazia e mais uma vez clubista de que o Itaquerão não pertencerá ao Corinthians, é preciso destacar que, além de rentável, esse modelo de administração livra a manutenção do estádio da sujeira que rodeia a cartolagem brasileira. Isso garante que pessoas especializadas mantenham o bom funcionamento da arena e ainda aproveitem o espaço para a promoção de eventos, gerando, através de contratos de exclusividade, receita para o clube. Essa mesma estratégia será adotada pelo Palmeiras (com a WTorre) e pelo Grêmio (com a OAS Arenas).

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