sábado, 4 de fevereiro de 2012

Terror em campo


Mais de setenta mortos e mil feridos. Este é o saldo da lamentável confusão ocorrida na cidade de Porto Said, no Egito, após e partida entre Al-Masry e Al-Ahly. Não é a primeira vez que uma tragédia desse tipo ocorre e quiséramos nós que fosse a última.

Neste caso, em particular, há muito o que investigar e apurar sobre o ocorrido. Motivações políticas? Negligência? Falta de segurança? Ganância?

O ex-presidente da Federação Egípcia de Futebol, deposto do cargo na última quinta-feira (02), teria agido como um faraó dos tempos antigos, protegido em seu ‘palácio’, enquanto o povo de todo  sofria?

A batalha campal não foi uma surpresa: o conflito era iminente, e o então mandatário do futebol egípcio, Samir Zahed, também sabia disso, bem como as autoridades políticas do país. Perimitiram, porém, que se realizasse a partida.

É fácil submeter-se a esse tipo de risco quando se está seguro no gabinete da Federação.Valia a pena para Zahed, pelo dinheiro envolvido no campeonato, arriscar, e mais ainda permitir que terceiros o fizessem.

Segundo informações da polícia egípcia, os torcedores da casa foram incitados por pistoleiros presentes nas arquibancadas a invadir o gramado e agredir jogadores, integrantes da comissão técnica e torcedores do time rival. Como indivíduos armados entram em um estádio de futebol? Aí, toca-se em outro ponto crucial: como agiu a polícia presente no estádio?

(Foto: AFP)
De acordo com jogadores e o treinador do Ah-Ahly, os policiais e soldados foram omissos quanto à intervenção na tragédia iminente. Alguns vão além: afirmam que estava tudo armado desde o princípio. O que ocorreu, infelizmente, já ocorreu, e as motivações serão alvo de investigações oficiais.

Para entender mais do que houve, é preciso voltar um pouco no tempo. Os Ultras Al-Ahly, organização de torcedores radicais do clube de Cairo, foi um dos principais grupos manifestantes contra o ex-chefe de estado egípcio Mubarak. Junto com o ex-presidente, foi-se a reputação da polícia do Egito, que passou a ser acusada de tortura e decisões arbitrárias. Essa seria uma das motivações da suposta ‘complacência’ dos oficiais para com os bandidos que invadiram o gramado.

O Campeonato será paralisado por tempo indefinido. A cúpula da Federação foi dissolvida pelo governo. São atitudes cabíveis, mas ainda falta muita coisa, como apurar os reais culpados e investigar a ação da polícia, entre outras medidas que devem ser tomadas. Ainda que sejam, porém, não apagarão da História mais uma lamentável cena de violência em um estádio de futebol.




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