É óbvio que o elenco palmeirense carece de
peças de reposição. Por mais que a equipe titular possa brigar pelo título das
competições que disputará, lesões e suspensões podem tirar peças chaves do time
em momentos cruciais.
Com a linha de três volantes e um “trequartista”,
esquema parecido com o do Milan de Massimiliano Allegri, Marcos Assunção tem
menos obrigatoriedade de marcar e se desgasta menos. Valdivia e Daniel Carvalho
devem brigar pela posição mais ofensiva do meio-campo, uma vez que Felipão não
deve desfazer esse esquema tático do time.
"O Felipão quer dinheiro para comprar mais um volante. Pelo amor de Deus!" Essa é uma das várias críticas a Felipão nas redes sociais (Foto: Ale Cabral) |
Uma das peças que falta para completar esse
quebra-cabeça é Wesley, meio-campista que já treina no Palestra Itália há
algumas semanas. O ex-santista deve entrar na vaga de João Vitor e jogar como
segundo ou terceiro homem de meio-de-campo. No entanto, para que o volante estréie
com a camisa alviverde, o Palmeiras precisa pagar ao Werder Bremen, da
Alemanha, a “primeira parcela” de 4,6 milhões de reais, que faz parte do
valor total de mais de 21 milhões de reais.
Para adquirir esse montante, o marketing
palmeirense entrou em ação e criou uma proposta para que os torcedores doem o
dinheiro que será utilizado para a compra de Wesley. O plano foi posto em
prática há menos de uma semana, mas a quantia arrecadado não alcança 2% do
valor total. Até agora o clube conseguiu pouco mais de 375 mil reais.
A falta de apoio financeiro da torcida do
Palmeiras foi um dos tópicos abordados por Felipão em entrevista que o próprio
deu. O treinador disse: “Fiz um apelo aos nossos torcedores. Se nós quisermos
ter uma equipe de qualidade, temos de acrescentar, como fizemos com Barcos,
Daniel Carvalho”.
Estipula-se que o técnico alviverde ganha, por
mês, cerca de 700 mil reais. Portanto, o montante arrecadado é próximo à metade
do salário de Felipão, que ainda tem a cara de pau de pedir aos torcedores
ajudarem o time. O argumento de que “Vocês que reclamam do time tem agora a
oportunidade de melhorá-lo” não é válida: a função da torcida não é financiar o
time, mas TORCER.
Caro Felipão: você está distorcendo as coisas.
Torcida não foi feita para dar dinheiro para o clube contratar, mas para ir ao
estádio e apoiar o time. É compreensível a ação do marketing, mas o pedido de
Felipão é um pouco demais. Se o salário de Scolari fosse diminuído pela metade,
em pouco mais 13 meses o clube teria a quantia necessária para pagar a primeira
parcela da transferência.
É muita audácia por parte do treinador pedir
doações dos torcedores e não propor uma leve redução de salário. Ou até mesmo
loucura por parte do Palmeiras: será que vale tanto a pena pagar tal quantia ao
treinador e ser incapacitado de melhorar o time? Dorival Júnior, Tite e Ricardo
Gomes, treinadores de Internacional, Corinthians e Vasco, respectivamente,
conquistaram a vaga na Libertadores 2012. Todos ganham menos que Felipão.
Já são quase dois anos à frente do Palmeiras e
o técnico não conquistou nenhum título, não disputou nenhuma partida pela
Libertadores, não chegou sequer a uma final. Com isso chegamos à conclusão que
já foi alcançada diversas vezes, ditas diversas vezes, mas que continua sendo
pertinente: o custo-benefício de Felipão é péssimo, não só por culpa do
treinador, mas pela má distribuição de verba do clube, que resulta em um elenco
que não é forte o suficiente para disputar o título de uma competição nacional,
ou ao menos uma classificação à Libertadores.
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