segunda-feira, 21 de maio de 2012

O campeão dos (não) campeões


A redenção dos Blues foi também a redenção de Didier Drogba e Petr Cech, destaques da campanha. (Foto: Reuters)

Liga dos Campeões - o nome é claro: competição que reúne as melhores equipes da última temporada europeia. Mas com o Chelsea não foi assim, tão ao pé da letra. Os Blues não foram campeões ingleses. Até aí, tudo bem. Muitos times se classificam para as competições continentais sem levantar o caneco em seu país. Mas poucas vezes um time foi tantas vezes tachado como “não-campeão” quanto o time londrino.

Com um time que era considerado um dos piores (o pior, pelos mais radicais) da era Abramovich, o Chelsea superou todos os prognósticos para levantar a taça. Desde o princípio, poucos ousaram tirar o favoritismo do Barcelona, e menos numerosos ainda eram aqueles que indicavam o time então treinado por André Villas-Boas. Tanto pela limitação técnica do time quanto pelo fato de nunca ter tido força para triunfar na Champions antes. Estavam errados.

Por isso, a final de sábado ficará para história. Ainda que todas as decisões de Champions League sejam históricas, o duelo entre Bayern e Chelsea figurará para sempre como uma das mais memoráveis de todos os tempos.

Memorável porque, primeiro, contrariou a lógica e a expectativa de um duelo espanhol entre Real Madrid e Barcelona – lógica que o Chelsea parece ter gostado de contrariar. Depois, pela vitória do desacreditado clube inglês, na casa dos alemães. E pelo jogaço de futebol, não técnico, não tático, mas vibrante.

Nas oitavas-de-final, contra o Napoli, muitos tomaram o clube londrino por eliminado depois da derrota por 3 a 1 na Itália. Um time em crise, que trocou de treinador em plena fase de mata-mata. Contudo, a goleada por 4 a 1 em Londres foi de encontro aos prognósticos. A força dos Blues foi posta à prova nas quartas, diante do Benfica: classificação tranquila, mas sem um futebol vistoso.

Nas semifinais, o adversário seria o Barcelona, melhor time do mundo, do melhor futebol e do melhor jogador do planeta. O Chelsea vinha com sua imagem maculada pelas péssimas atuações na Premier League e pelo futebol tecnicamente fraco apresentado na fase anterior. Calou a todos novamente. Depois da dura vitória por 1 a 0 em Stamford Bridge, empate heroico por 2 a 2 no Camp Nou, com Lionel Messi perdendo pênalti e Cech sendo o melhor jogador em campo. Sofrido!

Na decisão, os Blues encarariam a força do Bayern, algoz do poderoso Real Madrid, dentro da Allianz Arena. Para ajudar, Terry, Raul Meireles, Ramires e Ivanovic estavam fora do confronto. Ainda assim, a cidade de Munique, que amanheceu vermelha, adormeceu azul. Adormeceu azul como toda a Europa.

Os vermelhos tiveram, sim os seus momentos. Vários. Quando, aos 38 minutos do segundo tempo, Tony Kroos levantou e Thomas Mülller superou o goleiro do Chelsea, mais uma vez deram os Blues por terminados. Não contavam, porém, com a gana de Drogba. O atacante marfinense, um dos grandes destaques do time londrino, cabeceou e o goleiro Neuer não conseguiu evitar o empate dos ingleses, aos 43 minutos. 

Na prorrogação, quando o árbitro marcou pênalti para o Bayern, a massa vermelha estava prestes a explodir. Dessa vez, o que esqueceram é que Petr Cech, superado por Thomas Müller, estava decidido a não deixar passar mais nada. E pegou. 

Com o empate em 1 a 1, decisão nos pênaltis. Alguns ainda insistiram em desacreditar na força dos Blues quando o Bayern abriu 1 a 0 na série – Mata desperdiçou e Lahm converteu. Esses céticos teimosos viram, incrédulos, o quase derrotado Chelsea chegar à última cobrança, de Drogba, precisando do gol para o título. Aí, não teve surpresa. 

O Chelsea, tido como derrotado tantas vezes ao longo da competição, venceu todas as previsões e conquistou seu primeiro título europeu. A redenção do time inglês, na Champions League, na temporada e na história. A Europa é, enfim, azul. Uma vitória, não do futebol tático, não do futebol técnico, tampouco do futebol arte. Uma vitória do futebol, puro e simples. Que belo esporte!

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