domingo, 1 de janeiro de 2012

Domingo de ressaca



Depois de vestir roupas brancas e abraçar familiares, torcedores brasileiros afogaram-se em copos de cerveja e uísque ou taças de prosecco. Ouviram-se fogos por todos os lugares, que, diferente do que imaginaria um avô sonolento, não anunciavam gols ou finais de campeonato. Era o início de um novo ano e a continuação do recesso nos gramados.

Ironicamente, janeiro começou em um domingo. Ouvidos despertaram e perceberam o barulho da chuva pelas janelas dos quartos. Olhos preguiçosos e ressacados abriram-se e fitaram o céu cinza e escuro desta manhã. Estômagos vazios roncaram. Tradicionais almoços de família espalhados por todos os meses deram lugar à comilança de tudo o que sobrou do dia anterior.

A tarde caiu, o tempo passou e as quatro horas chegaram sem apitos de juízes ou mentes atentas à televisão. Apesar de tantas diferenças, muitos corações bateram forte de ansiedade, se não pelo início de partidas, pela temporada que virá. Pés direitos, sete ondas puladas, orações e simpatias objetivaram os mais diferentes fins. Entre empregos melhores, resoluções para problemas antigos ou novos amores, muitos, à meia noite, suplicaram algo relacionado a futebol.

Sair finalmente da lama, voltar à boa vida, conquistar a sonhada Libertadores. São muitas as preces feitas a santos padroeiros ou ao cosmos – para os céticos que não negam uma superstição nas horas complicadas do clube do coração. 

Camisas aguardam ansiosamente o dia de finalmente sair da gaveta para ir ao encontro de um ambiente tão familiar: a arquibancada. Em breve, multidões deslocar-se-ão pelas capitais brasileiras para começar tudo outra vez, como se fosse a primeira. A paixão e os gritos engastados, entretanto, serão exatamente os mesmos do ano anterior e não diminuirão a cada Réveillon.

@mandiml

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