quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Pressão alta


Evidenciadas por uma parcela escassa da mídia, as acusações a Ricardo Teixeira parecem acionar os responsáveis diretos por alguma mudança no quadro do futebol brasileiro. Ao mesmo tempo em que isso acontece, a legitimidade de um espetáculo de imagem e patriotismo é assegurada por uma emissora que, se atacar o cartola ou qualquer assunto ligado ao Mundial de 2014, mina a audiência de suas transmissões.

O jogo de interesses é sempre comum no contexto em que o capital e a preocupação soberana com fins particulares prevalecem. Como consequência disso, a Rede Globo – detentora da maior audiência do país – pouco falará sobre corrupção, escândalos ou polêmicas que envolvam a organização do evento nos próximos anos. Afinal, algum valor com muitas casas de zeros está em jogo.

Entretanto, a exposição de Ricardo Teixeira, realizada nos últimos anos por BBC, ESPN, Lance! e até mesmo a Rede Record, direciona os rumos tomados pela Fifa a fim de influir diretamente na anulação de um império construído por ele diante da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Isso porque, em um dado momento, torna-se inaceitável a apatia dos cartolas perante as ações dessa parcela da mídia. É exatamente nesse cenário que as pressões sobre Ricardo Teixeira tornam-se mais eficazes, por partirem de quem atua no centro das decisões.
Preveem-se inimizades entre Ricardo Teixeira e Joseph Blatter.
 (Foto: espn.com.br)
O exemplo mais recente é o de Joseph Blatter, presidente da Fifa, que, em entrevista a um jornal alemão, criou atritos em sua relação com o cartola ao garantir que reabrirá o caso ISL, pelo qual Teixeira foi acusado de receber propinas. Além dele, é válido destacar o trabalho provocativo de Romário como deputado federal. Participante das decisões políticas do país, o baixinho continua levando à Câmara pontos cruciais e polêmicos na organização dos eventos esportivos que acontecerão no Brasil.

Para que decisões contundentes ocorram, é preciso que cada vez mais a mídia torne públicos os reais problemas que envolvem a Copa do Mundo e a direção do futebol no país. Com isso, tal como um efeito multiplicador, as discussões em torno do assunto tomarão as mídias sociais, as mesas de bar, a opinião pública, terminando por enfraquecer a “aristocratização” do futebol brasileiro.

@mandiml

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