sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Carta a um velho amor



Dois meses depois de receber uma carta de aniversário, outra mensagem chega à caixa postal do Palestra Itália:

O Remetente (Foto: Marcos Ribolli)

Meu querido Palmeiras,

Sempre sou visto como o “cara bigodudo mal-educado e estressado” quando me pronuncio em público. Concordo um pouco com isso e admito que não sou o gaúcho mais calmo do mundo. Mas estamos passando por um problema difícil. Eu preciso muito desabafar e contar o que realmente estou sentindo. Para isso, preciso te mostrar um lado sentimental que poucos conhecem.

Eu me lembro como se fosse ontem do nosso primeiro encontro. Já faz bastante tempo, foi em 1997, quando começamos a construir uma história de companheirismo, fidelidade, seriedade e principalmente de amor. Sempre ouvia dizer que Palmeiras e Felipão foram feitos um para o outro. De fato passamos por belos momentos, formamos uma família e realizamos sonhos meus, seus e dos 18 milhões de filhos que tanto te amam. Bah, como é belo o amor dos seus filhos. Filhos que me adotaram como pai, aliás.

Foram três anos de alegria juntos, mas depois tivemos que nos separar. Não vamos discutir aqui se a culpa foi de fulano ou de sicrano, mas o fato é que, modéstia à parte, percebi que você entrou em depressão após o divórcio. Pode ter sido mera coincidência. Porém, desde que nos separamos em 2000, você não foi feliz de verdade. Tá, em 2008, você viveu um bom momento com aquele carioca lá (Vanderlei era o nome dele?), mas não durou muito.

Então, resolvemos voltar. Dia 13 de junho do ano passado, iniciamos um novo relacionamento. Eu e você estávamos ansiosos e criamos muitas expectativas de trazer o sorriso de volta para a boca dos seus milhões de filhos. O clima parecia bom e tínhamos as peças necessárias para construir uma caminhada de alegria juntos.

Contudo, não foi bem assim. Tudo ficou morno entre a gente e tivemos que deixar para 2011 a esperança de que as coisas se acertassem. E, nos primeiros meses do ano, tivemos uma nova decepção. Aliás, as nossas tentativas sempre resultam em decepções. Barbaridade!

Mas o segundo semestre conseguiu ser ainda pior pra gente. Dia após dia surgia um problema novo. Um dos seus empregados passou a ficar sempre de licença médica ou viajando para o Chile. Outro foi agredido na porta de casa. Outro demonstrou ter mau caráter, discutiu comigo e se recusou a trabalhar (fico grato por você ter entendido meu lado nesse episódio). Assim como nossa situação, o clima dentro de casa está tenso.

É nessas horas que surgem as “tentações da vida”. Percebendo nossa crise, sua vizinha da casa tricolor demonstrou estar interessada por mim e até me fez uma proposta indecente. Mas você sabe que sou fiel. Além disso, não tenho mais idade pra ficar pulando o muro! Saiba que eu quero o melhor para você. Se você acha que será feliz sem mim, sairei da sua vida sem guardar mágoas. Mas enquanto você estiver afim, eu estarei contigo.

Por que tudo está dando errado para gente, tchê? Será que sou eu ou é você? Viro noites pensando nas respostas para essas perguntas, mas não as encontro. Eu não aguento mais tanto sofrimento! Apesar do azar, dos defeitos e dos problemas que tanto nos perseguem, temos que continuar tentando. Se não tentarmos, se pensarmos que não dá para melhorar, é aí que, de fato, não vamos conseguir. Não podemos deixar que a esperança de ser feliz, como no passado, se apague. Eu só te quero bem, meu amado Palmeiras.

Ass: Luiz Felipe Scolari (pra você, Felipão)

Nenhum comentário:

Postar um comentário