sábado, 5 de novembro de 2011

Farinha do mesmo saco


(Foto: Marcos Arcoverde/AE)
Juvenal Juvêncio. Presidente de um “clube diferenciado”. Uma figura no mínimo controversa.

Ricardo Teixeira. Presidente da Confederação Brasileira de Futebol e do Comitê Organizador Local da Copa de 2014. Dispensa maiores apresentações.

Amigos?

A rixa entre CBF e São Paulo era antiga, mas segundo Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol, “o mundo do futebol muda muito”. Muda mesmo. Principalmente quando os interesses de dois lados vão de encontro.

A reaproximação aconteceu no início dessa semana, assim que surgiu a possibilidade do Morumbi sediar a Copa das Confederações. Uma vez que o Itaquerão não estará pronto até junho de 2013, ano do evento, o palco mais óbvio para receber os jogos na capital paulista parece ser mesmo o tricolor. Pelo menos é assim que pensa Juvenal Juvêncio, que teria até acertado – com uma empresa privada – o acordo para as obras de reforma e cobertura do estádio.

O apoio da CBF e o aval da Fifa seriam primordiais para a adequação do Morumbi aos padrões do evento, além da inevitável cessão de benesses públicas e incentivos fiscais ao São Paulo Futebol Clube.

A entrada da cidade também nos planos da Copa das Confederações é mais uma artimanha de Ricardo Teixeira para alfinetar Dilma Rousseff, levando mais investimentos e infraestrutura para um cenário “tucano” às vésperas de ano eleitoral no Brasil. 

(Foto: Divulgação)
Desde que assumiu, Dilma se mostra relutante em apoiar o presidente da CBF, fazendo o possível para afastar o seu governo de possíveis escândalos envolvendo a Copa do Mundo. Aliás, o “casamento” entre Teixeira e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) já é um forte indício do posicionamento do cartola em resposta à Presidente da República. 

Quanto às reais chances do Morumbi se apresentar como sede da Copa das Confederações, o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, não sinalizou positivamente. Afirmou – com toda razão – não haver sentido em preparar outro estádio para receber o torneio em São Paulo. Se o Itaquerão não estará pronto a tempo, o azar é dos paulistas, que ficarão sem o evento. E azar do evento, que ficará sem São Paulo.

O imbróglio se desenrolará nos próximos dias e Ricardo Teixeira fará de tudo para incluir o Morumbi no planejamento da Fifa. Justo ele, que tanto “bateu a porta na cara” do São Paulo para a abertura da Copa do Mundo. Juvenal cruza os dedos.

E já dizia o brilhante escritor Plínio Marcos: “Não existe cartola bom. Se realmente fosse bom, não seria cartola”.

3 comentários:

  1. É... e acontece que os clubes no Brasil dependem de uma imagem, que corresponde à realidade do projeto da copa. No Rio os clubes aparecem bem, em um Estado em que o processo de reforma do Maracanã passa por debates, protestos sindicalistas e decisões judiciais. já em São Paulo só o Corinthians aparece em progresso, já que enfim terá estádio, e um presidente com apoios. o Santos apresenta seus astros para por no palco da bola. O Palmeiras é quem está sobrando...

    A contradição fica em Minas, com um projeto mais bem elaborado pra copa, contrariamente à má fase de Cruzeiro e Atlético

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  2. O que aconteceu é que um clube de futebol sempre irá atrás da melhor opção.

    O São Paulo nunca negou o estádio para a FIFA e CBF. O clube continua alegando que o estádio estará pronto para a Copa do Mundo e caso a cidade queira usá-lo, ele estará a disposição.

    Com certeza é um jogo de interesses, mas JJ olha sim em benefício do clube. É dinheiro e exposição da marca.Qual cartola não pensaria assim? Está muito longe de existir uma amizade e aliança entre JJ e RT. O SPFC foi abandonado nessa briga política e foi trucidado pela CBF. PT, PSDB, ninguém fez nada pelo clube.

    Continuo frisando, o SP nunca tirou o Morumbi como opção.Jerome Valcke já vetou o estádio. Isso não passa de insinuação do Del Nero, e outra, se você não fosse cartola, você não gostaria de ver o seu estádio reformado nas competições mais importantes do planeta?! rs..

    Abraço Fezão!

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  3. Bruno, o Juvenal e o SPFC são os menos errados nessa história. Mas mesmo assim, para quem tanto se posicionou contra a CBF nos últimos anos, a mudança repentina de "lado" rompe, mais uma vez, o estigma de "clube diferenciado". A verdade é que, quando tudo está bem e a CBF não tem nada a oferecer, é fácil dizer que a diretoria é exemplar.

    É como um casal que se separa, mas no primeiro aceno positivo de um dos lados, volta a dividir o edredom.

    No mundo pantanoso dos cartolas, JJ está dançando conforme a música. Mas que não venha com discursos moralistas depois.

    Abraço!

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