terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Todos por um


Seleção da Bósnia cumpre importante papel na formação de uma identidade nacional.
A República da Bósnia e Herzegovina tornou-se independente da Iugoslávia em abril de 1992. Depois disso, ainda, vários conflitos étnico-religiosos ocorreram no país, interna e externamente.

A segregação faz parte da história do país. Etnicamente, a população compõe-se de bósnios (48%), sérvios (37,1%) e croatas (14,3%) - dados do censo 2000 -, entre outras etnias numericamente menores. Cada etnia segue, majoritariamente, uma religião. Respectivamente, bósnios, sérvios e croatas seguem, em maioria arrasadora, o Islamismo, o Cristianismo Ortoxo e a Igreja Católica Romana.

As diferenças transpassam para a política: a Bósnia e Herzegovina possui três autoridades, um representante bósnio, um sérvio e um terceiro croata, que se revezam em ‘turnos’ de oito meses, durante os quatro anos de mandato.

Com toda essa separação, sempre foi difícil estabelecer na Bósnia um sentimento de unidade, de nação. Aos poucos, essa dificuldade vai sendo superada, e com grande ajuda do futebol. Mas nem sempre foi assim.

Formada em 1993, a seleção nacional de futebol da Bósnia e Herzegovina encontrou dificuldades desde o princípio. Muitos atletas nascidos no território bósnio acabaram optando por defender outras seleções de países da ex-Iugoslávia, seja por melhores condições sociais e econômicas, ou por identificação. Entre esses, destacam-se Mario Stanic, integrante da seleção croata na campanha do terceiro lugar na Copa de 1998 e Darijo Srna, destaque também da Croácia nos dias atuais.
Seleção da Bósnia e Herzegovina
Devido à fragmentação da população e à Guerra da Bósnia, apenas em 1997 foi possível organizar um campeonato nacional. A Federação de Futebol da Bósnia e Herzegovina só foi oficialmente reconhecida pela FIFA em 1996. Por essas e outras, reunir um grupo de jogadores para representar o país sempre foi um problema.

As campanhas da Bósnia nas competições europeias vêm evoluindo. De 2002 para cá, a ascensão é evidente: alcançaram o 4º lugar em 2002, 3º em 2006 e 2º em 2010. E, por muito pouco, o time de Dzeko não conseguiu a classificação para a Eurocopa deste ano.

A atual seleção da Bósnia e Herzegovina tem jogadores importantes, e aparece como candidata a beliscar uma das vagas para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. O time, treinado por Safet Susic, tem entre seus destaques Misimovic, Pjanic, Ibisevic e o destaque do poderoso Manchester City, Edin Dzeko.

No Grupo 7 das Eliminatórias, ao lado de Grécia, Eslováquia, Lituânia, Letônia e Liechtenstein, a Bósnia tem boas chances de classificação. Embora mais tradicionais e presentes na última Copa do Mundo, gregos e eslovacos terão muito trabalho para parar os bósnios.

Dzeko: craque bósnio do City
Resultados à parte, o bom momento da seleção bósnia e o surgimento de ídolos nacionais como Dzeko, Ibisevic e Pjanic, entre outros, colaboram com a união de um país, outrora tão segmentado. Bósnios, sérvios e croatas estão, hoje, juntos em torno de um único objeto: a bola de futebol.

2 comentários:

  1. Muito bom texto! Sempre bom ver coisas diferentes sobre assuntos que parecem não ter tanto haver com futebol mas que na verdade tem! Parabéns!!!

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  2. Muito bom o texto. Certamente poucos teriam escolhido este país para falar de futebol. Isso mostra o quanto essa região não deixa de revelar talentos mesmo com guerra e tensão política quase que sendo uma rotina no seu território.

    Não poderia deixar de lembrar aos amantes do tênis o exemplo da Sérvia - nos últimos 5 anos, colocou três nomes no topo do ranking. Além de Novak Djokovic, que venceu quase TUDO em 2011, Jelena Jankovic e Ana Ivanovic (essa é um espetáculo!) também deixaram seu nome no topo do tênis!

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