por Felipe Altarugio
Mais de setenta mortos e mil feridos. Este é o saldo da
lamentável confusão ocorrida na cidade de Porto Said, no Egito, após e partida
entre Al-Masry e Al-Ahly. Não é a primeira vez que uma tragédia desse tipo
ocorre e quiséramos nós que fosse a última.
Neste caso, em particular, há muito o que investigar e
apurar sobre o ocorrido. Motivações políticas? Negligência? Falta de segurança?
Ganância?
O ex-presidente da Federação Egípcia de Futebol, deposto do
cargo na última quinta-feira (02), teria agido como um faraó dos tempos antigos,
protegido em seu ‘palácio’, enquanto o povo de todo sofria?
A batalha campal não foi uma surpresa: o conflito era iminente, e o então mandatário do futebol egípcio, Samir Zahed, também sabia disso, bem como as autoridades políticas do país. Perimitiram, porém, que se realizasse a partida.
A batalha campal não foi uma surpresa: o conflito era iminente, e o então mandatário do futebol egípcio, Samir Zahed, também sabia disso, bem como as autoridades políticas do país. Perimitiram, porém, que se realizasse a partida.
É fácil submeter-se a esse tipo de risco quando se está
seguro no gabinete da Federação.Valia a pena para Zahed, pelo dinheiro
envolvido no campeonato, arriscar, e mais ainda permitir que terceiros o
fizessem.
Segundo informações da polícia egípcia, os torcedores da
casa foram incitados por pistoleiros presentes nas arquibancadas a invadir o
gramado e agredir jogadores, integrantes da comissão técnica e torcedores do
time rival. Como indivíduos armados entram em um estádio de futebol? Aí, toca-se em outro ponto crucial: como agiu a polícia presente no estádio?
(Foto: AFP) |
Para entender mais do que houve, é preciso voltar um pouco
no tempo. Os Ultras Al-Ahly, organização de torcedores radicais do clube de Cairo,
foi um dos principais grupos manifestantes contra o ex-chefe de estado egípcio
Mubarak. Junto com o ex-presidente, foi-se a reputação da polícia do Egito, que
passou a ser acusada de tortura e decisões arbitrárias. Essa seria uma das
motivações da suposta ‘complacência’ dos oficiais para com os bandidos que
invadiram o gramado.
O Campeonato será paralisado por tempo indefinido. A cúpula
da Federação foi dissolvida pelo governo. São atitudes cabíveis, mas ainda
falta muita coisa, como apurar os reais culpados e investigar a ação da polícia,
entre outras medidas que devem ser tomadas. Ainda que sejam, porém, não
apagarão da História mais uma lamentável cena de violência em um estádio de
futebol.
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