segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Entre a cruz e a espada

Um santo a menos para nos proteger 

O ano de 2012 já demonstra sinais de fim dos tempos, pelo menos no futebol. Se a bola anda parada dentro de campo, fora dele os acontecimentos mostram um ano que começou difícil para quem gosta do esporte.

Apesar de ser o início do século XXI, a história desse começo de ano rememora o tempo dos antigos, dos altos muros, dos burgos e dos vassalos. De um lado, o Imperador. Do outro, um Santo.

Enquanto um tenta forçar sua soberania pelo poder, o outro se mostra grandioso pela simpatia e capacidade de fazer milagres - e que milagres. Enquanto o atacante Adriano comemora seu final de ano com explicações na delegacia, o goleiro Marcos, de um Palmeiras tímido no ano passado, deixa os campos para virar santo.

Assim começa a história do ano em que o mundo vai acabar. Podem parecer dois fatos que não têm ligação, mas são intimamente unidos. Ambos são dois ótimos jogadores, craques que representaram muito bem a Seleção Brasileira. Mas Adriano se mostra fraco em qualidades nas quais Marcos é uma fortaleza: carisma, paciência e ética.

Jogadores de futebol são pessoas públicas e, como tal, são exemplos para muitos jovens e adultos, sobretudo para garotos de baixa renda que sonham em viver do esporte. O Imperador Adriano, acima das leis e do mundo, não raro esquece o que representa e protagoniza cenas de ação, posando com belas armas de fogo  ao melhor estilo do Capitão Nascimento. Às vezes, o jogador parece que pede para sair. 

Enquanto isso, acima do céu, lá onde os santos raramente descansam, São Marcos decide que é hora de parar. Péssimo para o futebol, que já perdeu um ídolo há pouco; péssimo para os palmeirenses, que perderam um dos melhores goleiros do mundo; péssimo para os outros torcedores que viam no goleiro um motivo a mais para ligar a televisão; péssimo para os meninos do futebol, que perderam um exemplo.

Para Marcos, a sabedoria, mais uma vez, mostrou ser excelente. O pentacampeão mundial é um ídolo de seu time, ainda em boa forma, não espera entrar no ostracismo para deixar os gramados. Tão importante quanto saber lutar é saber desistir da luta.

Talvez seja essa a maior virtude do goleiro. Marcos foi um dos mais habilidosos jogadores do futebol brasileiro com certeza, mas foram seu carisma e suas ações fora de campo que conquistaram tantos fãs palmeirenses ou não.



A exemplo de Adriano e com a aposentadoria de Marcos, fica a pergunta: em quem queremos que nosso filhos se espelhem? O futebol precisa de um novo santo.

@wakkalves

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