sexta-feira, 25 de maio de 2012

O dia em que São Paulo parou



Quarta-feira, 23 de maio de 2012. O dia em que a maior metrópole do Brasil resolveu descansar. São Paulo parou, mas os paulistanos nunca param. Nunca param de trabalhar, nunca param de sofrer, nunca param de sonhar.

Não, eu não estou falando da greve dos funcionários de metrô, que causou um trânsito de 250km na cidade. O congestionamento não é capaz de fazer a Terra da Garoa estacionar. Aliás, poucas coisas têm esse poder. Uma delas é o futebol.

A cidade que nunca para (ou não) Foto: IG

Sim, para pausar São Paulo não é necessário uma chuva de meteoros ou uma invasão de alienígenas. Basta uma bola, duas balizas, três partidas e um único amor. Sem mais enrolações e gradações, São Paulo usou o dia 23 para acompanhar as partidas decisivas dos times que por lá habitam.

A cidade viu o seu mapa ser dividido em três regiões. Uma alviverde, outra tricolor e outra alvinegra. Só um fator as unia: o nervosismo de cada habitante diante da partida de seu time.

Bola rolando, cidade paralisada. Às 19:30h, os olhos paulistanos se voltaram  para a TV. O Palmeiras entrava em campo para enfrentar o Atlético Paranaense, precisando apenas de um empate sem gols ou por 1 a 1 para conseguir a vaga nas semifinais da Copa do Brasil.

Tensão. Os paulistanos alviverdes sabiam que, apesar da tarefa não ser tão complicada, é difícil confiar no Palmeiras.  Já faz algum tempo que as coisas não dão muito certo para a equipe: o último título nacional comemorado nas ruas da Barra Funda foi há 12 anos.

Porém, Luan e Henrique balançaram as redes da Arena Barueri e expulsaram a desconfiança do palmeirense. Toda apreensão transformou-se em alívio.  Para os palmeirenses, restava apenas a tarefa de secar os rivais que iriam jogar logo em seguida.

Valdívia foi um dos destaques do Verdão (Foto: Globo Esporte)

Às 22 horas era a vez de Corinthians e São Paulo encararem seus duelos. Seja no bar ou na arquibancada, pela TV ou pelo rádio, toda atenção da cidade estava voltada para o futebol. A metrópole barulhenta estava silenciosa, com o coração batendo forte e o grito de gol preso na garganta.

Tricolor não deixou o Goiás surpreender


Grito que saiu duas vezes durante a partida do São Paulo, que empatou em 2 a 2 com o Goiás no Serra Dourada. O resultado também garantiu a classificação do Tricolor nas semifinais da Copa do Brasil. Garantiu também a alegria para a cidade de São Paulo. A Copa do Brasil pode ter uma final paulistana e, se isso acontecer, é certo que a metrópole irá parar novamente nesse dia. 


Porém, o jogo mais importante e que gerou mais unhas roídas foi o do Corinthians. O alvinegro iria enfrentar o Vasco pelas quartas-de-final da Libertadores e precisava da vitória. Um empate sem gols levaria a decisão para os pênaltis, e qualquer outro empate classificaria o Vasco.

Uma nação inteira vivendo dentro de uma cidade. Um bando de loucos, sofredores, apaixonados.  A região alvinegra de São Paulo sonha com a volta a uma semifinal de Libertadores depois de 12 anos. Mas para isso, o Corinthians precisava balançar as redes. O tempo passava e o gol não saía.

Para piorar a situação, Tite foi expulso aos 15 do segundo tempo e passou a comandar o time pela arquibancada. No meio do povo, Tite se tornou mais um louco no bando. Mais uma voz que rezou para Diego Souza perder um gol cara a cara com Cássio. E deu certo. Afinal, ontem Deus era paulistano.

Tite vira torcedor no Pacaembu (Foto: Globo Esporte)

Quando já parecia certo que o jogo iria para os pênaltis, Paulinho acertou uma cabeçada, depois de cobrança de escanteio. Gol, festa, superação, lágrimas. A cidade voltou a ser barulhenta.  Barulho de quem via sonho cada vez mais próximo de se tornar real. A cidade voltou a se movimentar: os prédios tremiam com a felicidade daquela nação. A partir dos 42 do segundo tempo, São Paulo voltou a ser São Paulo.

Agora que tudo voltou ao normal, não é mais o nervosismo que une as três regiões futebolísticas de São Paulo. O ponto comum agora é a esperança. E só nos resta esperar até a próxima quarta-feira.

 


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