Vasquíadas

por Gabriel Oliveira

As faces e os estandartes assinalados

Que da setentrional região carioca

Partiram homens para mares há tempos "negados"

Passando além daquele que o provoca

Em partidas e perigos esforçados

Mais do que prometia a força humana que evoca.

E entre torcedores edificaram

Nova esperança, que tanto sublimaram

E também as memórias gloriosas
Daquele Gomes, que chegou para acentuar
A Fé, o trabalho, e as emoções viciosas
De uma nação que busca o coração a cantar
E aqueles, que por obras valiosas,
Se valem do conhecimento e da experiência para conquistar
A encantada e gloriosa menção,
Que merece, sobre engenho e arte de Cristóvão.

Cessem dos paulistas e do augustiniano
As conquistas grandes que obtiveram
Calem-se de Muricy e do time praiano
A fama das vitórias que nesse ano fizeram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem São Januário e Deus obedeceram:
Cesse tudo o que o antigo canta,
Que outro valor se levanta.

Inclinai perante sua majestade

Que nesse tenro gesto vos contemplo,

Guerreiros que lutam pela dignidade.

Quando vais a campo, milhões sobem ao templo

Para orar pela sua garra e real benignidade

Que te faz, na disputa, o exemplo.

A partir dos teus feitos ostentosos

Dignifico sua campanha em versos numerosos.

Vasco da Gama, o forte capitão, 
Que a tamanhas empresas se oferece, 
De soberbo e de altivo coração, 
Feliz está com a homenagem que a equipe lhe concede, 
Dignificando seu nome além da Taprobana, com emoção. 
Na brasilidade carioca parece 
Que por todos adversários poderá passar 
Com garra, prudência, respeito e corações a zelar.

Partes competentemente navegando.
Quando, a ver a adversária nau sulamericana
Cantando vitórias e te desprezando,
Fazes emergir a força lusitana,
Que surpreende um vil que, por nobreza, continuaste respeitando.
Conquistaste vitória maiúscula sobre a delegação peruana.
A vitória veio, por ordem do Destino,
Por mais puro talento, seriedade e tino.


Torna-se vitoriosa a armada,
E com despojo da guerra e rica presa,
vai a seu prazer ganhando uma sobriedade nunca antes conquistada,
Que faz seus adversários rederem-se sem defesa.
A Estrela Solitária parecia verdadeiramente só, magoada,
Na raiva antiga mais que nunca acesa.
E vendo sem vingança tanto dano,
Tentou vencer, mas foi imobilizada, depois do segundo engano.

Ó Club de Regatas, vós tendes nascida segurança
Da brasileira ginga e competência.
Tens Dedé, o general de sua certíssima esperança
Que atua em sua defesa, com veemência.
Podem temer, pois ele não temerá qualquer lança.
Durante seu ataque, um deslize não será encarado com clemência
Dado que um rápido ataque saia dos pés do comandante
Para os pés daquele que regem a sinfonia harmônica obstante.

Em luzentes assentos, o torcedor é movido
Vereis o amor à pátria, eterno
Que sobreviveu à conquista do prêmio árduo e muito sofrido:
Que não é prêmio vil, mas conseqüência de irresponsabilidades do “paterno”
Que há tempos mancharam o nome engrandecido
Daqueles que não mereciam aquele inferno.
Mas hoje, julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo Rei, ou ser um membro de tua gente.

No mar, naquela época, tanta tormenta, e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta feitura aborrecida!
Onde pode acolher Eurico, um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme, e que viva seu contraveneno
Contra um bicho “homem” tão pequeno?


Esta gente marítima Luso-brasileira
Não pensa mais no demônio e se eleva, admirada,
Notando sua magnífica campanha artilheira.
Ah, Club de Regatas, de nobreza elevada,
Congratulá-lo vou pela recuperação, em pouco tempo, tão altaneira
Demonstrando sua cor, sua força, e a erigida armada;
E considerando tudo, digo com orgulho averbo
Se não fores campeões, guerreiros, já lutaram de modo soberbo!


P.S.: Esse texto dialoga com "Os Lusíadas" de Luís Vaz de Camões.


@01GHOL