por Gabriel Oliveira
"Oscar para Hulk", como diz Juca Kfouri? (Foto: Agência EFE) |
Sinto-me plenamente vazio: seja
de convicções, de conteúdo, de análises. Nas páginas cinzas do capítulo,
encontrei a ilusão do “agora”. Singelas páginas me fazem rogar as mesmas
qualidades que outrora tivera para ler, enquanto a aflição saudosista me faz
impaciente frente a tais escritos. A minha súplica é evidente, mas o meu apelo
é epistemicamente vigiado. Sou tolhido. Seria possível solicitar que todos
ponham a mesma camisa de força que a minha para que eu não pareça o único
Napoleão sem tropa? Acredito ter concluído que minha opinião não passa de um obsoleto
e fraco escrito sobre as memórias indeléveis dos vícios cruéis humanos.
Não é simples para mim, mas
forjarei, da forma mais bonita, a narração de um fato consumado, mas pouco
observado. Pois é, jovens, estou de volta!
Foto: Cedoc/Funarte |
“A pátria de calções e chuteiras”
entrou em campo com o seu nobre e sempre apoiado time, Nelson? Pois chamem o
padeiro: Só falta o pão. O circo foi montado durante, aproximadamente, duas
horas. Não, Nelson. Não sou das “esquerdas”. Não acho que o futebol é o “ópio
do povo”. Aliás, o povo é mais esperto do que pensamos, Nelson! Nesse aspecto,
concordo com o Lima. Lembra dele? Povo? Não! O Brasil tem público. Um toureiro
é execrado, defenestrado, agredido, em uma semana, por sua exibição pífia. Na
outra, o público resolve jogar rosas ao toureiro, cruel com os animais que ali
estão. Mas Nelson, não me leve a mal. Estou te usando no momento. Sei que não
posso analisar seus relatos como absolutos para o presente, afinal, fazia parte
de uma época na qual se possibilitava escrever tudo aquilo. Entenda meu lado de
pseudo-escritor e deixe-me apropriar de belíssimas palavras, tudo bem? (Breve
adendo: Nesse momento, verificamos que, em sessão espírita iniciada por volta
das cinco da tarde, o pequeno copo, descartável, incolor, com sobressaliências que
o circundam, orienta-se em direção à opção “SIM”, impressa em papel amarelo e
de letras garrafais verdes – caso Nelson tenha algum problema de vista- colada
a mesa)
Foto: Marcelo Régua/Agência O Dia/AE |
Contemplei a passagem poética da epopeia da Seleção Brasileira que, segundo autor, com seu futebol magnânimo, esmagou, “vitoriosamente”,
os pobres vermelhinhos. Devo traduzir tais conceitos. Na realidade, o combinado
de jogadores que, juntos, vestem-se de amarelo e carregam o brasão da empresa
Teixeira e Marin LTDA (CBF) esmagaram os pobres vermelhinhos. Aliás, ai reside
minha segunda ilusão: os “vermelhinhos” são uma potência mundial, representam
uma nação magnânima no aspecto social, mas no futebol... Portanto, não há
esmagamento. Só há domínio do forte sobre o mais fraco. E não o fraquíssimo
sobre o insignificante. O narrador traiu-me veementemente. Senti-me um órfão de
narrativa, um filme sem roteirista, um livro sem autor.
Para você, leitor, que acompanhou
atentamente os escritos, devo revelar que deixei a minha primeira ilusão de
maneira subliminar. Aliás, devo constatar decepção. No início do fragmento
textual acima, revelei que lera e contemplara uma passagem poética. Por que considerar
poesia? Ora, jovens, vocês podem não ter começado a ler o livro do começo. Mas
eu sim. Os capítulos centrais eram poeticamente sustentáveis e, acima de tudo,
não tinham a soberba de se articular como epopéia. Futebol Brasileiro,
personagem principal dos escritos, para quem não sabe, já foi poesia.
Transformou-se em prosa. Hoje é um anagrama.
Minha terceira ilusão se faz
presente unicamente porque fui enganado. O mundo falso criado pelo público-leitor
me faz chegar à conclusão ilusória de que não devo acreditar naquilo que
suponho ser correto. Pois acredito que
tenha sido enganado! Comprei uma epopeia, em 1930 e estou lendo uma autoajuda,
em 2012. Por sinal, que vendeu muito bem, hoje. Augusto Cury, Futebol Brasileiro
e Público: ensinem-me a chave para o sucesso!
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