segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Pra sempre na história



“Ele insiste, briga pela bola... insiste Ronaldinho, pro Rivaldo, abriu espaço, bateu pro gol... Oliver Kahn... Ronaldinho bateu... GOOOOOL!” (Narração de Galvão Bueno do primeiro gol do Brasil contra a Alemanha).

Quem irá se esquecer daquela seleção de 2002? Aquela que trouxe a última Copa do Mundo para o Brasil. Aquela de Cafu, Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo. Aquela que tinha um santo debaixo da meta protegendo o gol. A seleção que contava com aquele que viria a se tornar o maior artilheiro de todas as Copas, superando mitos do futebol como Gerd Müller e Pelé. Pode-se dizer que essa é um das seleções que ficará na memória de todos os brasileiros.

Não gostaria de transformar este texto em um daqueles em que se diz o quanto o tempo passa, que a vida é efêmera ou algo do gênero. Mas, de fato, ele passa. E passa muito rápido. Você já percebeu que em junho desse ano o título de 2002 fará 10 anos? Isso mesmo, 10 anos. Há 10 anos, Rivaldo soltou aquele pombo sem asa, Oliver Kahn falhou e Ronaldo estava ali para anotar. Há 10 anos, o mesmo camisa 10 daquela seleção, em um momento de genialidade, conseguiu, sem tocar na bola, deixar o camisa 9 de frente para o gol, para fazer o segundo do Brasil.

De fato o tempo passa, e os remanescentes daquela seleção vão ficando cada vez mais escassos. Do elenco de 23 jogadores, já são 12 o número de aposentados. Só no início deste ano, o elenco do penta teve duas perdas. São Marcos pendurou as chuteiras para a tristeza não só da torcida palmeirense, mas de todos que vibraram com suas defesas milagrosas em 2002. Além dele, Ricardinho, aquele que passou por Corinthians, Santos e São Paulo, e que vestiu no ano passado a camisa do Bahia, também deu adeus à vida de jogador para se tornar técnico do Paraná Clube.

Sem ritmo de jogo, Ronaldo foi chamado por Felipão para a
Copa de 2002. Em campo, o atacante mostrou porque é
exemplo de superação (Foto: AE) 
Em 2011, a perda também foi grande. Foi o mito Ronaldo que se aposentou, após a precoce eliminação de seu time, o Corinthians, na Taça Libertadores diante do desconhecido Tolima. Logo após assinar com o Ceará, o lateral-direito Belletti também pendurou as chuteiras


O ano de 2010 foi o que marcou a despedida de muitos daquele elenco, no entanto a maioria era coadjuvante naquele time, então não tiveram tanto alarde da imprensa. Os que deram tchau aos gramados foram Edilson, o capetinha, Juninho Paulista e Roque Júnior (que chegaram a disputar juntos o Campeonato Paulista de 2010 pelo Ituano), o lateral-esquerdo Júnior, que além de campeão do mundo com a Seleção, também foi campeão de quase tudo com o São Paulo (Libertadores e Mundial de 2005 e tricampeão brasileiro -2006, 2007, 2008), Denílson, famoso por seus dribles, e o matador Luizão, que teve passagens por vários grandes clubes do Brasil, inclusive o Corinthians, clube no qual foi campeão mundial em 2000.


Outro que também se retirou dos gramados foi Cafu. Ao término de seu contrato com o Milan, o capitão do penta retornou ao Brasil e recebeu propostas de clubes como Santos e Palmeiras, mas decidiu não aceitá-las. Só em 2010 o recordista em atuações com a amarelinha anunciou que se aposentaria em definitivo.

Dos remanescentes daquela seleção que ainda estão em atividade, muitos já passaram do auge da carreira. Jogadores como Edmilson, Kléberson e Dida estão atualmente sem clube. O primeiro atuou no Ceará no ano passado, mas não renovou seu contrato para 2012. Já o segundo estava por empréstimo no Atlético-PR, clube que o levou à Seleção, mas foi deixado de lado pelo Flamengo, clube que detinha seu passe, e também não teve seu contrato renovado. Já o veterano Dida está sem clube há algum tempo. Em 2010, o goleiro anunciou sua saída do Milan, clube que defendeu desde 2000 (tendo sido emprestado ao Corinthians em 2001 e 2002). Mesmo assim, o goleiro diz que ainda está em atividade, que estuda propostas e pretende atuar por mais dois anos.


O lateral Roberto Carlos anunciou, nesta segunda-feira, que o ano de 2012 será o seu último como jogador. Além dele, Rivaldo também esteve perto de se retirar dos gramados, mas decidiu assinar com o Kabuscorp, da Angola.

"É Penta! É Pentacampeão mundial o futebol brasileiro!"
(Foto: Antonio Scorza/Reuters)
Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Lúcio e Rogério Ceni. O primeiro briga por uma posição no elenco galáctico do Real Madrid; o segundo é o principal jogador do Flamengo; Lúcio ainda figura nas convocações de Mano Menezes e é titular da Inter-ITA; Rogério Ceni é titular do São Paulo (no entanto, por conta de uma lesão no ombro, o goleiro ficará fora dos gramados por seis meses).

Outros que ainda estão em atividade, mas já não brilham como em 2002, são Gilberto Silva, que atualmente defende o Grêmio, e Anderson Polga, que está no Sporting-POR.

Seja mais apagado ou mais brilhante no cenário mundial, o importante é que esse grupo de 2002 marcou seu nome na história. Por mais que um jogador X nunca tenha defendido um grande clube europeu, ele pode dizer: eu participei daquela equipe, eu fui campeão do mundo! Daqui 20 ou 30 anos, as gerações futuras verão os vídeos dessa partida e dirão: “Rapaz, esse Ronaldo tinha um faro de gol”, “Esse tal de Marcos aí era quase um santo mesmo”, “Esse camisa 11 com a bola nos pés foi um gênio”. Da mesma forma que aquele time de 62, que contava com Djalma Santos, Garrincha, Pelé e cia, ou o de 70, de Carlos Alberto Torres, Gerson, Rivellino, Tostão, e de novo ele, Pelé, ficou marcado na história, os 23 jogadores mais toda a comissão técnica, especialmente o treinador Luis Felipe Scolari, também serão eternizados. Enquanto o futebol ainda existir, pode ter certeza que esses heróis do penta ainda serão lembrados. Existe glória maior que isso: fazer a diferença e ser lembrado para sempre?

Nenhum comentário:

Postar um comentário