quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Hairspray



Na tarde de hoje, véspera do duelo entre Brasil e Costa Rica, uma notícia da Seleção teve destaque nos noticiários. Escalação? Cortes? Esquema tático? Não. A bola da vez é, de novo, o cabelo de Neymar. O atacante do Santos e da nossa seleção anunciou que estreará um novo ‘hairstyle’ nesta sexta-feira. Ah, agora vai!

É espantoso, pra não dizer patético, como essas e outras trivialidades têm mais espaço que o futebol em si. Na Copa América, saíram muitas e muitas matérias sobre os penteados da Seleção, desde o moicano de Neymar até o estranho topete usado por Robinho ou o estilo ‘Bello’ de Dani Alves.

Assistir aos noticiários esportivos, muitas vezes, pouco diferia de assistir ao TV Fama. Não víamos o futebol, mas sabíamos quem era mais vaidoso, quem gostava de usar condicionador e quem estava em grande fase nos jogos de videogame na concentração.

Entrosamento: Neymar auxilia Robinho com seu pentado. (Veja matéria completa)
(Foto: Reuters)

E, nos jogos, nada. Quem sabe o spray de cabelo utilizado pelos jogadores no vestiário não atingiu os olhos de nossos cobradores de pênaltis no jogo contra o Paraguai? Talvez Elano tenha sido ‘cegado’ por um descuidado espirro de laquê e teve seu desempenho comprometido.

Vendo esse tipo de coisa, chego a me sentir ofendido. Entendo isso como ‘Bom, o time está ruim e pode tropeçar mais uma vez, mas se o penteado novo do Neymar for bonito, então tudo bem.’. Isso tudo é um reflexo do que acontece em campo.

Assim como o futebol vinha sendo deixado de lado nos jogos do Brasil, também é trocado por essa série de inutilidades nos noticiários. E muitas vezes o público aceita isso. Esquecem as discussões sobre Ricardo Teixeira, sobre futebol, sobre escalações, mas comentam o estilo de cada jogador. Das críticas feitas a Robinho na Copa América, a maioria se direcionava ao topete do jogador, em vez de aludir ao fraco futebol apresentado pelo atacante. Quando digo fraco, faço-o com um enorme esforço para manter a cordialidade.

O futebol brasileiro chegou a um ponto onde o estilo do jogador parece ser tão importante quanto o seu futebol. Quem sofre com isso é Mano Menezes, que, passando bem longe de possuir uma vistosa cabeleira, tem mais dificuldade para agradar à exigente torcida. 

10 comentários:

  1. Infelizmente, isso virou moda. Um consegue ser pior que o outro. Mas, poucas vezes, tentam ser melhores em campo. Foi-se o tempo no qual o importante era o gol, a raça e as 'cutucadas' fora de campo. Tempos de Romário, Renato Gaúcho, Edmundo, Paulo Nunes, Jardel, Vampeta e outros. O futebol moderno é lastimável. Tudo é politicamente correto. E as coisas mais prejudiciais ligadas ao futebol são desprezadas, como bem dito por você no texto. Enfim, uma viadagem sem tamanho.

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  2. Boa análise! É realmente triste ver o cabelo dos jogadores ser mais importante que o futebol, assim como acontece na música. Gostei do post.

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  3. Muito bom, sr. Felipe. Realmente é patética a importância que eles dão aos cabelos, deveriam parar de com isso e se empenhar mais nos jogos.

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  4. O pior durante a Copa América eram os comentários sobre as novelas da Globo. Triste essa Seleção, sem mais.

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  5. Também, a mídia muitas vezes, exalta muito mais essas notícias sobre o novo estilo/corte de cabelo de um jogador do que o futebol propriamente dito :S

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  6. A apropriação de jogadores como um modelo para o consumo conduz o futebol para um caminho um tanto quanto perigoso. Condição essa apoiada pelos meios de comunicação, que controla o pensamento "alheio". E o brasileiro se comporta como "alheio", nessas circunstâncias.
    Por mim, os jogadores podem usar até peruca, desde que a vaidade não suplante o profissionalismo. Acho que o maior problema que o Felipe ressaltou brilhantemente é justamente o domínio da vaidade sobre o profissionalismo.
    Mas iria mais longe. Em qualquer outro emprego isso NUNCA seria permitido. No futebol, é permitido. Acho que é muito mais uma questão estrutural, que tem que ver com a cultura do futebol e o modo como convenientemente e coniventemente os meios de comunicação tratam do tema. É uma tendência. Devemos apenas tomar cuidados para que uma tendência não se torne lei e, de maneira imperativa, controle o futebol.

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  7. Olha, por mais que eu não acompanhe o futebol e tal, essas notícias sempre me irritam. Volta e meia os sites de esporte trazem na capa essas notícias, e, como vc mesmo falou, são totalmente irrelevantes para o esporte. Ótima análise Cicano, e fica uma dica para os ou meios de comunicação, que se preocupam mais com a cor do cadarço de um jogador do que com a própria técnica. Parabéns man!

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  8. O pior durante a Copa América eram os comentários sobre as novelas da Globo.[2]

    Muito fato isso e o globoesporte ficava falando de não sei quem que engravidou na novela e o futebol, nada. Bom texto e muito legal o blog de voces!

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  9. tah na hora de darem importancia p futebol foi mais um jogo horrivel do brasil contra a c rica que ganhou na sorte e pq o time deles é mto horrivel

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