“Ele
insiste, briga pela bola... insiste Ronaldinho, pro Rivaldo, abriu espaço,
bateu pro gol... Oliver Kahn... Ronaldinho bateu... GOOOOOL!” (Narração de Galvão Bueno do primeiro gol do Brasil contra a Alemanha).
Quem irá se
esquecer daquela seleção de 2002? Aquela que trouxe a última Copa do Mundo para
o Brasil. Aquela de Cafu, Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo.
Aquela que tinha um santo debaixo da meta protegendo o gol. A seleção que contava com aquele
que viria a se tornar o maior artilheiro de todas as Copas, superando mitos do
futebol como Gerd Müller e Pelé. Pode-se dizer que essa é um das seleções que ficará na memória
de todos os brasileiros.
Não gostaria
de transformar este texto em um daqueles em que se diz o quanto o tempo passa,
que a vida é efêmera ou algo do gênero. Mas, de fato, ele passa. E passa muito
rápido. Você já percebeu que em junho desse ano o título de 2002 fará 10 anos?
Isso mesmo, 10 anos. Há 10 anos, Rivaldo soltou aquele pombo sem asa, Oliver
Kahn falhou e Ronaldo estava ali para anotar. Há 10 anos, o mesmo camisa 10
daquela seleção, em um momento de genialidade, conseguiu, sem tocar na bola,
deixar o camisa 9 de frente para o gol, para fazer o segundo do Brasil.
De fato o
tempo passa, e os remanescentes daquela seleção vão ficando cada vez mais
escassos. Do elenco de 23 jogadores, já são 12 o número de aposentados. Só no
início deste ano, o elenco do penta teve duas perdas. São Marcos pendurou as
chuteiras para a tristeza não só da torcida palmeirense, mas de todos que
vibraram com suas defesas milagrosas em 2002. Além dele, Ricardinho, aquele que
passou por Corinthians, Santos e São Paulo, e que vestiu no ano passado a
camisa do Bahia, também deu adeus à vida de jogador para se tornar técnico do
Paraná Clube.
Sem ritmo de jogo, Ronaldo foi chamado por Felipão para a Copa de 2002. Em campo, o atacante mostrou porque é exemplo de superação (Foto: AE) |
Em 2011, a
perda também foi grande. Foi o mito Ronaldo que se aposentou, após a precoce
eliminação de seu time, o Corinthians, na Taça Libertadores diante do
desconhecido Tolima. Logo após assinar com o Ceará, o lateral-direito Belletti também pendurou as chuteiras
O ano de
2010 foi o que marcou a despedida de muitos daquele elenco, no entanto a
maioria era coadjuvante naquele time, então não tiveram tanto alarde da
imprensa. Os que deram tchau aos gramados foram Edilson, o capetinha, Juninho
Paulista e Roque Júnior (que chegaram a disputar juntos o Campeonato Paulista
de 2010 pelo Ituano), o lateral-esquerdo Júnior, que além de campeão do mundo
com a Seleção, também foi campeão de quase tudo com o São Paulo (Libertadores e
Mundial de 2005 e tricampeão brasileiro -2006, 2007, 2008), Denílson, famoso
por seus dribles, e o matador Luizão, que teve passagens por vários grandes
clubes do Brasil, inclusive o Corinthians, clube no qual foi campeão mundial em
2000.
Outro que
também se retirou dos gramados foi Cafu. Ao término de seu contrato com o
Milan, o capitão do penta retornou ao Brasil e recebeu propostas de clubes como
Santos e Palmeiras, mas decidiu não aceitá-las. Só em 2010 o recordista em
atuações com a amarelinha anunciou que se aposentaria em definitivo.
Dos remanescentes daquela seleção que ainda estão em atividade, muitos já passaram
do auge da carreira. Jogadores como Edmilson, Kléberson e Dida estão atualmente
sem clube. O primeiro atuou no Ceará no ano passado, mas não renovou seu
contrato para 2012. Já o segundo estava por empréstimo no Atlético-PR, clube
que o levou à Seleção, mas foi deixado de lado pelo Flamengo, clube que detinha
seu passe, e também não teve seu contrato renovado. Já o veterano Dida está sem
clube há algum tempo. Em 2010, o goleiro anunciou sua saída do Milan, clube que
defendeu desde 2000 (tendo sido emprestado ao Corinthians em 2001 e 2002).
Mesmo assim, o goleiro diz que ainda está em atividade, que estuda propostas e
pretende atuar por mais dois anos.
O lateral
Roberto Carlos anunciou, nesta segunda-feira, que o ano de 2012 será o seu
último como jogador. Além dele, Rivaldo também esteve perto de se retirar dos
gramados, mas decidiu assinar com o Kabuscorp, da Angola.
"É Penta! É Pentacampeão mundial o futebol brasileiro!" (Foto: Antonio Scorza/Reuters) |
Kaká,
Ronaldinho Gaúcho, Lúcio e Rogério Ceni. O primeiro briga por uma posição no
elenco galáctico do Real Madrid; o segundo é o principal jogador do Flamengo;
Lúcio ainda figura nas convocações de Mano Menezes e é titular da Inter-ITA;
Rogério Ceni é titular do São Paulo (no entanto, por conta de uma lesão no
ombro, o goleiro ficará fora dos gramados por seis meses).
Outros que
ainda estão em atividade, mas já não brilham como em 2002, são Gilberto Silva, que atualmente
defende o Grêmio, e Anderson Polga, que está no Sporting-POR.
Seja mais apagado
ou mais brilhante no cenário mundial, o importante é que esse grupo de 2002
marcou seu nome na história. Por mais que um jogador X nunca tenha defendido um
grande clube europeu, ele pode dizer: eu participei daquela equipe, eu fui
campeão do mundo! Daqui 20 ou 30 anos, as gerações futuras verão os vídeos
dessa partida e
dirão: “Rapaz, esse Ronaldo tinha um faro de gol”, “Esse tal de Marcos aí era
quase um santo mesmo”, “Esse camisa 11 com a bola nos pés foi um gênio”. Da mesma
forma que aquele time de 62, que contava com Djalma Santos, Garrincha, Pelé e
cia, ou o de 70, de Carlos Alberto Torres, Gerson, Rivellino, Tostão, e de novo
ele, Pelé, ficou marcado na história, os 23 jogadores mais toda a comissão técnica, especialmente o treinador Luis Felipe Scolari, também serão eternizados. Enquanto o futebol ainda existir, pode
ter certeza que esses heróis do penta ainda serão lembrados. Existe glória maior
que isso: fazer a diferença e ser lembrado para sempre?
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