A redenção dos Blues foi também a redenção de Didier Drogba e Petr Cech, destaques da campanha. (Foto: Reuters) |
Liga dos
Campeões - o nome é claro: competição que reúne as melhores equipes da última
temporada europeia. Mas com o Chelsea não foi assim, tão ao pé da letra. Os Blues
não foram campeões ingleses. Até aí, tudo bem. Muitos times se classificam para
as competições continentais sem levantar o caneco em seu país. Mas poucas vezes
um time foi tantas vezes tachado como “não-campeão” quanto o time londrino.
Com um time
que era considerado um dos piores (o pior, pelos mais radicais) da era
Abramovich, o Chelsea superou todos os prognósticos para levantar a taça. Desde o
princípio, poucos ousaram tirar o favoritismo do Barcelona, e menos numerosos
ainda eram aqueles que indicavam o time então treinado por André Villas-Boas. Tanto pela limitação técnica do time quanto pelo fato de nunca ter tido força para triunfar na Champions antes. Estavam errados.
Por isso, a
final de sábado ficará para história. Ainda que todas as decisões de Champions
League sejam históricas, o duelo entre Bayern e Chelsea figurará para sempre
como uma das mais memoráveis de todos os tempos.
Memorável
porque, primeiro, contrariou a lógica e a expectativa de um duelo espanhol
entre Real Madrid e Barcelona – lógica que o Chelsea parece ter gostado de
contrariar. Depois, pela vitória do desacreditado clube inglês, na casa dos
alemães. E pelo jogaço de futebol, não técnico, não tático, mas vibrante.
Nas
oitavas-de-final, contra o Napoli, muitos tomaram o clube londrino por
eliminado depois da derrota por 3 a 1 na Itália. Um time em crise, que trocou de treinador em plena fase de mata-mata. Contudo, a goleada por 4 a 1
em Londres foi de encontro aos prognósticos. A força dos Blues foi posta à
prova nas quartas, diante do Benfica: classificação tranquila, mas sem um futebol
vistoso.
Nas
semifinais, o adversário seria o Barcelona, melhor time do mundo, do melhor
futebol e do melhor jogador do planeta. O Chelsea vinha com sua imagem maculada
pelas péssimas atuações na Premier League e pelo futebol tecnicamente fraco
apresentado na fase anterior. Calou a todos novamente. Depois da dura vitória
por 1 a 0 em Stamford Bridge, empate heroico por 2 a 2 no Camp Nou, com Lionel
Messi perdendo pênalti e Cech sendo o melhor jogador em campo. Sofrido!
Na decisão,
os Blues encarariam a força do Bayern, algoz do poderoso Real Madrid, dentro da
Allianz Arena. Para ajudar, Terry, Raul Meireles, Ramires e Ivanovic estavam
fora do confronto. Ainda assim, a cidade de Munique, que amanheceu vermelha,
adormeceu azul. Adormeceu azul como toda a Europa.
Os vermelhos
tiveram, sim os seus momentos. Vários. Quando, aos 38 minutos do segundo tempo,
Tony Kroos levantou e Thomas Mülller superou o goleiro do Chelsea, mais uma vez
deram os Blues por terminados. Não contavam, porém, com a gana de Drogba. O
atacante marfinense, um dos grandes destaques do time londrino, cabeceou e o
goleiro Neuer não conseguiu evitar o empate dos ingleses, aos 43 minutos.
Na
prorrogação, quando o árbitro marcou pênalti para o Bayern, a massa vermelha
estava prestes a explodir. Dessa vez, o que esqueceram é que Petr Cech,
superado por Thomas Müller, estava decidido a não deixar passar mais nada. E
pegou.
Com o empate
em 1 a 1, decisão nos pênaltis. Alguns ainda insistiram em desacreditar na
força dos Blues quando o Bayern abriu 1 a 0 na série – Mata desperdiçou e Lahm
converteu. Esses céticos teimosos viram, incrédulos, o quase derrotado Chelsea
chegar à última cobrança, de Drogba, precisando do gol para o título. Aí, não
teve surpresa.
O Chelsea,
tido como derrotado tantas vezes ao longo da competição, venceu todas as
previsões e conquistou seu primeiro título europeu. A redenção do time inglês,
na Champions League, na temporada e na história. A Europa é, enfim, azul. Uma
vitória, não do futebol tático, não do futebol técnico, tampouco do futebol
arte. Uma vitória do futebol, puro e simples. Que belo esporte!
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