domingo, 4 de dezembro de 2011

Azulão: do céu ao 'quase inferno'


Hoje é um dia especial para a cidade de São Caetano do Sul. A Associação Desportiva São Caetano completa 22 anos de existência. A cidade, que já tinha tido equipes como São Bento e Saad, demorou a ver um esquadrão realmente competitivo, como foi o Azulão. Com uma ascensão meteórica e uma queda brusca, a equipe do ABC figurou como uma das mais importantes do país na última década, mas por pouco não foi rebaixada à Série C do Brasileirão neste ano.

Fundado em quatro de dezembro de 1989, o São Caetano precisou de dez anos de vida para a primeira grande campanha. Na Série B de 1999, liderou a primeira fase, disputada em pontos corridos, com folga, mas caiu nas quartas-de-final diante do Santa Cruz.

Em 2000, disputou o Módulo Amarelo da Copa João Havelange, terminando com o vice-campeonato (perdeu a decisão para o Paraná), e garantindo, além da presença na Série A de 2001, o direito de disputar a fase final de 2000 com as grandes equipes do Brasil. Foi aí que o Azulão, de fato, despontou e deu início à série de três grandes vice-campeonatos, com a qual o São Caetano consolidou-se como uma nova força do futebol brasileiro.

Nas oitavas-de-final, enfrentou o Fluminense. Após empatar por 3 a 3 em casa, derrotou o Tricolor Carioca por 1 a 0, em um Maracanã com mais de 70 mil torcedores, com gol de Adhemar. Nas quartas, pegou o poderosíssimo Palmeiras, finalista das últimas duas Libertadores, e avançou. Nas semifinais, eliminou o Grêmio. Apenas o Vasco conseguiu parar o Azulão, na grande final, após um dos jogos ser anulado e remarcado para janeiro de 2001.

Em 2001, na fase de pontos corridos, o São Caetano liderou com folga e terminou o turno com 8 pontos de vantagem sobre o Atlético (PR), o segundo colocado. Eliminou o Bahia e o Atlético Mineiro, mas novamente foi derrotado na final, pelo Furacão.

Em 2002, o time conseguiu o grande feito de sua história. Disputando a Taça Libertadores da América, chegou à decisão, eliminando equipes como Universidad Católica, Peñarol e América do México. Foi derrotado pelo Olimpia, do Paraguai, e perdeu o título diante de um Pacaembu lotado.

Ascensão: o São Caetano surpreendeu o Brasil e a América.
O Azulão perdeu a Libertadores de 2002 para o Olimpia,
na disputa de pênaltis. (Foto: Folha)
Ainda em 2002, terminou a primeira fase do Brasileirão em sexto lugar, mas foi eliminado pelo Fluminense nas quartas. A sexta posição foi a pior colocação da equipe em seus quatro primeiros anos de Série A. Terminou aí o triênio 2000-2001-2002, que representou o auge da história do São Caetano.

Contudo, o time não caiu aí. Seguiu como um adversário forte e difícil de ser batido. No ano de 2003, com o primeiro Brasileirão disputado no sistema de pontos corridos, terminou na quarta posição. 

Em 2004, porém, começou a queda do Azulão. 

O começo do ano dava mostras de mais uma boa apresentação do time durante a temporada, coisa que já havia se tornado comum nos últimos anos. O título paulista ajudou a consolidar a equipe como uma força do estado de São Paulo e do Brasil, mas um fato trágico mudou a história do clube.

No dia 27 de outubro daquele ano, em uma partida contra o São Paulo, no Morumbi, o Azulão perdeu o rumo. O zagueiro Serginho, figura carimbada do clube, faleceu no gramado do Cícero Pompeu de Toledo, vítima de complicações cardíacas. O clube foi considerado culpado por negligência e perdeu 24 pontos, que tiraram a equipe da zona de classificação à Libertadores, colocando-o na 18ª posição. Mais que isso, o time de futebol compacto, marcador e forte nos contra-ataques simplesmente desapareceu. 

Em 2005, o time não se encontrou e por pouco não foi rebaixado. Em 2006, não houve escapatória.

Em 2007, o clube tentou se reerguer: foi vice-campeão Paulista, mas decepcionou na Série B. Na Segundona desde então, o São Caetano saiu do céu e por pouco não chegou ao inferno na Serie B deste ano: livrou-se do rebaixamento para a Série C na última rodada.

O São Caetano completa 22 anos de vida como uma incógnita. Um clube que decolou e atingiu o topo do futebol brasileiro rapidamente, mas que se viu desencontrado desde 2004, quando perdeu um ídolo e o rumo.

Não dá para negar que o São Caetano é um time emblemático e um dos principais clubes brasileiros da última década, conseguindo resultados que grandes equipes jamais conseguiram. Deu trabalho durante muito tempo, e foi temido por grandes adversários, inclusive os rivais regionais São Paulo, Corinthians, Palmeiras e Santos. Hoje na Série B, o Azulão e sua torcida sonham com o momento em que se transformará em fênix, para renascer das cinzas e voltar a brilhar no cenário nacional.

Esquema tático - São Caetano (2000-2002)
Para os amantes da tática, aqui vão os esquemas dos três esquadrões do Azulão vice campeões dos Brasileiros de 2000 e 2001 e da Libertadores de 2002, respectivamente. Nos três anos, o time era comandado por Jair Picerni.

O time de 2000 jogava no tradicional esquema 4-4-2. A defesa, consistente, era composta por Serginho, Daniel, Japinha e César, que depois foi para a Inter de Milão. No meio, os dois volantes, Claudecir e Esquerdinha, davam boa saída de bola à equipe. Adãozinho e Aílton armavam Wagner e o artilheiro Adhemar. Uma variação da formação tática ocorria quando Adãozinho e Esquerdinha eram reposicionados, compondo um meio-de-campo em losango, com Claudecir como primeiro volante e Adãozinho e Esquerdinha fazendo o papel de saída de jogo pela direita e pela esquerda, respectivamente, com Aílton mais avançado e encarregado da armação.

  
Em 2001, a versatilidade era a marca da equipe. Serginho passou a atuar como volante de marcação junto com Simão, contendo os avanços dos laterais, enquanto Esquerdinha foi avançado para a posição de segundo volante. Adãozinho armava o time pela direita. Pela esquerda, Anaílson atuava como meia-atacante e municiava o centroavante Magrão. Jair Picerni, porém, podia alterar a formação, trocando um meia por Müller, campeão mundial com o São Paulo, e mudando para o 4-4-2 tradicional. Ainda havia a possibilidade do 3-5-2, com Serginho sendo recuado para a zaga, e Mancini e Marcos Paulo atuando como alas.


Em 2002, esse foi o time que decidiu a Libertadores contra o Olimpia. A defesa seguiu bem composta e com a proteção de dois laterais menos ofensivos que eram Mancini e Marcos Paulo. Além deles, Marcos Senna, atualmente no Villareal e com convocações para a Seleção Espanhola, fazia o papel de primeiro volante. Adãozinho e Robert saíam para o jogo e municiavam o trio ofensivo, composto pelo meia Aílton e pelos atacantes Anaílson e Somália.


Um comentário:

  1. A perda de pontos do São Caetano foi uma das maiores sacanagens da história do futebol brasileiro...

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