terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A volta da lenda


Foto: football365.com

Thierry Henry voltou pra casa. Depois de cinco temporadas fora - três no Barcelona e duas no New York Red Bulls -, o atacante francês reestreou ontem com a camisa do Arsenal. A partida contra o Leeds United, tradicional time inglês, foi válida pela terceira fase da FA Cup, torneio profissional de futebol mais antigo do mundo.

O regulamento da FA Cup é diferente do que estamos acostumados a ver: as fases são disputadas em jogo único, mas, em caso de empate, um segundo jogo - chamado de replay - é realizado no estádio da equipe visitante. Para tentar o replay, o Leeds entrou em campo recuado, e o primeiro tempo terminou com um 0x0 feio e chato de se ver. Porém, o intervalo parece ter feito bem aos Gunners. O time londrino voltou mais concentrado para a segunda etapa, e o gol parecia ser uma questão de tempo. O Arsenal atacava, atacava, perdia chances e mais chances.

Mesmo sendo o craque que todos conhecemos e o maior artilheiro da história do Arsenal, Henry começou o jogo no banco de reservas. O francês só deve estar 100% fisicamente para a partida contra o Milan, dia 15 de fevereiro, pelas oitavas de final da Liga dos Campeões. Aos 23 minutos do segundo tempo, porém, Arsène Wenger preparou duas substituições, e não foi a histórica camisa 14 que levantou a torcida. Theo Walcott, jovem atacante inglês, herdou a 14 quando Henry se transferiu para o Barcelona. Henry fez o Emirates Stadium balançar com a camisa 12, a mesma que escreveu a história de Thierry pela seleção francesa. E o estádio viria a tremer outra vez por causa dele.

Na temporada 2003/2004, o Arsenal foi campeão inglês de maneira invicta. Foi apenas a segunda vez que isso aconteceu - a primeira foi logo na temporada de estreia do campeonato nacional da Inglaterra, quando o Preston North End, atualmente na terceira divisão, foi o campeão. Thierry Henry marcou fantásticos 30 gols nas 38 rodadas, e os Gunners somaram não menos incríveis 90 pontos para conquistar a Premier League. Aquele time sensacional do Arsenal, além de contar com Henry em sua fase áurea, tinha também Pirès, Vieira, Ljungberg e Bergkamp. Nenhum desses craques joga mais pela equipe londrina - a maioria já está aposentada. Porém, Henry, por si só, foi suficiente pra levar o Arsenal à quarta rodada da FA Cup.

Foto: folha.uol.com.br
Dez minutos. Esse foi o tempo que o homem que tem uma estátua na entrada do Emirates Stadium demorou para fazer o estádio tremer de novo. A sorte, a torcida e os deuses do futebol estavam com Henry. O volante camaronês Alexandre Song fez questão de que a bola também estivesse, e, com um passe primoroso, deixou o atacante sozinho na área do Leeds. O tempo parou. A cena foi lenta. Enquanto Henry dominava a bola, já ajeitando para finalizar, flashes dos momentos gloriosos do francês pelo Arsenal passavam na cabeça dos torcedores. O arremate. Enquanto a bola saía dos pés de Henry e se desviava do goleiro, em direção à parede esquerda da rede, os adeptos sentiam a estátua tomar vida e invadir o gramado para fazer história novamente. A torcida ficou enlouquecida, e não poderia ser diferente. Nada poderia ser melhor. Tudo o que os torcedores do Arsenal poderiam desejar aconteceu nessa segunda-feira. Reestreia de um dos maiores - se não o maior - ídolos do clube, com um gol cheio de paixão e heroísmo e com uma classificação não menos emocionante.


Apesar de toda a emoção sentida hoje, a torcida do Arsenal não pode esperar uma equipe competitiva como a de 2003/2004, que foi campeã inglesa invicta, ou a de 2005/2006, finalista da Champions League. Os Gunners sequer poderão contar com Henry por muito tempo - o atacante está emprestado pelos americanos do New York Red Bulls, e o contrato tem duração de apenas dois meses. 

Sabemos que Arteta não é Pirès, Gervinho não é Ljungberg e Chamakh não é Bergkamp. Porém, Henry é sempre Henry, e a camisa do Arsenal é como uma injeção de poderes no atacante francês. Portanto, torcida do Arsenal, aproveite esse momento mágico, porque não é todo dia que uma lenda retorna para escrever as últimas linhas da sua fantástica história.

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