sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Veni, vidi, vici


Em um dos vilarejos mais perigosos do Rio de Janeiro, a Vila Cruzeiro, no ano de 1982, nascia um guerreiro. Um guerreiro tão forte que faria deste lugar tão inóspito seu lar. Robusto guerreiro de fato, 1,89m de altura e um físico que faz inveja até aos mais temidos gladiadores.

O marcial fazia parte de um exército rubro-negro, e, desde as primeiras batalhas, já se provava diferente dos demais. Tão poderoso este combatente que as tropas de sua própria terra não mais bastavam. Foi buscar conquistas na Itália.

Desta vez não era sua armadura a rubro-negra, mas sim a de seu inimigo. O exército internacional de Milão era seu destino. Logo em sua primeira batalha, cravou sua espada no peito de um dos mais poderosos da Europa. O Real Madrid não tinha defesas suficientes para impedir este soldado. No entanto, ele ainda não estava pronto.

Seu líder decidiu então mandá-lo para exércitos menos importantes, esperando que ele se aprimorasse. Não demorou. No exército de Florença o guerreiro fez poucas vítimas, mas, em Parma, se tornou general. Um general magnífico. A cada dois combates ao menos uma vez os inimigos sentiam o gosto de sua lâmina. Ele estava pronto.

O general estava de volta a Milão. Com uma diferença, desta vez o líder seria ele. As primeiras 16 batalhas resultaram em 15 golpes deste que não mais seria chamado de general, mas sim imperador. O imperador Adriano. Temido por todo o continente, admirado por todo o mundo. Sua força e seu golpe canhoto chegaram a causar a sensação de invencibilidade. Nem Alexandre, o Grande, nem mesmo Júlio César. O comandante que estava pronto para conquistar o mundo era Adriano.

Muitas batalhas foram vencidas, honrarias recebidas e prestígio conquistado. Ninguém ousava ameaçar  este monarca. Entretanto, Adriano cairia. Cairia por uma perda que atingira seu único ponto vulnerável. Seu coração. Almir Leite Ribeiro, o pai de nosso paladino, era o responsável por lhe amparar, por lhe fortalecer, por dar cobertura a suas surpreendentemente existentes fraquezas.

Sem este apoio Adriano não era o mesmo. Faltava-lhe concentração, disciplina, e até mesmo o tão marcante vigor. Tudo aquilo que este guerreiro havia desenvolvido e aprimorado ao longo de sua história épica estava posto em xeque. Ser imperador de Milão sem um braço direito que fosse já não valia a pena, ter sua posição posta em questionamento foi simplesmente a gota d'água. Foi aí que veio a decisão. Parafraseando outro grande líder, Adriano preferia ser o primeiro numa pequena aldeia no Brasil a ser o segundo comando em Milão.

Ele estava de volta. Desta vez em um dos mais desenvolvidos centros do continental território. São Paulo. O antigo imperador seria agora general da milícia que levava o nome de suas próprias terras. Nesta parte da narrativa não houve surpresas. Muitas vítimas foram feitas, mas algo que não estava nos planos deste semi-herói aconteceria. Ele regressava, após curtos 6 meses, antes mesmo de conseguir conquistar o povo paulista, para a terra onde se tornou figura lendária. Ele estava pronto, mas não estava feliz.

Um homem, por mais imponente que seja, não pode lutar contra suas próprias vontades. Não é surpresa que o império milanês nunca voltaria a ser de Adriano. Como já havia demonstrado, ser segundo comando na Itália de nada valia a este líder nato. Um ato de rebeldia e personalidade mudaria novamente sua rota de batalhas. Adriano abandonou as terras nas quais ganhou reconhecimento, para voltar às terras nas quais era conhecido antes mesmo de nascer.

Adriano após fazer gol no Flamengo.
(Foto: flagol.com.br)
No vilarejo onde nasceu, nas terras onde cresceu, para ser general do exército pelo qual deu suas primeiras espadadas. Adriano estava feliz. Não é difícil imaginar do que foi capaz este marcial em condições propícias. O exército da gávea, sob seu comando, conquistou o Brasil. Grandes militares, no entanto, não sobrevivem sem grandes desafios, e ser respeitado nas redondezas de seu próprio vilarejo não mais era suficiente. Daí pra frente, o general não foi o mesmo.

O retorno para a Itália era um erro óbvio. Em Roma, os campos de batalha não tiveram o privilégio de presenciar um golpe que fosse de Adriano. O retorno ao Brasil era questão de tempo. Um desafio finalmente seduziu este fantástico comandante em franco descenso. Se reerguer de tal forma que conseguisse tornar-se imperador em uma república.

A República Popular do Corinthians estava em um momento de puro crescimento. Adriano seria um dos mais influentes membros do exército. Seria mais do que general, seria o marechal deste batalhão. Um batalhão com 30 milhões de seguidores. Todavia, ser marechal significa não ser absoluto, mas sim, ser peça, mesmo que fundamental, de um sistema. Seus seguidores não querem isso.

O povo não quer mais um burocrático homem republicano. O povo não quer mais um um comandante de exército que se limita a fazer sua função. Nem mesmo o marechal parece querer isso. Ele chegou e se feriu antes mesmo de ir à luta, mas está recuperado. Adriano voltará a batalhar. E os corintianos não esperam que ele seja apenas o que veio para ser. Nem mesmo que seja o que dizem que ele será, mas sim o que já foi um dia. Mesmo que seja em uma república. Seja Adriano, o imperador.

4 comentários:

  1. Realmente um post diferenciado. Eu já visitei muitos blogs, principalmente de futebol, e todos traziam sempre as mesmas opiniões prontas e não utilizavam outros recursos linguísticos (como a metáfora otimamente utilizada nesse post) senão os básicos.
    Continuem assim!
    Ah eu também gostaria de saber a sua opinião sobre o Imperador, sobre o que você achou das performances dele nos jogos.

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  2. Olha cara, até aqui ele de fato n produziu nada....deu um bom passe pro paulinho contra o botafogo que acabou n sendo gol e só....mas tá no começo ainda, axo que ele vai crescer no time...

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  3. É, tem que levar em conta também o tempo que ele ficou sem jogar. Eu, particularmente, achei ele mentalmente lento, várias bolas ele não dominou, ou não conseguiu completar a jogada, como se ele não "soubesse" o que fazer. Agora, fisicamente, eu acho que não tem do que reclamar.

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  4. Ritmo de jogo também faz falta neh....vamos dar tempo pro cara, ainda da pra melhorar MUUUuuuuito...

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