quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Bitch, please

por Felipe Altarugio

Recentemente, uma publicação da Sports Illustrated Magazine, revista norte-americana, trazia um ranking dos melhores jogadores de futebol de todos os tempos. Messi liderava o ranking a frente de, respectivamente, Maradona, Cruyff e Pelé.

Sim, amigos, o Rei do Futebol na quarta posição. Barbárie. Não é com a intenção de bancar o “pacheco” (denominação dada aos jornalistas excessivamente nacionalistas brasileiros) que escrevo estas linhas. Messi é um fenômeno. O melhor do mundo, sem sombra de dúvida. Mas falta muito para alcançar Maradona, e quem dirá Pelé.

O argentino, para começar, é uma decepção jogando pela sua seleção. Joga horrivelmente abaixo do nível que apresenta no Barcelona. Pelé, por outro lado, ganhou duas Copas, jogando. Desconsideraremos 1962, quando o Rei, no auge de sua carreira, lesionou-se na segunda partida do Brasil na Copa do Chile e ficou à parte na conquista do bicampeonato. Mas, com 17 anos, em 1958, encantou o mundo e trouxe a primeira Copa para o Brasil, importada da Suécia. Em 1970, o planeta se rendeu novamente ao talento do Rei do Futebol. Então, os defensores de La Pulga surgirão e dirão: ‘mas no Barcelona o Messi joga muito’.

Se vamos analisar o Messi do Barcelona, nada mais justo que tratar do Pelé do Santos. Antes disso, vale ressaltar a surra que Edson aplicou em Lionel no quesito Seleção e Copas do Mundo.

Messi, multicampeão, multipremiado, multiartilheiro. Marcou 34 gols em 35 jogos na Liga Espanhola na temporada 2009/2010. Na temporada seguinte, foram 53 gols, se somadas todas as competições que disputou. Um número invejável, de fato.

Pelé, contudo, por três vezes ultrapassou a marca de 100 gols em uma temporada. Em 1959, foram 126 marcados em 104 partidas. Em 1965, 106 gols em 75 jogos. Uma incrível média de 1,41 gol por jogo ao longo de um ano inteiro. Mais de 1000 partidas disputadas, artilheiro em 17 das mais importantes competições disputadas pelo Peixe.

Em toda a sua carreira, Pelé conquistou sessenta títulos. Foi o mais jovem campeão e bicampeão de uma Copa do Mundo. O único a marcar gols em quatro Copas diferentes. Artilheiro do Paulistão em 1958, marcando 58 gols em um único torneio. Bicampeão da América e do Mundo pelo Santos. Só não ganhou mais porque o torneio continental, à época, não era viável às equipes brasileiras. Bitch, please...

A discussão ainda é bastante insensata. Pelé não foi melhor que Messi: é, ainda, muito superior. No clube, e, indiscutivelmente, na Seleção. O argentino é jovem, tem apenas 24 anos. Tem muito a conquistar e muito a ganhar. Talvez, no futuro, a discussão se torne mais justa. Por enquanto, porém, é difícil bater Pelé. Não temos, infelizmente, a mesma quantidade de vídeos, imagens e materiais de Pelé que temos de Messi. O pouco que temos, contudo, é suficiente para dizer que foi o atleta do século.

Quanto aos norte americanos, que ousaram não só tirar o Rei do primeiro lugar, mas colocá-lo em quarto, fica a suspeita de sua credibilidade. Afinal, demoraram a compreender até que futebol se joga com uma bola redonda. Tentam entender do esporte há um tempo, até sediaram uma Copa do Mundo, mas parecem estar bem distantes disso. Conhecer futebol: you’re doing it wrong.


@felipealtarugio

Nenhum comentário:

Postar um comentário