segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Não é mais o mesmo


O dia era 26 de maio de 2004. Enquanto você fazia sabe-se lá o que (e eu também), Porto e Mônaco entravam na Arena AufSchalke, tomada por 52 mil pessoas, sob o som da música mais arrepiante do futebol mundial. Era dia de decisão. Era dia de final de Champions League.

O dia era 24 de fevereiro de 2012. Enquanto eu me deliciava com os quitutes da minha querida avó, Mônaco e Laval subiam ao gramado de um Louis II com um modesto público de quatro mil pessoas. Obviamente, não era jogo de Liga dos Campeões. Porém, surpreendentemente, não era jogo nem de primeira divisão.

Depois de eliminar Real Madrid e Chelsea nas quartas e semi-finais da UCL, respectivamente, a equipe francesa estava confiante - e não era pra menos. O timaço que contava com Evra, Giuly e Morientes (artilheiro da competição) encararia um Porto também surpreendente e cheio de estrelas no jogo mais esperado da temporada.
Fernando Morientes era o craque do Mônaco
vice-campeão Europeu
(Foto: Divulgação)
As expectativas monaquistas não eram nada boas para a partida contra o Laval. Os visitantes, na parte intermediária da tabela, vinham produzindo muito mais que a equipe do Principado. O Mônaco, aliás, amargava a penúltima colocação na tabela da Ligue 2.

O apito inicial do dinamarquês Kim Nielsen veio e trouxe com ele a realidade. O Mônaco era forte, mas não era nem de longe um time que escapasse da alcunha de 'surpresa' ao chegar na final da Champions. O Porto, além de forte, era mais forte.

O apito inicial de Hakim Ben El Hadj veio e trouxe com ele a esperança. O Mônaco não é forte, tampouco o Laval. Mas o Mônaco é grande. Tem camisa. Tem história.



Carlos Alberto, aquele chinelinho encrenqueiro mesmo meio-campista que atuou por Fluminense, São Paulo e Bahia abriu o placar para os Dragões portugueses aos 39 do primeiro tempo. Na segunda etapa, Deco, aos 26, e o russo Alenichev, aos 30, completaram os sonoros 3x0 do Porto pra cima do Mônaco.

Viale, aos 17 do primeiro tempo, abriu o placar para o Laval. Dirar, aos 32, empatou para o Mônaco, e Germain foi o responsável pela virada da equipe da casa aos 36 do segundo tempo. Fim de jogo no Louis II. Mônaco 2, Laval 1.
Valere Germain garantiu a quarta vitória do Mônaco
em 24 jogos na Ligue 2
(Foto: Divulgação)
Apesar da goleada sofrida, a equipe francesa saiu de campo de cabeça erguida; foi a maior campanha do Mônaco na história da Liga dos Campeões, e, talvez, a mais comemorada entre todas as competições disputadas por ele na história.

Apesar da vitória suada, o Mônaco saiu de campo sabendo que ainda ocupa a penúltima colocação na tabela da Ligue 2 e que ainda precisará batalhar muito para não cair para a terceira divisão.

E é aqui que as histórias se cruzam. Uma derrota que deixou um sentimento de orgulho e dever cumprido, e uma vitória suada e vergonhosa. Não pela partida em si, mas pela situação atual de um dos maiores times da França. A contradição entre vitória triste e derrota valorizada persiste. E a de um gigante na segunda divisão também.

Obs. 1: o Mônaco foi rebaixado da Ligue 1 na temporada passada, quando terminou o campeonato na 18ª posição. O problema da equipe foi a grande quantidade de empates (17 em 38 jogos). Para se ter uma ideia, o Mônaco perdeu apenas 12 vezes, duas a menos (isso mesmo, a menos!) que o Sochaux, que terminou a temporada passada na quinta posição e garantiu vaga na Liga Europa.

Obs. 2: Depois de participar da campanha histórica do Mônaco na UCL 2003/2004, Ludovic Giuly passou por Barcelona, Roma e PSG. Desde o ano passado o atacante está de volta ao Mônaco, e é a principal esperança da torcida para fugir da Ligue 3. O problema é que Giuly não é mais o mesmo. E o Mônaco, infelizmente, também não.

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