quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A renegada


Em agosto, o colunista Renan Fantinato fez uma breve análise sobre o início da Copa Sul-Americana. Três meses depois e perto do fim da competição, retomo o assunto e reitero a importância desta, tão subestimada pelos clubes brasileiros.

Foto: Divulgação
A irmã mais nova da Libertadores nasceu em 2002, também organizada pela CONMEBOL, para substituir as copas Mercosul e Merconorte. Porém, como os primeiros colocados no Campeonato Brasileiro se classificam para a irmã mais velha, a caçula sempre foi posta em segundo plano, como alternativa aos clubes que não conseguiram a tão almejada vaga na competição do primeiro semestre.

A pequena diferença de pontos entre os rebaixados e os últimos classificados para a Sul-Americana, o grande número de vagas e o calendário conflitante com a decisiva reta final do campeonato nacional são fatores que contribuem para a baixa motivação dos clubes que disputam a bela taça ao lado.

Por isso, em oito edições com participações de times brasileiros, apenas uma delas terminou com um deles campeão: o Internacional - invicto, por sinal - em 2008. O título e a festa por ele realizada levantaram as dúvidas: será que o cenário estaria mudando? A renegada competição passaria a ter a atenção que ela merece?

Felizmente, parece que sim. Em 2009 o Fluminense chegou à final contra a LDU, perdeu o jogo fora por 5x1 e precisava 'apenas' de um 4x0 em casa para conquistar o título. Porém, o máximo que o Tricolor Carioca conseguiu foi 3x0, terminando em segundo lugar com a cabeça erguida. Em 2010, quando o campeão passou a garantir uma vaga na Libertadores do ano seguinte, foi a vez do Goiás, que disputava o título com o Independiente. Os brasileiros venceram o primeiro jogo por 2x0 na Argentina, mas perderam em casa por 3x1. Como a regra dos gols fora não vale para a final, a decisão foi para os pênaltis, que terminaram favoráveis aos argentinos.

Nos respectivos anos em que chegaram à final, tanto Fluminense quanto Goiás estavam ameaçados pelo rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Os cariocas escaparam por um ponto, mas os goianos acabaram caindo. Não que um título continental substitua a permanência na primeira divisão, mas com certeza salvaria o ano de alguns times, reduzindo a cobrança da torcida. Imaginem só o Palmeiras de 2011, tão questionado no fim do ano, sendo campeão da competição - se possuísse time para tal.

Mas a história da Copa pode ter mudado mais ainda. Hoje, o Vasco, que luta pelo título nacional e já possui vaga na Libertadores do ano que vem - como campeão da Copa do Brasil - está firme e forte na briga pelo título sul-americano. A apenas um jogo da final, os cruzmaltinos podem ser campeões duas vezes em duas semanas, assim como têm chance de perder o Brasileiro para o Corinthians e depender da conquista da irmã caçula da Libertadores para salvar o segundo semestre.

Será difícil que ela atinja o mesmo prestígio da irmã mais velha, mas isso não tira o mérito de ver os clubes brasileiros passarem a dar a devida importância à antes renegada competição. Afinal, título é título, independente da situação de cada time ou campeonato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário